Conta todas, vovô
Jorge Vidal

Festa e festa em mais uma velejada pela Lagoa dos Patos

No dia 1º de janeiro de 1982, o Arpège rumou para São Lourenço do Sul. A bordo, meus filhos Jorginho e Alfredo, meus amigos Paulo Monte Lopes (Merê), Emanuel Blum (Maneca), Antônio Tubino e eu.

Saímos do Veleiros do Sul à tarde e pernoitamos na ilha Chico Manuel, onde o Maneca fez um suculento churrasco, assessorado pelo Merê. Pela manhã saímos bem cedo, velejando pela Vila de Itapoã, Ilha das Pombas, Ilha do Junco, para ancorarmos à tarde na Praia do Sítio, junto ao Farol de Itapoã da Lagoa.

Como é comum no local, tivemos vento leste muito forte durante toda a noite, a ponto de assobiar nos estais, mas o Arpège estava firme, agarrado na âncora. Pela manhã, chimarrão, seguido daquele café completo, preparado pelo Merê. Suspendemos o ferro e entramos na Lagoa dos Patos, rumo ao Bujuru. O forte vento leste continuava. O barco surfava, rompendo onda por onda. Chegamos ao Bujuru à noite. Pernoite, precedido de uma janta muito especial, preparada pelo Maneca, enquanto o Merê assistia, ele que mais tarde se tornaria um dos melhores cozinheiros embarcados que já conheci. Meus filhos lavaram a louça e a cozinha. Aproveitaram para comentar que o Maneca não sujava a cozinha, mas a pintava, de tantos respingos. A noite foi tranqüila.

Pela manhã, depois do café, fomos de spinaker (vela-balão) até São Lourenço, onde chegamos à tarde. Estava nos esperando o Dr. Nelson Rassier, desembargador em Porto Alegre, estancieiro na Feitoria e velejador em Pelotas. À noite, ele preparou um arroz de carreteiro no Yate Clube de São Lourenço, em comemoração ao seu aniversário.
Ficamos alguns dias em São Lourenço, seguindo depois para o Rio Grande, não sem antes, é lógico, passar uns dias em Pelotas, com a turma do Veleiros Saldanha da Gama, muito especial e festeira. O Zé Freitas foi o anfitrião e o Fernando Vianna nosso inseparável companheiro nos dias que passamos em Pelotas. Seguimos então para o Rio Grande, onde a recepção não foi menos calorosa. Festa e festa! Boa comida, boa bebida e muito papo. Os anfitriões foram muitos, pois eles se desdobram em atenções.

Velejadores de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Angra dos Reis, Rio, Vitória, Salvador, Recife, enfim de todo o Brasil, venham até o Sul. Tragam seus barcos. Vocês conhecerão nossa hospitalidade, as belezas de Rio Grande, Pelotas, rio São Gonçalo, arroio Pelotas, onde, aliás, se encontra um dos melhores estaleiros de veleiros de aço do Brasil.

Tomem coragem e venham até Porto Alegre. Será uma velejada diferente daquelas a que estão acostumados. O veleiro Viva, do comandante Pedro Paulo Couto, vem seguido para cá. Suas manutenções do barco são feitas em Porto Alegre, que oferece uma das melhores infra-estruturas náuticas do País. Temos aqui no Sul: a Nautec, a Delta, a Barco Sul, a Farol (mastros), a Manotaço Técnica (ferragens e mastros), o Santo Inox e o Nilson dos Santos (ferragens e mastros) e a Veleria do Nelson Piccolo, entre outros.