Das Ilhas Baleares, no Mediterrâneo, até Saint Marten, no Caribe
(De Outubro a Dezembro de 2000)
O diário, as histórias e os versos do Comandante Aderbal Torres de Amorim
Direitos autorais doados ao Asilo Padre Cacique

 


Quatro Mil Milhas Além
Uma travessia, o Homem e o Mar
Aderbal Torres de Amorim
(2º capítulo)

O MEDITERRÂNEO: DAS ILHAS BALEARES AO ESTREITO DE GIBRALTAR

Via Madrid, cheguei a Majorca no dia 12 de outubro, quinta-feira. Uma semana antes, recebera um telefonema de Burlington, Vermont, nos Estados Unidos. Era o Tatu. Convidava-me para uma travessia, de Palma de Majorca a Sint Marteen, no Mar do Caribe.

Minha resposta só poderia ser uma: em que dia deveria estar lá? Afinal de contas, não é verdade que estamos sempre a não mais de 24 horas de qualquer lugar do mundo? Não é verdade que a irremediável sedução do Mar é mais forte do que a nossa própria vontade? E será racíocinio caótico que também é líquido amniótico a água do Mar salgado? Dele, um dia viemos. Para ele, a todo instante queremos voltar. Ele é o útero que nos acolhe.

Muito embora a travessia propriamente dita se iniciasse em Gibraltar, o trecho do Mediterrâneo, que se prenunciava o mais fácil, inesperadamente, foi bem desconfortável. O que pensávamos deveria ser uma só perna Majorca-Gibraltar, em verdade envolveu stops ao largo de Ibiza e em Denia. Ocorre que o vento era oeste - bem de proa, pois - e decididamente catamarã não anda no contravento. Bate muito, joga tudo o que pode e não vai em frente.

Penso como os franceses: barco a vela não foi feito para andar em contravento; se os navegantes da velha Gália encontram vento de proa, simplesmente arribam, viram de popa e nem estão aí para a perda de tempo que isto vai impor. Mas os franceses é que são assim…

Já estivera em Majorca seis anos antes, durante a 13ª Copa do Rei. Naquela ocasião, juntamente com o Sergio Neuman, a Caroline, a Cristiane e o Norton Aertz, fomos buscar, em Cap d’Age, no Golfo de Lion, costa francesa do Mediterrâneo, um barco alugado pelo Serjão que correria a famosa regata com o nome do Madrugada. No final da regata, o Alexandre Rosa, o Guilherme Roth, o Manfredinho Frolicke e eu, antes de levarmos o barco de volta para a França, tomamos todo o champagne que havia em Palma: era aniversário do Manfredão.

De lá para cá, passados apenas seis anos, é impressionante a verdadeira explosão urbana ocorrida naquela ilha. Como lá se diz, os europeus - principalmente os alemães - invadiram aquela extensão do território espanhol, para ali levando seu dinheiro, sua gana de viajar, seu gosto de veranear e evidentemente o intento de bem aplicar seu rico dinheirinho. Que, aliás, não é pouco, como pude constatar. O trânsito tornou-se mais intenso, as ruas cheias de gente, o barulho tomou conta de tudo, a tal ponto que quase não saímos enquanto lá permanecemos. O Tatu, por exemplo, nem mesmo quis conhecer as estupendas Cuevas de Drac, que eu visitara na vez anterior.

Em Palma de Majorca se assiste, com traços bem vivos, justamente pela inexistência de qualquer vínculo entre as pessoas, o desaparecimento do antigo e identificador conceito de vizinhança, a consciência de pertencer. Nota-se que, ali, a modernidade tomou conta de tudo.

Se é verdade que ainda existem vestígios históricos do que foi a ilha na idade média e até na pré-história, não é verdade menor que os enormes conglomerados humanos, empilhados, têm destruído grande parte desta mitológica terra. E isso, tudo indica, é um caminho sem volta…

Por ali passaram otomanos, árabes, romanos e outros conquistadores. Marcaram a ferro e fogo sua presença, deixando traços de suas culturas. No interior da ilha, longe da fúria urbanizadora que busca a região costeira para expandir-se, ainda existem pequenos povoados de tempos imemoriais, que antes visitei. Mas a ilha, como um todo, agora abriga milhões de habitantes. Falam em milhões, mas ninguém sabe ao certo quantos são.

Quando se pensa que na metade do século XVIII - e, em termos históricos, isso foi ontem - só havia, em todo o mundo, três cidades com mais de um milhão de habitantes - Cantão, Londres e Constantinopla, hoje Istambul -, é difícil admitir-se que existam no mundo atual cerca de sessenta cidades com mais de cinco milhões de habitantes. Destas, nada menos do que quarenta e cinco situam-se no denominado terceiro mundo. E as condições em que ali se vive, sabe-se quais são.

Hoje, nada menos do que um terço da população mundial vive em cidades com mais de cem mil habitantes. É a massificação do urbanismo em irreversível marcha.

É patético que as urbes sempre cresceram num ritmo mais rápido do que as pequenas localidades interioranas. Nos Estados Unidos da América do Norte, onde a estatística sempre foi moda, as cidades com mais de oito mil habitantes cresceram, no século passado, cinco vezes mais depressa do que o país como um todo. A partir do fim do século XIX, os primeiros edifícios de concreto armado começaram a ser erguidos. Menos de meio século depois, com a construção de prédios a partir de armações de aço, iniciou-se a era dos denominados arranha-céus (skyscrapers).

Fora instalado na Torre Eiffel, e plenamente aprovado, o moderníssimo elevador hidráulico. E já estando em testes o elevador impulsionado por energia elétrica, o primeiro grande edifício brotou do chão, em Chicago, ainda antes do século XX. Poucos anos depois, com a imensa valorização imobiliária urbana ali operada, Nova York viu nascer seu primeiro arranha-céu. E apenas decorrido mais um lustro, mais de trinta novas edificações do gênero foram erguidas naquela metrópole. Acabava de se instalar a cultura do apartamento que, rapidamente, espalhou-se pelo mundo inteiro.

Se os edifícios em concreto tinham limitações de altura e deveriam ser construídos no sistema piramidal - o tope bem mais estreito que a base -, agora eles se apresentam, de alto a baixo, com a mesma área horizontal ocupada. Com isso, as paredes perderam a função de sustentação e passaram a ser meros abrigos em favor da privacidade e em defesa contra a intempérie. Não mais integram os prédios como sustentação estrutural.

Ninguém segura o progresso. Viver na grande cidade propicia felicidade. E é o que todos buscam: proximidade com os meios de comunicação, acesso ao estudo e à cultura, possibilidades de trabalho, melhores ganhos, mais segurança social. Enfim, conforto.

Enquanto isso, as populações abonadas fazem a viagem inversa: saem dos aglomerados urbanos e vão viver nas cercanias das grandes cidades. Não suportam mais a poluição do barulho, da fumaça, dos congestionamentos dos veículos, das multidões. Os países restantes, de um modo geral, outra vez seguem o modelo: os que podem, fogem dos grandes centros.

E é assim que está Palma de Majorca: belíssima e irrespirável. Irreversivelmente. Todos foram para lá porque era longe da cidade. E o que era rural virou um monstro urbano.

(Cada vez mais, os paraísos terrestres ficam distantes. Veja-se o caso da antes paradisíaca Bombinhas, em Santa Catarina, um dos mais belos lugares que conheci. Hoje, durante a temporada, quem não chegar à praia antes das dez horas da manhã simplesmente não encontra, sequer, lugar para sentar-se na areia! E as altas edificações já tomaram conta de tudo. Por lá, na temporada de verão, não passo mais. Nem de barco).

Ficamos em Palma de Majorca até a semana seguinte, durante a qual aguardamos um conserto no balão e uma peça do mastro que fora encomendada na França. Aproveitei o tempo para ler, correr, fazer ginástica, comer e dormir. Que remédio!

Nesses dias de plácido ócio, li um livro que todas as pessoas civilizadas deveriam ler: Mutant Message Down Under - A Woman’s Journey into Dreamtime Australia. Nele, a médica e escritora Marlo Morgan descreve sua “mystical journey” com os aborígenes australianos.

Este antiquíssimo povo encontra-se em fase de auto-extinção por julgar que já não há lugar para ele no mundo dito civilizado. E pelo que me foi dado a ver quando visitei, recentemente, aquele belíssimo país, creio que a decisão procede. Os lobos dos homens, os próprios homens, invadiram aquelas terras, roubando-as dos aborígenes como, ao longo da história, o fizeram os conquistadores em geral. Mais modernamente, sob a mais sofisticada forma de conquista: a dominação econômica.

A anterior escravização e a atual discriminação contra os aborígenes são hoje mascaradas por um tardio arrependimento. No entanto, isso em nada melhora a situação daquela pobre gente, considerada os mais antigos habitantes do planeta. Nem mesmo entregando a uma aborígene a suprema honra de incendiar a chama olímpica dos Jogos de Sydney do ano 2.000, consegue-se disfarçar a repugnante discriminação que os nativos da terra ainda sofrem e que testemunhei com meus próprios olhos. O homem branco sente-se ainda “superior”…

Fenômeno idêntico nos aguarda nos próximos dias, quando aportarmos nas Canárias, onde os guanches foram quase exterminados pelo “civilizador”. Este, ao chegar lá, surpreendeu-se não só com a existência daquele povo naquelas remotas ilhas, mas também com os padrões éticos, religiosos e sociais dentro dos quais os selvagens viviam.

Do outro lado do Mar Oceano, no final da jornada, no Caribe, presenciaremos, ainda uma vez, a patética situação dos negros, arrancados à mãe África e levados para o cativeiro a fim de fazerem a riqueza dos donos de imensos canaviais, ainda hoje existentes. O homem é o lobo do homem. Não o tempo.

Quinta-feira, 19 de outubro.

Rumo a Gibraltar, saímos às 16h de quarta-feira. A noite foi toda de contravento. Mar duro. Estávamos desconfiados do tal catamarã. Nenhum de nós havia antes navegado em barco desse tipo, que mais parecia um cavalo xucro: pula, dá solavancos e não anda para a frente.

Às 05h 30min da manhã desistimos: arribamos para a Ilha Conejera, ao lado de Ibiza, onde, na posição N 38.59.05 e E 001.12.67, largamos ferro para podermos tirar uma pestana. Mais tarde, fomos dar uma banda na pequena ilha, lindíssima, selvagem, completamente desabitada.

Tentamos outra vez, mas o Mar não estava para peixe. Buscamos o continente, arribando até o Porto de Denia, na costa continental espanhola, na posição N 38.50.8 e E 000.07.6. Ali pernoitamos. Recebemos a visita do guarda da Marina, o Hamed, ex-jogador de futebol, que nos fez uma interminável pregação acerca do islamismo. Ele é marroquino e, portanto, muçulmano. O discurso foi tamanho e tão empolgado que quase me converti…

Nessa mesma noite, telefonei para a Magra, cumprimentando-a pelo aniversário. Ela estava no Le Bistrot com a turma veleira, comemorando a data. Só imagino que festão! Mas aposto que não foi melhor do que o do ano passado. Pelo menos eu estava lá…O do ano que vem, festejarmos no A Taberna, do Mauro Panitz.

Em Denia, haveríamos de aguardar até que melhores condições de Mar permitissem prosseguir. Ao contrário do que se ouve aqui e ali, nem sempre é fácil velejar no Mediterrâneo. Ele tem peculiaridades muito próprias; vêzes sem conta, têm surpreendido navegadores desprevenidos que saem por aí sem conhecimento do que podem encontrar pela frente.

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Para quem navega pelo Mediterâneo, o primeiro importante aspecto a ser considerado é o de suas correntes. Em nosso caso, por exemplo, próximo ao Estreito de Gibraltar, nos defrontamos com correntadas muito velozes que dificultam a progressão no rumo oeste. O mesmo ocorre nos Estreitos de Bósforo e Dardanelos em que há fortes correntes em virtude de influências do Mar Negro e do Mar Egeu, respectivamente.

Ditas correntes decorrem do fato de que os rios que desembocam no Mediterrâneo despejam água em quantidade bem menor do que a por ele evaporada ao longo de sua extensa superfície. Essa diferença de volume d’água é compensada pelo Oceano Atlântico, que joga suas águas dentro do Mediterrâneo precisamente pelo Estreito de Gibraltar. E essa descarga líquida gera, obviamente, enormes fluxos d’água que correm, assim, de oeste para leste, ao longo da parte norte da bacia ocidental.

Outro fenômeno, ou melhor, fenômenos bem típicos do Mediterrâneo são os seus ventos que, por vezes, se mostram fortíssimos, levantando ondas tão grandes quanto as dos Oceanos propriamente ditos. Muito embora o clima seja geralmente ameno, com a maioria dos ventos fortes e das chuvas ocorrendo no seu curto inverno, quando estes aparecem, fazem-no com marcante força. Entretanto, toda a região está livre dos famosos tropical storms que, com diferentes denominações, assolam várias regiões do planeta. No Mediterrâneo, não há furacões, tufões e outras tragédias dessa ordem. Apenas ventos muitíssimo fortes, como tive ocasião de algumas vezes experimentar.

Constituindo-se geograficamente de duas profundas bacias bem definidas, o Mediterrâneo ocidental vai de Gibraltar até a cadeia de montanhas submersas (ridges) que liga Europa e África, através da Itália, Sicília, Malta e Tunísia. E a metade oriental começa aí e vai até o denominado oriente-médio, a saber, as costas da Turquia, Síria, Líbano, Israel e Egito.

No verão, a bacia ocidental recebe a alta pressão do Atlântico norte, que nasce próximo ao Arquipélago dos Açores. A sua vez, a bacia oriental sofre influência da baixa pressão que se origina do fenômeno das monções, muito comuns no Oceano Índico. O resultado é que todo o sistema climático mediterrânico corre de oeste para leste, isto é, da região de alta pressão para a de baixa pressão.

Disso tudo, em combinação com a influência da massa de terra do continente europeu, resulta que os ventos predominantes na bacia ocidental são noroeste, os do Mar Egeu são de norte e os da bacia oriental tendem a ser de nordeste. Já experimentei todos eles em diferentes ocasiões e as experiências não foram totalmente agradáveis.

Além dessas predominâncias genéricas, há no Mediterâneo diversos tipos de ventos ainda mais definidos, que variam conforme a região em que se localizam, como o Mistral, o Sirocco, o Levante, o Meltemi. O Sirocco, por exemplo, com o qual já naveguei na costa sul da França, parte da África, atravessa o Mediterrâneo de sul para norte, e faz com que a areia do Deserto do Saara, que carrega consigo, transponha os Alpes e alcance a Bélgica, do outro lado da cadeia montanhosa centro-européia.

São, todos eles, ventos que em certas épocas do ano sopram com intensidade muito forte e precisam ser tomados em consideração para quem navega por suas proximidades. Este é o papel do navegador consciente: inteirar-se dessas circunstâncias.

Na região próxima a Gibraltar, bacia ocidental, portanto, aos ventos de oeste-noroeste adiciona-se a grande corrente resultante da antes referida descarga d’água do Atlântico. Isso torna a navegada muito dura para quem demanda o oeste: é vento na cara somado à corrente contrária. Tal é o nosso caso agora.

Sexta-feira, 20 de outubro

O vento parou. Levantei bem cedo e aproveitei para correr pelos belos trapiches da Marina em que atracáramos. Recém inaugurada, tem capacidade para quinhentos barcos, muito embora a cidadezinha de Denia, ali perto, não tenha mais do que quinze ou vinte mil habitantes.

Às 09h, saímos. Passamos pelo través de Villajoyosa às 14h, e na madrugada de sábado alcançamos Cartagena. Nosso rumo magnético é 228 graus e andamos a 6,6 nós de velocidade. Está frio e uma chuva miúda aos poucos se vai transformando em espessa cerração. São os famosos nevoeiros mediterrâneos que se tornam cada vez mais densos até Gibraltar. Ao alvorecer, o vento retorna forte. Como é bem de proa, nossa velocidade reduz-se para 04 nós. Por isso, temos que arribar 20 graus para bombordo (rumando, pois, em 208). A velocidade melhora 01 nó. O Tatu me brinda com uma maravilhosa panqueca, feita na hora, que me acompanhará no quarto que se inicia. Marinheiro mal alimentado é forte candidato a enjôos.

Ao meio-dia, cai o vento, sempre temperamental, e retornamos, então, para o rumo original de 228. Às 19h, a 119 milhas de Gibraltar, passamos a avistar campos e mais campos, com suas coberturas completamente brancas. São estufas para produção de alimentos. Apesar do solo predominantemente seco, é rica a agricultura da Espanha.

Domingo, 22 de outubro.

A previsão é ainda de vento frontal e com a indesejada velocidade de 30 nós. Não pode ser pior. No entanto, para sorte de todos, a previsão “furou” e apenas fez-se presente uma grande chuvarada. E nada mais que isso; ainda bem. Era a primeira das previsões furadas, sempre a nosso favor, é claro. Que bom...

Eu estava de quarto quando o dia começava a nascer. Havíamos ultrapassado Málaga na madrugada e nos encontrávamos, agora, no través de Torremolinos O céu vai-se abrindo, a lua é minguante e os primeiros sinais do novo dia aparecem no horizonte. Estamos a 49 milhas de Gibraltar, onde o mundo terminava. Depois dali, para os antigos, nada mais havia.

Após 459 milhas, desde Palma de Majorca, atracamos em Gibraltar, na Marina Bay, a poucos metros da pista do aeroporto local, na posição N 36.08.94 e W 005.21.41. São 14h 30min do dia 22 de outubro do ano 2.000. Descontados os quebrados, de Majorca a Ibiza foram 83 milhas, a Denia foram mais 42, a Palos mais 82, a Gata 89 e finalmente mais 162 para Gibraltar.

Gibraltar é uma colônia inglesa inquistada em pleno território espanhol, com auto-governo dirigido através de uma House of Assembly. É uma cidade portuária que vive fundamentalmente do turismo e do fato de ser um paraíso fiscal. Embora a língua oficial seja o inglês, fala-se também, de um modo geral, o espanhol. A população é uma mescla dos povos mediterrâneos formada por árabes, judeus, marroquinos, turcos, gregos e, obviamente, muitos espanhóis e ingleses. Vi também muitos hindus, com suas lojas abertas até tarde da noite, inclusive nos fins de semana.

Desde muito longe, no Mar, distingue-se nitidamente a famosa Pedra de Gibraltar, The Rock, que antecede a enorme baía que lhe fica a oeste. Nesta, muitos e muitos navios aguardam para atracar no porto. Em uma de minhas corridas matinais pelos arredores, fui até o final da doca comercial e pude constatar ali o intenso movimento de navios.

As três principais marinas de Gibraltar são a Marina Bay, onde ficamos, a Sheppard’s Marina, adjacente àquela, e a Queensway Marina. Todas elas, muito bem abrigadas, têm bons restaurantes e contam, ainda, com meios suficientes para prover a manutenção dos barcos que ali aportam.

Durante nossa estada, fomos ao grande monte, via teleférico, e no retorno preferimos a pernada morro abaixo. Lá em cima, visitamos os macacos de Gibraltar e o famoso Europa Point onde, segundo a tradição histórica, o mundo terminava. Segundo a lenda, a caverna existente entre a região dos macacos e o Europa Point comunica-se com a África por um túnel submarino. Através desse túnel, os macacos de Gibraltar teriam alcançado o continente europeu. Pelo sim, pelo não, a verdade é que no Marrocos, do outro lado do Estreito, vivem macacos daquela mesma espécie...

Quinta-feira, 26 de outubro.

Partiríamos no dia seguinte. Lembramo-nos, porém, de que seria uma sexta-feira e, em sextas-feiras, não se começa qualquer grande navegada, eis a crença incrustrada na alma dos navegantes! Inclusive na minha…

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