Veleiro Aventura
Um clássico ainda bem vivo
Carlos Altmayer Gonçalves Manotaço

Construído por Roberto Funck em seu estaleiro da rua Armando Barbedo, bairro Tristeza, entre os anos de 1955 e 1957, o Aventura, esse clássico desenho do escritório de projetistas navais “Sparkman & Stephens” (S&S), foi encomendado pelo Dr. Breno Caldas, que supervisionou a obra diariamente. Nada foi poupado, para que o barco fosse uma obra de arte.

Família Finisterre
Seus irmãos ganharam várias regatas famosas, entre elas a “Newport-Bermudas” por três anos consecutivos. Em 1963, a Buenos Aires – Rio de Janeiro foi vencida pelo “Carla”, um “Finisterre” argentino; “Aventura” foi segundo na classe e décimo na classificação geral. Dizem que “Carla” pesava quase duas toneladas a menos que “Aventura”.


Foto de um Finisterre enviada pelo Comte Átila Böhm, de Salvador, BA

Um barco com quase 50 anos
O projeto foi batizado de “FINISTERRE”, que foi o nome do primeiro dos muitos barcos que foram construídos com esta planta. Poucos com a qualidade do “Aventura”. O resultado está aí, faltando um ano para completar 50 anos de existência, ele está perfeito e lindo como sempre foi.

Na sombra dos bambus
É bem verdade que durante os quase 40 anos que pertenceu ao Dr. Breno, ele teve um tratamento que poucos barcos tiveram ou tem. Na marina da Ponta do Arado, sob os cuidados do marinheiro “Miltinho”, ele passava o inverno dentro do hangar. Quando estava n’água, pela manhã e pela tarde, ficava à sombra de duas malhas de bambu, estrategicamente plantadas no porto, para este fim.

Zarcão nos furos
Todos os furos de fixação da quilha e cavernas, que fossem passantes, foram tratados internamente, passando um arame com uma estopa embebida em zarcão. Esse trabalho foi executado pelo próprio Dr. Breno.

"Mas quem fará tal serviço"?
O projeto previa cavernas cortadas de tábuas. Funck, que era um mestre construtor como poucos, sugeriu que fossem feitas laminadas, sobre moldes. Ao consultar os projetistas em Nova Iorque, Dr. Breno recebeu a seguinte resposta:
“Isso é o ideal, mas quem fará tal serviço? Por aqui não dispomos de mão de obra dessa qualidade!”

10 anos em Florianópolis
A caixa de bolina é forrada de cobre para evitar cracas, gusanos e outros parasitas.
“Aventura” pertence hoje ao veterano velejador do Veleiros do Sul, Plínio Werner, e sob a supervisão de Luiz Fernando Mota, está passando por uma revisão geral, após ter passado cerca de 10 anos em Florianópolis.

Fazendo bonito
Hoje há várias regatas pelo mundo afora, exclusiva dos clássicos. Verdadeiras fortunas são investidas na recuperação de veleiros antigos.
Temos por aqui muitos barcos que merecem um tratamento especial, pois além de lindos, velejam muito bem. A prova disso “Aventura” deu no domingo, por ocasião da regata comemorativa do cinqüentenário do “Grupo dos Cruzeiristas do VDS”. Enquanto havia vento, na largada da regata, montamos a primeira bóia em 5º lugar, entre quase trinta barcos.

Porto Alegre, 05 de julho de 2.006
Carlos Altmayer Gonçalves / Manotaço

O Aventura na regata do cinqüentenário dos Cruzeiristas do Veleiros, em 02 Jul 2006.

 

 

 

 

 

Envie seus comentários ao popa: info@popa.com.br


13 Jul 2006
José Torelly Campello
Independente de ser proprietário do mini veleiro DS Aventura, fico emocionado ao ver esta obra de arte navegando em destaque no meio a veleiros modernos, salientando-se também pelo o estado de originalidade em que se encontra, como a mastreação de madeira entre outros detalhes perceptíveis nas fotos do famoso veleiro, não bastasse ter tido o proprietário que teve por 40 anos. Parabenizo o novo proprietário Sr. Werner que mostra-se a altura de manter esta saga revelando o bólido também que ainda é, comprovando isto em regata 50 anos depois. Fico imaginando no toque de luva da tripulação no comando, na roda de leme, nas catracas, nas polias de madeira, no cuidado ao deslizar sobre o convés. Merece respeito, certamente, muito respeito.
Também, esta tripulação bem que merece esta honra.

Maravilhoso Danilo!

Campello - DS Aventura