Conta todas, vovô
Jorge Vidal

Bamba: um ceboleiro dos bons

Nivaldo Cavalli, meu grande companheiro de velejadas e disputas na raia, navegou de Porto Alegre a Florianópolis no seu antigo Bamba, um motor-sail, hoje Comodoro Ewaldo Ritter, barco de Comissão de Regatas do Clube Veleiros do Sul, em Porto Alegre.
O barco, apesar de muito bem construído no Estaleiro Vernet, em São Lourenço do Sul, é um tipo ceboleiro. O termo não deve ser entendido como pejorativo. Acontece que esse desenho de barco se usava antigamente para o transporte da cebola entre os municípios de São José do Norte e Rio Grande, sendo construídos principalmente em São Lourenço, onde existiam ótimos estaleiros para a construção desse tipo de embarcação. Bom motor, mas mastreação baixa, o que permite usar uma pequena vela-mestra e uma buja, portanto bastante arriscado para uma viagem como a que Cavalli estava empreendendo. Era um barco mais indicado para navegar em águas abrigadas.
Mas o Cavalli era homem destemido, corajoso e muito bom marinheiro. Convidou para essa navegação até Florianópolis o Henrique Ilha, para mim um dos melhores navegadores, Edgar Kuhl, Emanuel Blum e José Pinto de Miranda Távora. Era, sem dúvida, uma tripulação muito experiente. Não me recordo bem se o Eduardo Scheidegger (pai) estava junto.
Pois lá foram eles, prevendo uma escala no Rio Grande e daí a navegada até Florianópolis, que foi muito boa, sem nenhum percalço. Passaram alguns bons dias na capital de Santa Catarina e retornaram, então já com outra tripulação. Tudo havia corrido bem. Isso que era um simples ceboleiro, e não um flamante veleiro...