Das Ilhas Baleares, no Mediterrâneo, até Saint Marten, no Caribe
(De Outubro a Dezembro de 2000)
O diário, as histórias e os versos do Comandante Aderbal Torres de Amorim
Direitos autorais doados ao Asilo Padre Cacique


Quatro Mil Milhas Além
Uma travessia, o Homem e o Mar
Aderbal Torres de Amorim
(Orelhas)

O mar é uma das palavras literárias de maior extração metafórica, um exemplo completo das possibilidades sugestivas da linguagem. Tema recorrente da poética ocidental e, de modo particular, presente nas literaturas de tradição ibérica, o mar é um ser uno e múltiplo. Diante dele, ajoelham-se os grandes poetas e todos os compositores do cancioneiro popular. É ele, também, o motivo central deste livro, escrito como um diário de bordo, numa travessia transoceânica realizada por três marinheiros em um veleiro.

Pergunta-se: o que pode ocorrer quando o impulso da escrita toma de assalto a cabeça e o coração de um marinheiro durante uma travessia transoceânica de quatro mil milhas? O que pode acontecer quando esse homem, experiente, culto e viajado, se apercebe do caráter elementar das coisas, a reverberação da luz do sol, o rastro luminoso das águas feridas, as tardes que se põem, a honestidade branca da lua, suas lembranças pessoais, o tempo e a vida, o amor, a morte, a memória?

Fruto do acaso, ou melhor, do espanto, nasce este livro. Seu autor, notável jurista, um homem das leis, encontra, durante a travessia, algumas respostas que as normas jurídicas não contemplam e, por certo, sequer formulam. Assim, neste início de século em que civilização e barbárie se confundem, Aderbal Torres de Amorim constrói paradigmas éticos a partir das normas da natureza.

Como se lerá nas páginas desse “diário de bordo” especial, a travessia transoceânica desliza de fora para dentro e, assim, se duplica à medida em que o veleiro singra, solitário, a espessura do mar. Metáfora: os perigos são muitos e a natureza exige do homemm entrega e respeito. Ao contemplar o Mar, sempre maiúsculo, o autor sente, pensa, revê e compara questões essenciais: o amor, o tempo, as mudanças que a vida opera. Mais do que contemplação, durante o longo percurso acontece um espelhamento da alma.

E, afinal, não é para isso que serve a literatura?

Lea Masina

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