Conta todas, vovô
Jorge Vidal
As maravilhas de Angra dos Reis
Em janeiro de 2000, a convite do Antônio Moraes, proprietário do veleiro Leão da Lagoa, fomos de avião para o Rio de Janeiro, com o fim de velejar em Angra dos Reis. Ele estava nos aguardando no aeroporto e logo seguimos para o nosso destino. No caminho, na Santos / Rio, almoçamos pescados em um restaurante na beira da estrada. Excelentes camarões e ótimos peixes. À tarde chegamos à marina de Angra, onde se encontrava o Leão da Lagoa. Infelizmente, surgiu um contratempo, e o Antônio teve de retornar ao Rio, impossibilitado de fazer o passeio programado em seu barco. Contatamos com o pessoal da marina, que nos indicou um veleiro de aluguel, de 36 pés, de aço, do mesmo desenho do veleiro Tandi, que fora do Adroaldo Rosa, e do veleiro Haitabu, do Niels Raup. Faço um parêntese, para registrar que o Nielzinho, como é carinhosamente conhecido, tem a melhor fábrica de mastros do Brasil, a Farol. O mastro do meu veleiro Vida foi por ele confeccionado, assim como todas as suas ferragens, serviço igual ao feito em mastros importados. Ele e o George Nehm, o Dodão, se especializaram, e sua empresa fabrica hoje mastros e ferragens de qualquer tamanho e tipo. Bem, continuando, o rapaz dono do barco, Rogério, conhecia a baía de Angra como ninguém, pois era filho do lugar e tinha vasta experiência, com a vantagem de poder enumerar as ilhas com a identificação de seus proprietários, além de contar a história dos lugares visitados. Muito bom marinheiro, companheiro e cozinheiro. Em três dias de navegada, além da cidade de Angra, visitamos Ilha Grande, Abraão, Saco do Céu, Gipóia, Saco da Ribeira, Bracuí, enfim todas as ilhas e praias da região. Em Angra dos Reis, não venta muito, por isso tínhamos que motorar constantemente. Angra é um lugar lindo para se navegar, mas creio que uma lancha serve melhor que um veleiro, pois o vento... Outra coisa que recomendo: ou você estuda bem as cartas e manuais sobre o local a ser navegado, ou você aluga um barco com skipper, pois eles sabem tudo sobre a baía e conhecem as lajes submersas... Não recomendo muita comida a bordo, pois os restaurantes são muitos e bons, em terra ou flutuantes. Atendem também por chamada, pelo rádio. Cuidado, sim, com os mosquitos, principalmente daqueles pequeninos, chamados miruim. Ao cair da tarde e pela madrugada, prepare-se, feche todo o barco ou ponha mosquiteiros, com malha bem fina. A beleza natural do lugar, a cor e a temperatura da água, tudo é agradabilíssimo. Os litorais de Santa Catarina, Angra dos Reis e da ilha de Fernando de Noronha são para mim os lugares mais lindos do mundo, pela exuberância do verde e pela transparência da água. O Caribe e o Havaí são lindos, mas as montanhas e a vegetação são de tons marrons, por serem vulcânicas. Não têm a coloração do verde e da vegetação do litoral brasileiro. O problema é a infra-estrutura! Após esses dias em Angra, com alguma chuva e muito sol, aproveitando muito bem o Emoções, nome do veleiro que alugamos, e vivendo e conhecendo todas as coisas do lugar e suas histórias, através do Rogério, retornamos ao Sul com o desejo de voltar o mais breve a essa maravilha que é Angra dos Reis. |