Canção de Barco e de Olvido

O navegador embarca também  para desatracar dos problemas do dia-a-dia.
O barco e a navegada são muitas vezes apenas a moldura do quadro representado pelo harmonioso convívio a bordo, ou pela solitude contemplativa, que seja.

Não sei se Quintana provou algo disso, ou se apenas poetou, versando este bordo pouco comentado das navegadas.
Danilo.

Canção de Barco e de Olvido
Mario Quintana

Não quero a negra desnuda.
Não quero o baú do morto.
Eu quero o mapa das nuvens
E um barco bem vagaroso.

Ai esquinas esquecidas...
Ai lampiões de fins de linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?

Que eu vou passando e passando,
Como em busca de outros ares...
Sempre de barco passando,
Cantando os meus quintanares...

No mesmo instante olvidando
Tudo o de que te lembrares.

-o-