Esquentam as controvérsias sobre o Aquecimento Global
Cientistas e políticos discordam e deixam a humanidade confusa

Danilo Chagas Ribeiro

11 Jun 2007
O
Aquecimento Global tem sido cada vez mais alardeado, mas a atribuição da culpa ao homem passou a ser mais contundentemente contestada. Um grupo de renomados cientistas em todo o mundo alega que as causas principais são naturais, e não do homem. Seus depoimentos compõem um vídeo de 73minutos apresentados por uma emissora britânica em Março passado. O assunto é extremamente polêmico. Enquanto isso, Bush diz que o efeito estufa não precisa ter medidas rígidas.

Da radiação solar à flatulência bovina
Os argumentos apresentados no condensado de 7 minutos parecem tão convincentes para um cidadão comum, que até pode dar vontade de chutar o balde. Radiação solar, vulcões, decomposição de seres mortos, e até a água do mar participam do processo naturalmente, segundo os cientistas céticos. Já a maioria dos cientistas atribui as causas ao homem, pela queima de petróleo, destruição de florestas, e até pela criação extensiva de gado: a flatulência bovina gera metano e causa o efeito estufa...
A discussão não é sobre o aquecimento propriamente dito nem sobre suas conseqüências, com o que todos parecem concordar. O que está em discussão são as causas. Pelo jeito, o assunto Aquecimento Global está apenas esquentando.

CO2 é causa ou conseqüência?
Entitulado "A Grande Farsa do Aquecimento Global", o documentário passa conceitos de que o aumento de CO2 não é causa, mas sim conseqüência do aquecimento. Em assim sendo, o homem não tem nada a ver com as causas do aumento da temperatura global. E apresenta fatos e dados comprovando isso. São fatos e dados negados por outros cientistas com outros fatos e dados de abrangência também multidisciplinar. Se a confusão é grande para eles, o que dirá para nós leigos, que apenas escutamos e repetimos alarmados, sem qualquer base para entendimento adequado.

Questionando intenções
O documentário apresenta diversos argumentos contra a tendência dominante. E diz que tem muita gente interessada em atribuir a culpa do aquecimento ao homem devido a interesses financeiros. Ongs receberiam mais fundos, países que vendem tecnologia de geração de energia renovável lucrariam mais, e cientistas aproveitariam as cada vez maiores verbas para pesquisas no setor.

O assunto me fez lembrar de entrevista que li na revista Veja há alguns anos, em que um ex-colaborador do Green Peace, um nórdico, se não me engano, apontava os exageros da organização para ganhar poder, verbas e espaço na mídia. O livro que escreveu a respeito teria sido um best seller. Eu que sempre acreditei piamente nas intenções daqueles caras, fiquei impressionado com o que li.

Princípio da precaução
O Comandante Nelson Ferreira Fontoura, professor universitário (PUC/RS), PhD em zoologia, diz que são poucos os cientistas que discordam da opinião dominante (antrópica). Fontoura tem sua opinião bem esclarecida sobre o tema e enumera alguns tópicos:

(1) O clima esta mudando, sempre mudou e sempre mudará, independentemente da nossa presença na terra;
(2) Os fatores determinantes são muitos, incluindo intensidade de radiação do sol, excentricidade da órbita, declividade do eixo de rotação da terra; intensidade da atividade geológica (vulcões); circulação oceânica; concentração de gases (CO2, Metano, vapor d'água); albedo decorrente da cobertura de gelo, cobertura do solo e cobertura de nuvens.
(3) os modelos numéricos de previsão climática são imprecisos, pois simplificam fenômenos complexos e não consideram variáveis ainda pouco compreendidas;
(4) A temperatura está aumentando no último século (0,5-0,7 graus);
(5) A concentração de CO2 está aumentando a taxas de 0,4% ao ano (o aumento seria de 0,7% devido á queima de combustíveis fósseis, mas parte tem sido absorvida pela natureza);
(6) A relação entre temperatura ambiental e CO2 está muito bem documentada na literatura científica experimental e teórica.
(7) A taxa atual de aumento da temperatura é dez vezes maior que no final da última glaciação (seis graus em seis mil anos).

A questão então passa pelo princípio da precaução:

(1) Estamos aumentando a concentração de CO2 na atmosfera (não há dúvida sobre este quesito);
(2) O CO2 é um gás estufa, pois reflete de volta para a Terra parte da radiação infravermelha que seria perdida para o espaço (não há dúvida neste quesito);
(3) Existem registros paleoclimáticos e atuais que relacionam estatisticamente altas temperaturas atmosféricas com elevadas concentrações de CO2 (também não há dúvida quanto a isto);
(4) Instabilidade climática acelerada leva à instabilidade econômica, seja pelo aumento da freqüência de eventos climáticos extremos (furações, enchentes, secas, etc....), seja pela perda de safras agrícolas (sem falar na perda de biodiversidade).
(5) Existem fortes indícios de que a ação do homem, através da liberação de gases estufa, está acelerando o processo de alteração climática. Indícios são indícios, mas quando acumulados de forma sistemática e criteriosa, podem constituir elemento de convicção. Não é assim que a justiça trabalha?
(6) Neste caso, o que é mais prudente? Botar o pé no freio baseado em indícios consistentes ou simplesmente tocar o barco em frente?
(7) Nós, navegadores, seguimos quase sempre o princípio da precaução. Quando avistamos um CB, procuramos desviar, pois este constitui um indício de vento forte. Não quer dizer que haverá vento forte, mas é um forte indício. Por que não fazer o mesmo com relação ao clima?


Na explosão econômica do pós-guerra houve grande emissão de CO
2 por 40 anos, mas a temperatura caiu, contradizendo a teoria atual de que este gás produzido pelo homem venha a ser a causa do aquecimento, dizem alguns cientistas.

Emissões e "opiniões americanas"
Apesar de Al Gore, vice-presidente de Clinton por 8 anos, ter alardeado muito sobre o efeito estufa, seu presidente nada fez para combater o problema. A briga vem de longe.

Está em andamento a reunião da cúpula do G-8 em Heiligendamm (Alemanha). George Bush declarou na semana passada ser contra a adoção de medidas rígidas para a redução das emissões de gases do efeito estufa.

É conhecido e caríssimo o lobby das empresas de petróleo americanas para forçar Bush a não assinar o Tratado de Kyoto, que regulamenta a emissão dos gases. Os EUA tem enorme parcela de culpa na emissão de gases no planeta, e reduzi-la significa torná-los menos competitivos comercialmente.

Orçamento para reformar o planeta
"Aquecimento global virou uma religião. Falar algo contra a corrente dominante virou heresia", afirma Nigel Calder, ex-diretor da revista New Scientist, no documentário.
Farsa, ou não, é preciso pelo menos adaptarmo-nos à elevação da temperatura enquanto perseguimos a causa. A ONU estima entre 80 bilhões e 3 trilhões de dólares anuais para a tal remodelagem do planeta. Seja qual for a causa, o investimento será benéfico para todos, certamente.

Desafiando o consenso
O escritor, médico e biólogo Michael Crichton, autor do livro Estado de Medo, disse que "A ciência não tem nada a ver com consenso. Consenso é coisa de política. Os maiores cientistas da história são grandes justamente porque desafiaram o consenso".

Nem tanto ao céu, nem tanto à terra
Radiações solares ou abuso do homem? Por não ter a menor condição
científica para julgar a peleia, até que ponto a humanidade pode estar sendo vítima, além do aquecimento global, também de um novo processo de neurotização global? Quantas culpas vem sendo imputadas ao homem há milênios para torná-lo cativo a conceitos questionáveis, ditados como absolutos?

Por outro lado, quanto do que somos realmente culpados temos alegado vir do céu? O DDT, por exemplo, foi descoberto em 1944 e seu descobridor ganhou Prêmio Nobel pela descoberta. Apesar de comprovado seu terrível prejuízo à natureza há décadas, só recentemente foi abolido completamente. Muitos afirmavam que os prejuízos não diziam respeito ao inseticida, mas sim à própria natureza, apesar das evidências.

A quem então devemos dar trela em assunto te tal envergadura e de tão sérias conseqüências, diante de tamanha ignorância do ser humano? Não creio que os cientistas venham a se entender a tempo de podermos saber. Parece discussão religiosa entre seguidores de diferentes crenças, em que cada um alega que seu deus é Deus.
Radiação ou abuso? Do céu ou da terra? Nem tanto ao céu, nem tanto à terra mas, na dúvida, façamos nossa parte.

Assista o vídeo de 7 minutos no YouTube (em inglês)

Saiba mais (em inglês):
The Great Global Warming Swindle
Intergovernmental Panel on Climate Change (ONU)
PNAS - Global Temperature Change (arquivo PDF, 2.3MB)
Em tempo:
Vídeo de comercial criativo alusivo ao aquecimento global


Envie seus comentários para info@popa.com.br