Cruzeiro-Regata Porto Alegre-Rio Grande - Bicentenário Almirante Tamandaré
O Mais Longo Evento Náutico do Hemisfério Sul em água doce

 

ARO
Mineração

 

"Você quer que eu o reboque?"
O espírito marinheiro, na prática
Danilo Chagas Ribeiro


Lagoa dos Patos, Canal da Feitoria, 38 milhas náuticas ao norte de Rio Grande. Tarde de sábado, 25 de março de 2007. Vento de 11 nós, 155º. O veleiro Carumbé, um Tchê17, havia bravamente cruzado a linha de chegada orçando na extremidade norte do Canal da Feitoria. Era o menor veleiro do Cruzeiro-Regata Porto Alegre - Rio Grande e continuava velejando pelo canal. O Comandante José Antônio Echeverria tinha ainda algo como 10 horas de água pela frente quando indagou pelo VHF sobre as condições de chegada em Rio Grande à noite. Não havia mais condições do Carumbé chegar de dia ao Rio Grande Yacht Club e as regras do evento proibiam navegar à noite na Feitoria devido ao alto risco do trecho. A orientação que dei pelo rádio foi arribar para Pelotas. Fiquei aborrecido por não poder ter apresentado solução melhor. Eu estava na cabine do catamarã Charlie Bravo V , de 43 pés, fixando o microfone do rádio quando o Comandante Paulo Hennig me perguntou:

- Você quer que eu o reboque?

A pergunta, na verdade, foi uma cortesia que me fez. Me deu o prazer de tomar a honrosa decisão de rebocar o Carumbé.
Este é o Paulo Hennig!!!

Paulo (à esquerda na foto ao lado) decidiu navegar 40 milhas em velocidade reduzida para fazer uma gentileza ao velejador desconhecido que vinha a quase uma milha atrás de nós.

E imediatamente ordenou à tripulação, bem no estilo dele:
Baixar os paaaaanos!
Ligar o motooooor!

Todo o navegante é obrigado a prestar socorro a uma embarcação em perigo, mas não era o caso. O Comandante Paulo Hennig rebocou o Carumbé por camaradagem, pelo espírito marinheiro, por ser um cavalheiro.

Enquanto o Carumbé estava sendo rebocado, Carla Aaron, a Imediata do Charlie Bravo V , enviou latas de cerveja, refrigerantes e salgadinhos pelo cabo de reboque. Mais um bonito gesto no mesmo tom do comandante, no estilo Charlie Bravo V .

No domingo pela manhã o comandante Echeverria (foto ao lado) estava muito cansado. Ele e seu proeiro haviam passado 50 horas embarcados no exígüo veleiro de 17 pés. Tinham feito uma jornada muito além do usual para aquele pequeno barco. E assim resolveram voltar de Rio Grande para Porto Alegre, sem esperar pela festa.

Mas antes de ir embora, o Comandante José Antonio foi até o Charlie Bravo V , atracado no RGYC, e agradeceu a gentileza do Comte Paulo Hennig, presenteando-lhe com uma garrafa de um prestigiado champagne.

É assim que se navega!

São atitudes como essas que compensam o esforço de realizar algo. Não há preço que pague estar perto de gente assim e poder participar de situações que unem pessoas de excelente qualidade, gente educada, de bem com a vida. São essas pessoas que fazem a diferença na vida da gente.
Ao Paulo Hennig e ao José Antonio Echeverria, parabéns pela bela demonstração do espírito marinheiro!

Na festa de premiação, o Comandante Paulo Hennig foi agraciado com o Prêmio Solidariedade, pelo seu gesto exemplar. O Comandante José Antonio Echeverria foi agraciado com o Prêmio Coragem, por ter enfrentado a Lagoa dos Patos em um 17pés. O Comandante Silvio P. Telles, do Halifax, que rebocou o Goofy, e o Comandante Dieter Brack, que participou com o 22pés Garoa, também foram homenageados.

O Carumbé nas proximidades do "paliteiro" do Canal da Feitoria - perigo à noite.

 

Preparando para rebocar

 

 


Paulo F. da Silveira

 

Charlie Bravo V

 

A maior e a menor embarcação participantes do evento: o navio Comte Varella e o Carumbé.

Antonio Joaquim Machado

 

O Halifax rebocando o Goofy no Canal da Feitoria

 

Dieter e Maxi a bordo do Garoa

André Regner


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