Bem-vindo, Ernesto!
Acidente no Guaíba

20 Out 2005
Este acidente do Ernesto me fez lembrar de uma passagem há muito tempo, quando ainda se velejava de roupa de lã encharcada pra dar maior peso na borda, e muito semelhante a este de agora.

Era uma regata de Snipe. Eu ia no leme num popa raso, com pau de spi, onda grande etc. E numa balançada a barlavento, caí do barco.
O proeiro não se deu conta e ainda vi o barco se afastar e virar uns 200m adiante.

Tentei tirar a calça e o pullover e não consegui. Logo veio o esgotamento e fui ao fundo várias vezes.
O primeiro barco a montar a bóia foi um norueguês e o Dedá na proa, aos quais gritei por socorro, já totalmente entregue.
Eles me recolheram literalmente como a um saco de batata. Já estava vendo o filmezinho do meu passado.

Naquela época salva-vidas nem pensar. Não levávamos nada a bordo.
Ficou só a lembrança, graças a Deus.
Bem-vindo Ernesto !

Rudi Schultz

_____________________

 

18 Out 2005
Ontem, Domingo, um dia frio e ventoso em Porto Alegre, foi realizada a primeira etapa do Campeonato Estadual de Monotipos no Guaíba.
Ernesto Neugebauer (46), campeão mundial de snipe em 1977, timoneava o Soling, empopado em uma barla-sota, quando o barco atravessou (embalonado, 25 nós) e fez um jaibe chinês (chapéu chinês). O jaibe involuntário fez a água "subir", varrendo o convés. Varreu o timoneiro também. Caído na água, sem colete, Ernesto não pode ser socorrido pela sua tripulação (Lucas Ostergren e Fernando Krahe), porque o barco manteve-se capotado com o balão enfunado por algum tempo, até que estourou. Apesar de ser estanque, até o Soling esvaziar pelos beilers, e mesmo com a ajuda dos baldes sempre a bordo, leva algo como 10 minutos para se aprumar, diz Boris Ostergren.

Ernesto foi avistado por Caio Vergo, o Minho (41), proeiro de outro barco, por baixo da vela grande, na virada da bóia, assim que ouviu o grito de socorro. Ernesto foi socorrido no último minuto possível, quando seu barco deveria estar a mais de uma milha de distância, capotado e levado pelo vento. Quando o soling timoneado por Daniel Glomb chegou até ele, a cabeça de Ernesto já havia mergulhado. O proeiro André Gick e Minho o agarraram pelo braço e pela roupa, com o barco andando. É impossível parar um Soling com aquele vento.
Foi de arrepiar! Se errassem a manobra, é bem possível que a nova tentativa fosse tardia.

Apesar de terem agarrado Ernesto firmemente, não conseguiam tirá-lo da água. Pesava talvez mais de 100kg com as roupas e botas encharcadas, e com a resistência da água com o barco navegando. Daniel caçou a grande para adernar e assim facilitar o embarque do náufrago, que não mais se ajudava. Estava exausto, a poucos segundos de um desfecho trágico, não fossem os amigos. Os 3 tripulantes juntos o trouxeram para bordo, sem que ele exibisse a menor reação, contou Gick.
Foi levado ao Clube dos Jangadeiros no próprio soling que o resgatou, onde tomou banho quente e voltou a animar-se.

Não havia barco rápido de resgate na competição.
A classe Soling não tem limite de vento estipulado para cancelar regatas, mas o vento era tolerável pela classe, segundo fui informado por alguns. Outros velejadores de Soling não pensavam assim.
Não é praxe no RGS a sinalização pela CR obrigando o uso de coletes. Infelizmente também não é da cultura do gaúcho usar colete salva-vidas, com raras exceções (HC, Optimist e poucos outros). Creio que em outros estados também não.

Que o ocorrido sirva de aviso para todos nós.

Danilo Chagas Ribeiro.


Envie seus comentários ao popa.com.br:

Seu e-mail:



CLICK APENAS UMA VEZ