Cruzeiro-Regata Porto Alegre-Rio Grande - Bicentenário Almirante Tamandaré
O Mais Longo Evento Náutico do Hemisfério Sul em água doce

O Velho Marinheiro
Alm Tamandaré, patrono da Marinha

Em 20 de março de 1.897 faleceu no Rio de Janeiro, Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré. Ou "O Velho Marinheiro", como ele mandou escrever em seu túmulo. Hoje portanto, faz 110 anos da sua morte.

E como o Alm. Tamandaré nasceu em 13 de dezembro de 1807, neste ano de 2007 comemora-se o bicentenário do nascimento do riograndino que veio ser o Patrono da Marinha do Brasil.

Aí vai uma pequena homenagem do Popa.com.br, do Rio Grande Yacht Club, do Veleiros do Sul, e de todos os colaboradores, patrocinadores e participantes do Cruzeiro-Regata Porto Alegre-Rio Grande, com o "Cisne Branco", o Hino da Marinha, apresentado em mp3. Segue mais abaixo um belo artigo sobre o Alm. Tamandaré.

 


Ouça o "Cisne Branco"

Cisne Branco
(Música e Letra:
Antonino M. do Espírito Santo e
Capitão-Tenente Francisco Dias Ribeiro)

Qual cisne branco que em noite de lua
Vai deslizando no lago azul
O meu navio também flutua
Nos verdes mares de norte a sul

Linda galera que em noite apagada
Vai navegando no mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso

/Quanta alegria nos traz a volta
À nossa Pátria do coração
Dada por finda nossa derrota
Temos cumprido nossa missão

Linda galera que em noite apagada
Vai navegando no mar imenso
Nos traz saudades da terra amada
Da Pátria minha em que tanto penso/

Qual linda garça que aí vai cortando os ares
Vai navegando sob um belo céu de anil
Minha galera também vai cortando os mares
Os verdes mares, os mares verdes do Brasil

__________________________________________________________________________________

Almirante Marquês de Tamandaré, nosso querido "velho marinheiro"

O ilustre brasileiro almirante Joaquim Marques Lisboa, visconde e marquês de Tamandaré, nasceu na cidade do Rio Grande em 13 de dezembro de 1807 e faleceu em 20 de março de 1897, no Rio de Janeiro. O Marquês de Tamandaré foi membro do Conselho Naval Superior e Ministro do Supremo Tribunal Militar. É patrono da Marinha do Brasil e participou de inúmeras lutas internas e das campanhas contra o Paraguai, Uruguai e Confederação do Equador. Etimologicamente o termo "Tamandaré" se originou da língua Tupi, "tamanda-ré", depois da volta, existindo outra versão; "t" -amanari, o que veio depois da chuva (o mesmo que Noé da lenda do dilúvio entre os povos indígenas).

Ingressou na Marinha aos 16 anos, travando os primeiros combates na Baia de Todos os Santos. Participou da Esquadra na Baia de Todos os Santos, ltaparica e Recôncavo em 1824. Seguiu depois para as duas malogradas expedições da Patagônia, sendo aprisionado pelos argentinos. Porém, conseguiu se libertar do navio em que se encontravam juntamente com os seus companheiros. Voltando à atividade, naufragou a fragata “Maceió”, conseguindo contudo se salvar e logo depois, comandando a mesma “Bela Maria”, durante a batalha dos Baixios de Arequi, obrigou o comandante do navio argentino “Oito de Fevereiro” a render-se. Foi promovido na Europa a chefe da Comissão Naval Brasileira, fiscalizando a construção de um grupo de canhoneiras.

De regresso ao Brasil foi nomeado comandante da Esquadra que se encontrava em operações contra o Uruguai, tendo assistido à tomada de Paissandu. Lutou também na Guerra do Paraguai, tendo seu Quartel General instalado na Corveta Niterói. Retornando ao Rio de Janeiro, foi promovido a almirante. Após o término da Guerra do Paraguai, Tamandaré foi convidado a ocupar importantes cargos oficiais. Com o advento da República, terminou a sua vida pública. Escrevera uma longa lista de serviços prestados à Pátria, um mais relevante do que o outro.

Lamenta-se que ao nobre, heróico, valoroso e intimorato almirante não tenha sido conferida a elevação de Duque, dignidade que lhe era mais que devida, e merecida, para culminar a sua notável carreira na Marinha Imperial do Brasil.
De portos em portos navegam os marinheiros. Um código de honra estabelece um laço de amizade entre os homens do mar. É tradição entre eles a ajuda mútua, troca de gentilezas e a fraternidade. O Marquês de Tamandaré deixou registrada sua homenagem à Marinha, em testamento. Ao morrer, em 20 de março de 1897, Tamandaré deixou um testamento que até hoje emociona os integrantes da Marinha que o lêem. Nele expressou o seu último pedido: “Como homenagem à Marinha, minha dileta carreira, em que tive a fortuna de servir à minha Pátria e prestar alguns serviços à humanidade, peço que sobre a pedra que cobrir minha sepultura se escreva: Aqui jaz o Velho Marinheiro”.

O patrono transformou seu conciso testamento numa ode à "fé, à esperança e à caridade que procurei conservar sempre como timbre de meus sentimentos", conforme afirma no documento. Na verdade, ao dispor suas últimas vontades, o "Velho Marinheiro" acabou estabelecendo um rol de princípios admiráveis, dos quais ninguém, poderoso ou não, deveria se apartar. Por exemplo, embora cultuado pela Pátria como um dos seus mais diletos filhos e principais heróis, demonstrou a própria humildade ao exigir que, morto, fosse "vestido somente com camisa e ceroula e coberto com um lençol, metido em um caixão forrado de baeta, tendo uma cruz da mesma fazenda, branca, e sobre ela colocada a âncora verde que me ofereceu a Escola Naval em 13 de dezembro de 1892". Foram as palavras do testamento do velho guerreiro.

Além de vedar a deposição de "coroas, flores nem enfeites de qualquer espécie" sobre o caixão, Tamandaré escreveu: "Exijo mais que meu corpo seja conduzido em carrocinha de última classe, enterrado em sepultura rasa, até poder ser exumado, e meus ossos colocados com os de meus pais, irmãos e parentes, no jazigo da família Marques Lisboa". Mas o documento extrapola os limites da humildade para desnudar preocupações sociais daquele que é um dos maiores vultos de nossa História. Nele, Tamandaré externa sua repulsa pela escravidão.

Deixa patente o respeito que devotava aos ex-escravos e à sua libertadora, a Princesa Isabel. Como testador, escreveu:
“Exijo que se não façam anúncios nem convites para o enterro de meus restos mortais que desejo sejam conduzidos de casa ao carro e deste à cova por meus irmãos em Jesus, o Cristo, que hajam obtido o foro de cidadãos pela Lei de 13 de Maio. Isso prescrevo como prova de consideração a essa classe de cidadãos, em reparação à falta de atenção que com eles se teve pelo que sofreram durante o estado de escravidão; e reverente homenagem à grande Isabel Redentora, benemérita da Pátria e da humildade, que se imortalizou, libertando-os”. É a beleza das palavras de Tamandaré, no seu escrito. (discurso do senador Romeu Tuma)

Por não ter sido encontrado, à época, esse precioso documento, o último desejo do Patrono da Marinha só foi atendido em 17 de dezembro de 1994. Nessa data, os seus restos mortais foram depositados no panteão erguido em sua homenagem, na cidade em que nasceu, Rio Grande, após terem sido transportados do Rio de Janeiro, pela Fragata “Niterói”. A fragata tem o mesmo nome daquele navio em que Tamandaré embarcou, pela primeira vez, como voluntário da Armada. Em 2003, entrou para o Livro dos Heróis da Pátria, honraria que lhe foi concedida por iniciativa do Congresso Nacional.

O mais lídimo representante da Marinha Brasileira, Tamandaré, já desde moço, demonstrou seu caráter forjado para as lides da vida no mar. Quando no início da Guerra da Tríplice Aliança, organizou a Esquadra para o combate, tornando-a coesa, disciplinada e operacional, sob a sua chefia esclarecida e heróica – era o poder naval ofensivo a serviço dos objetivos nacionais. Quando da Batalha do Riachuelo, a experiência e o aguerrimento dos adversários de nada valeram contra as Forças Navais Brasileiras, que os derrotaram em toda a linha, realizando prodígios de abnegação e bravura que tanto honram a História do Brasil.

Seu pai, o capitão de Milícias Francisco Marques Lisboa, foi nomeado em 1808 para o cargo de "Patrão-Mor" do Porto do Rio Grande, com o posto de tenente honorário da Marinha. Assim, o pequeno Joaquim, que era o décimo filho, passou toda a sua infância entre a gente do mar, ouvindo as narrativas de longas viagens, de perigos terríveis, de grandes tempestades e ferozes batalhas. Sendo o Porto do Rio Grande, na época, o mais movimentado do Sul do Brasil, o menino logo se familiarizou com todos os tipos de barcos, mercantes ou de guerra. E assim desabrochou, naturalmente, a mais bela vocação naval jamais surgida em nossa Pátria.

De porte atlético, no vigor de seus dezesseis anos, Marques Lisboa apreciava a vida ao ar livre, dedicando as horas de lazer à natação, prática em que se tornou exímio. Nessa idade, apesar de não ter ascendência nobre, requisito necessário na ocasião, ingressou na Armada Nacional Imperial, como voluntário. Da primeira função, como praticante de piloto a bordo da fragata "Niterói", principiaram seus sucessos nas lutas pela consolidação da Independência, e as acentuadas qualidades de coragem pessoal, dedicação e inteligência.

Idealista e íntegro, em muitas oportunidades abriu mão de recompensas materiais e pecuniárias para beneficiar pessoas carentes, e a própria Marinha. Aos acenos da vida política, que lhe seria facilitada graças à fama e ao reconhecimento do povo, respondia que "era apenas um marinheiro, e outra coisa não queria ser". Com generosidade e altruísmo, renúncias e sacrifícios, coragem e amor, edificou Joaquim Marques Lisboa uma existência de êxitos em prol do povo e da Pátria. Acima dos títulos e honrarias que não o faziam mais orgulhoso do que a simples consciência do dever cumprido, acumulou a estima e a solidariedade de todos quantos o cercaram. Era popularmente conhecido como "Almirante Tamandaré", e comprazia-se ao omitirem-lhe, carinhosamente, o alto grau nobiliárquico de Marquês. Em cerca de 75 anos de carreira, Tamandaré foi admirado não apenas por seus feitos navais, mas pelo seu caráter firme, pelo devotamento à profissão e pela probidade em seus atos públicos e particulares. Por isso, recebe tantas homenagens, nos mais diferentes locais do Brasil, imortalizando-o na história desse país.
Como curiosidade a cerca desta notável pessoa podemos destacar uma de suas diversões que era competir, em natação com os habitantes do lugar ou marinheiros e pescar jacarés à unha. Gustavo Barroso pode dizer com razão: “A tríplice aliança deveu tanto a Tamandaré como a Osório e Caxias”. No dia 20 de março de 1897, na cidade do Rio de Janeiro, faleceu o herói dos mares.

Faço esta singela homenagem como rio-grandina, que tem a honra de ver e reverenciar todos os dias o monumento original do "velho marinheiro", na Praça Tamandaré. Durante meus 52 anos, inúmeras vezes olhei para sua imagem em bronze (e sinto que ele me olha, com um olhar bondoso e zeloso de avô). Sempre voltado para minha antiga residência, hoje loja Empório da Terra, não tenho dúvidas que me protege com seu canhão e me dá segurança com sua âncora.
Parabéns querido vovô, pelos seus 200 anos. Parabéns a todos nós rio-grandinos e à Marinha Brasileira.

Naida Gralha
(Publicado no jornal Agora, de Rio Grande)

 

 

Iniciativa - Marinha do Brasil
Realização - Popa.com.br
Autoridade Organizadora - Rio Grande Yacht Club
Apoio - Veleiros do Sul

 

 

Comentários: info@popa.com.br

 

 

 

 

 

 

WebSTAT - Free Web Statistics