18 Set 2007 Basicamente os princípios da arte de velejar que se praticava nos tempos antigos permanecem até hoje. A força motriz que conduz as embarcações à vela, é o vento. A tecnologia moderna indiscutivelmente ajudou muito, na armação de mastros, confecção de tecidos, instrumentos náuticos, navegação, e nos desenhos de cascos. O sonho de um dia também ter um veleiro Na minha cidade natal trinta por cento é terra e setenta por cento é água. Isso talvez tenha me despertado um sentimento profundo pelas belezas e emoções do mar, desde menino passei a amar os barcos e maneja-los, levados pela mão de meu pai, que possuía uma canoa à vela, típica do lugar. Existe naquela cidade o Iate Clube de Rio Grande fundado em 1934 que abrigava e abriga até hoje veleiros que vem de Buenos Aires e Montevidéu em direção à costa brasileira. Tive a oportunidade de conhecer muitos deles e não me cansava de admirá-los pela sua beleza e o envolvimento que eles causam. Quando criança acalentava sempre, o sonho de um dia também ter um veleiro, sonho este que com os anos foram se concretizando. Possuí ao longo de minha vida, três barcos à vela, o “Martha”, o “Arpège” e o veleiro “Vida”. Passados todos estes anos, levado pelo incentivo dos meus netos escrevi um livro “Conta Todas Vovô!” – Velejando e Contando Histórias, narrando todas minhas viagens e fatos sobre a vida marinheira, a bordo de diversos veleiros, no Brasil e no Exterior. A diferença está no temperamento... Uma das coisas mais lindas da vida Manejar um barco à vela, ser seu dono e seu amigo é uma das coisas mais lindas que existe na vida. O seu interior é sempre acolhedor e no seu convés tudo é beleza, movimento e integração total com o mar e a natureza, assim como, a convivência pessoal entre a sua tripulação, estreitando os laços de amizade. Navegando em um barco à vela, com ou sem tripulação, você tem que ser disciplinado, obediente e saber, outrossim, conviver com as forças da natureza. Enfrentá-la jamais e sim se tornar uma parte integrante de seu todo. A maioria dos veleiros são de cor branca parecendo ao longe verdadeiros cisnes flutuando ao sabor das ondas e dos ventos. Sua brancura também parece significar algo de pureza e encantamento. Como digo, minha vida sempre foi a de um velejador, velejei por diversas partes do mundo e como não poderia deixar de ser, pela belíssima costa brasileira, ressaltando lugares como: Santa Catarina, Nordeste de São Paulo, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, (Bahia de Guanabara), Salvador (Bahia de Todos os Santos), e Fernando de Noronha, dentre outras. Imaginem o que seja adentrar a Baía de Guanabara, num belíssimo domingo ensolarado, contornando as lindas praias da Cidade Maravilhosa! Não há ângulo mais belo do que assistir a tudo isso com a visão do mar para a terra, a bordo de um veleiro. Somos queridos por todos Com meus amigos já participei de velejados além da costa brasileira, e em outros países, vivendo momentos muito agradáveis e hilariantes, levando o “chimarrão” gaúcho a estes inúmeros lugares, assim como o pavilhão nacional, causando uma curiosidade e aproximação com outros povos, querendo todos saber notícias e comentários de nosso país, evidentemente sobressaindo as nossas praias, a beleza de nossas mulheres e o futebol brasileiro. Nos sentimos como verdadeiros embaixadores do nosso país, com muito orgulho e satisfação. No exterior ser brasileiro é sempre sinal de ser bem recebido, não existe em nenhum país, qualquer rejeição ao Brasil. Somos queridos por todos. O esporte do iatismo é muito praticado na maioria dos países Europeus, Estados Unidos, Caribe, Austrália e Nova Zelândia. Destaque especial para Nova Zelândia aonde, a existência de barcos, correspondente a quase um por habitante, daquele País. Mesma importância também na Austrália aonde existe uma mentalidade veleira das mais significativas, integrada a seu povo. Nos Estados Unidos a indústria da construção de veleiros e outras embarcações esportivas, estão colocadas entre as cinco maiores economias do País. Todos são iguais O mar une as pessoas, sejam de que classe for; marinheiros, pescadores, ribeirinhos, todos são iguais. A origem do iatismo no Brasil deve-se principalmente aos alemães que inicialmente fundaram clubes de vela no Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro, porém hoje os brasileiros de todas as origens já estão perfeitamente entrosados neste maravilhoso esporte. Não se trata somente de uma classe elitista, mas creio eu hoje na sua maioria praticado por aficionados que fazem até mesmo algum sacrifício financeiro, para poder adquirir um barco à vela. Importância muito grande na educação Nossas condições de navegabilidade ao longo de nossa extensa costa é das mais atraentes, oferecendo não só condições de beleza natural, enseadas, ilhas e baías, assim como, um clima muito agradável. Destaque também aos inúmeros velejadores brasileiros Medalhistas de Ouro Olímpico, Campeões Mundiais, que levam a bandeira de nosso País ao “pódio” constantemente, nas disputas de iatismo no mundo todo. Nossas escolas de vela espalhadas por diversos locais, também tem sido de uma importância muito grande na educação e orientação de jovens velejadores, encaminhando-os a aprenderem a importância da disciplina, respeito, companheirismo sadio e total integração do mar e da natureza. Não estamos de costas para o mar Finalmente, enalteço a idéia e o amor pela prática do iatismo da vela, na certeza de que cada vez mais, o povo brasileiro entenderá que não estamos de costas para o mar e sim de frente para ele, olhando toda sua grandeza e beleza, num horizonte sem fim. |