03 Jul 2006
Cinqüenta anos dos Cruzeiristas do Veleiros do Sul. A "Regata Limpa Trapiche" levou para a raia ontem 32 barcos com 131 tripulantes, apesar do escasso vento. Quatro milhas em duas horas.

Éramos 8 amigos a bordo do Canibal. Largamos em último lugar, e bem longe do penúltimo. Chegamos em 10º na geral, 5º da classe. Nada mal para uma tripulação cruzeirista de fato, a fim de divertir-se apenas.

A gostosa bagunça e confraternização a bordo foi, de longe, a melhor premiação que poderíamos desejar pela participação na regata. Mesmo assim, se o percurso não tivesse sido encurtado, obteríamos um resultado "oficial" ainda melhor.

Luizinho Ungaretti, o mais experiente em regatas, liderou a faina logo após a largada. É legal ver alguém sobressair-se naturalmente no grupo, exclusivamente pela competência. Era a primeira velejada de alguns no Delta36, mas todos estavam engajados na faina. Foi bonito de ver.

Logo que desatracamos procurei pela minha câmera e GPS no barco, mas não achei. Há poucos minutos eu havia deixado os dois em uma sacola de supermercado na cabine. "Depois aparece", pensei. Fui para a faina no convés, mas não tinha muito o que fazer com toda aquela tripulação a postos.

Participar de tripulação grande assim é muito divertido. Foi uma regata "às brincas", para cruzeiristas. Cada barco devia ter a bordo no mínimo 1 e no máximo 2 cruzeiristas do Veleiros do Sul, estimulando a "limpeza" dos trapiches. O edital previa que se houvesse mau tempo a regata seria transferida para o bar.

E falando em bar, a bebida levada para bordo por Paulo Silveira fez muito sucesso. Envelhecida nos barris de carvalho de sua adega por alguns anos, é especiaria dos deuses.

Fui buscar uma cerveja e um sanduíche na geladeira grandona do Canibal. Catando pela sacola com os sanduíches, descobri, por acaso, a câmera e o GPS já bem gelados. Na correria para desatracar, alguém levou minha sacola para a geladeira junto com as sacolas de sanduíches e de bebidas...

Confesso que quando vi a adrissa escapar para o tope do mastro deixando o balão encamisado cair n'água, logo lembrei da tripulação do Hagar, o Horrível. Mas enfim, são coisas que acontecem. Vimos outras "babadas" acontecer em outros barcos, mas isso já é outra conversa.

Que tripulação! Qualquer dificuldade que aparecesse era motivo de brincadeira. Começou com a "camisinha" do balão que não subia. Tripulação alegre, parelha, de nível, de bem com a vida e muito disposta a se divertir, "apesar" de competente.

Depois de uma velejada assim, desembarca-se com uma incrível sensação de bem-estar. E como qualquer brasileiro, estávamos precisando: afinal ontem a seleção fez as malas na Alemanha.

A tripulação do Canibal foi formada por Andreas Bernauer, comandante, Paulo Silveira Riacho Doce, João Luiz de Mello Fiapo, Jorge Zaduchliver Feitiço, Luizinho Ungaretti Escape, Plinio Fasolo Bumerang, Pedro do Prado Lima e eu. Com tão pouco vento e a faina escassa, ora um, ora outro contribuía para manter a folia muito criativa.

Ao Comandante Andreas Bernauer, o agradecimento da gurizada medonha, e as desculpas pelo freje a bordo do belo Canibal.

Parabéns à comodoria do Veleiros do Sul pela realização do evento. Após a regata o clube ofereceu um belíssimo churrasco, incluindo picanha e aquelas tradicionais e saborosas costelonas, pacientemente assadas pelo Vandeco durante muitas horas e que, de tão macias, até banguela come. Houve breve discurso, poesia, hino nacional, e o tradicional tríplice hip hip hurra.