Conta todas, vovô
Jorge Vidal
Comodoro do Veleiros do Sul, um grande clube
Por eleição do Conselho Deliberativo do Veleiros do Sul, Sociedade Náutica
Desportiva, de Porto Alegre, fui escolhido comodoro para o período de 1990 a 1992, em substituição ao meu velho amigo e companheiro Astélio Bloise dos Santos, responsável pela conquista da área oeste para o clube, o que, além de proporcionar maior dimensão territorial, iniciou importante arrancada para uma fase de grande expansão. Enfim, foi um comodoro muito dinâmico. O Veleiros do Sul é um dos maiores clubes náuticos do Brasil, não só por suas conquistas esportivas, com diversos campeonatos mundiais, pan-americanos, sul-americanos, brasileiros e gaúchos, como pelo seu patrimônio. Sua sede é das maiores e melhores que conhecemos em termos de estrutura náutica. Salões sociais, instalações esportivas, oficinas, guinchos, piscinas, jardins e bosques com churrasqueiras, canchas de futebol, vôlei, enfim uma estrutura capaz de abrigar centenas de veleiros e lanchas. Possui três trapiches de concreto armado com água e luz e com capacidade para abrigar 250 embarcações na água e 300 em terra. Dispõe de galpões para lanchas capazes de abrigar embarcações de até 75 pés, galpões para barcos monotipos, sendo um deles em condições de guarda de barcos monotipos em plena competição, com velas e mastros armados, três rampas para veleiros e lanchas, tratores, carretas, enfim tudo que uma marina das melhores e mais bem equipadas exige. São muitos os seus velejadores campeões, relacionados entre os gaúchos vencedores no capítulo anterior. Reúne uma flotilha de barcos de oceano dos melhores do país, sem contar o expressivo número de lanchas de grande porte baseadas no clube. O Veleiros do Sul é comandado, muito eficientemente e com muita dedicação pessoal, pelo veterano velejador Manfred Floricke, atual comodoro, e administrativamente pelo Sr. João Gilberto Reuse, e mantém uma equipe de funcionários que são sua espinha dorsal, destacando-se: Vilson Severo, Nair Rosa e Paulo Silva, na área administrativa; Roque Morais e Edi Feijó, no setor operacional; Odecio Adam e Ricardo Pereira, no segmento esportivo; João Leite Sobrinho, nos serviços de portaria; Pedro Justino, nos jardins; e Juventino Alexandre, nas áreas de piscina e eletricidade. Passaram pelos veleiros, também deixando saudades, Alexandre Bogdanow, chefe de operações, Gelain Goulart, o guarda amigo de todos os meninos e meninas do clube, o marinheiro Bira, Ubirajara Soares da Silva, incansável funcionário, marinheiro, operador do guincho, enfim pau para toda obra, e Silvino Moreira da Silva, responsável pelos jardins, um dos mais lindos já existentes. Enfim, uma equipe de primeira linha. Ainda na área náutica e de cuidados com os barcos, merecem destaque Joel Rosa, Paulo Morel, João Rosa, Moacir Duarte, Altamir Figueiredo, Luiz Vanderlei Franco, Fernando Ulgin, entre outros. Joel Rosa é também excelente tripulante, tendo participado de diversas velejadas oceânicas. Os sócios do clube dispõem de um dos melhores serviços de restaurante e copa, comandado pelo Natalício e suas filhas Rose e Maristela. Durante meu período como comodoro, entre outras vitórias esportivas, tivemos participação ímpar na Semana da Vela de Ilha Bela, vencida pelo veleiro Madrugada, do comandante Sergio Neumann, ex-comodoro e um dos velejadores mais completos que conheço, junto com a sua tripulação campeã: Norton Aerts, César Leal de Souza (Biriba), Alexandre Rosa (Tândi), Manfredo Floricke, Marcelo Aaron, Jules Lê Bris, Alexandre Yrigoi, Jackson Lambert e Paulo Roberto Ribeiro. Foram também bicampeões do Circuito Rio – Campeonato Brasileiro da Classe Oceano, com primeiro lugar na Santos / Rio em 1991. Tripulação: comandante Sergio Neumann, César Leal Souza, Manfredo Floricke, Alexandre Rosa, Ralph Hennig, Guilherme Roth, Aderbal Amorim, Jackson Lambert, Júlio Labandeira e Cícero Hartmann. Também participaram com sucesso dessa Semana de Vela em Ilha Bela o Xerife do comandante Gustavo Tarragô de Oliveira, ex-comodoro do Veleiros do Sul e um dos esportistas mais dedicados e participativos de regatas por todo o Brasil na sua época. Freqüento o clube desde 1969, primeiro como velejador representando o Rio Grande Yate Clube e depois como sócio, a partir de 1971, proposto pelo campeoníssimo iatista Alfredo Bercht (Fredy), meu velho amigo desde os tempos da Shell, o qual, junto com o Rolf Bercht, representaram o Brasil nas Olimpíadas de Helsinki (Finlândia) e Melborne (Austrália). Junto com seus filhos Jorge e Mario, considero Alfredo um dos melhores velejadores de oceano do Brasil. Participaram, entre outras competições, duas vezes da Buenos Aires / Rio, com o seu veleiro Inca, nas duas versões de barco, o antigo e o novo Inca. Recebemos da Cervejaria Brahma, do nosso companheiro Walter Becker, então Diretor, um apoio ímpar, que nos permitiu construir a churrasqueira Vento Sul e o bar para pequenos lanches, a Poita. Outras empresas deram valiosa contribuição: Banco de Boston, através de Sergio Enck; Taurus, pelo seu diretor Carlos Alberto Murgel, com vistas à participação dos nossos velejadores em regatas fora de Porto Alegre e das patrocinadas pelo clube. A Escola de Vela Minuano, do Veleiros do Sul, é uma das mais atuantes na educação e preparação de novos velejadores. É uma escola-modelo, com professores bem preparados, que já formaram significativo grupo de campeões. A escola é um dos grandes orgulhos do clube. Durante nossa comodoria, foi dirigida por dois velejadores dos mais consagrados, renomados e dedicados, a quem o Veleiros deve muito: Nelson Ilha e Augusto César Strepell. Como comodoro do Veleiros do Sul, tive também a alegria e o prazer de conviver assiduamente com os comodoros do Clube Jangadeiros, Marco Aurélio Paradeda, e do Yate Clube Guaíba, Luiz Rebouças, os dois de Porto Alegre, clubes co-irmãos que sempre me retribuíram as atenções com extrema fildaguia, como dois verdadeiros cavalheiros e acima de tudo esportistas exemplares que são. Nossa diferença era somente na raia, nas disputas pelas vitórias, nas regatas do calendário da Federação. Sempre tive um apreço muito especial por Geraldo Linck, seja como velejador exemplar que sempre foi, seja como cidadão e amigo. Por ocasião do lançamento do Livro do Cinqüentenário do Clube dos Jangadeiros, como comodoro do Veleiros do Sul, mandei carta ao Geraldo, autor do capítulo do livro referente à Ilha daquele clube. Para minha alegria, a homenagem pessoal que eu pensava fazer ao Geraldo ganhou dimensões maiores, pois se tornou pública, graças à nota que A Jangada, boletim informativo do Clube dos Jangadeiros, edição de maio/junho de 1992, publicou a respeito. Assim: “O comodoro do Veleiros do Sul, Jorge Alberto Fernandes Vidal, um amigo do Jangadeiros, nosso ex-sócio, leu o Livro do Cinqüentenário e enviou ao nosso Sócio Benemérito Geraldo Linck, autor do capítulo referente à Ilha, a seguinte carta: Li com muita atenção a edição do Livro do Cinqüentenário do Clube dos Jangadeiros. No capítulo Ilha, fui testemunho do seu extraordinário esforço e dedicação. Parabéns. Hoje a Ilha é uma realidade que orgulha a todos nós, velejadores e amantes dos esportes náuticos. O Veleiros do Sul, como tu dizes, foi um bom exemplo para o Jangadeiros. Hoje, a realização dessa obra é também um exemplo vivo para o Veleiros do Sul. Existe entre nossos clubes uma rivalidade sadia e que só traz benefícios a todos nós. A vida dos dois clubes se confunde, pelas suas próprias origens e tradicional amizade entre seus associados. O Veleiros do Sul, por sua Comodoria e seus associados, manifesta o reconhecimento pelo seu trabalho e de seus companheiros pela concretização desse ideal. Parabéns a vocês todos e que estejamos juntos sempre, Veleiros do Sul e Jangadeiros, na prática comum de nosso amor pelo esporte da vela.” Com muito orgulho para mim, no dia 23 de junho de 1994, fui eleito presidente do Conselho Deliberativo do Veleiros do Sul. |