Conta todas, vovô
Jorge Vidal

Na presidência da Federação de Vela

No ano de 1941, os clubes náuticos do Rio Grande do Sul fundaram a Federação de Vela e Motor do Rio Grande do Sul, filiada à Confederação Brasileira de Vela e Motor, com sede no Rio de Janeiro. Seu primeiro presidente foi o Sr. Leopoldo Geyer, o pai da vela gaúcha.

A partir de 1974, em substituição ao incansável esportista Jorge Bertchinger, fui eleito pelo Conselho de Representantes da Federação de Vela e Motor do Rio Grande do Sul presidente, representando o Rio Grande Yate Clube e, sucessivas vezes, representando o Veleiros do Sul. Permaneci à testa da Federação de Vela por aproximadamente 12 anos. Foi uma experiência muito enriquecedora. Conheci autoridades, esportistas, velejadores, sem contar que aprendi muito dos segredos do iatismo.

A Federação de Vela gaúcha é muito respeitada, gozando de muito bom conceito. O Rio Grande do Sul tem inúmeros clubes que praticam o esporte da vela e a motonáutica. Já fomos campeões mundiais, sul-americanos, brasileiros e vencemos muitas regatas por este mundo a fora. O gaúcho, talvez por força de sua formação étnica, pratica muito esse esporte. Os ventos no sul também favorecem a prática da vela.

Em relação a qualquer outro Estado brasileiro, tivemos e temos o maior número de campeões mundiais, pan-americanos e sul-americanos: Nelson Piccolo, Boris Ostergren, Nills Ostergren, Marco Aurélio Paradeda, Paulo Renato Paradeda, Valdemar Bier, Gastão Altmayer, Alfredo Bercht, Niels Rump, Eloi Franzen, Nelson Ilha, Jorge Bercht, Hilton Piccolo, Renato Reckziegel, Ernesto Neugebauer, George Nehem, Walter Dreher, Vitor Hugo Schneider, Jimmy Koch, Marta Rocha, Gabriel Gonzáles, Carlos de Lorenzi, José Adolfo Paradeda, Luiz Pejnovic, Arthur Correa, José Luiz Ribeiro, Marcos Grussner, Detlen Fenselau, Danilo Grussner, Herbert Heidrich, Leo Penter, Jorge Papaléo Vidal, Carlos Altmayer Gonçalves, Luiz Eduardo Paradeda, Edson Cremer, Luiz Fernando Fuchs, Rubem Hemb, Kurt Keller, Rubens Goidanich, Rugard Brechtel, e Jorge Franke Geyer, que venceu a Buenos Aires / Rio em 1953, com o iate Cairu, entre outros mais jovens de uma safra de novos campeões. O Rio Grande do Sul já teve destacada participação também em Olimpíadas.

Como presidente da Federação, compareci em diversas eleições da Confederação Brasileira de Vela e Motor, no Rio de Janeiro. Indicamos sempre o almirante Dantas Torres, que foi diversas vezes reeleito e que dava muito bom apoio ao Sul. Mais tarde, durante o meu mandato, fui ao Rio de Janeiro, junto com Boris Ostergren e Marco Aurélio Paradeda e indicamos, juntamente com outros presidentes, o nome de Eduardo Souza Ramos para a presidência e de Marco Aurélio Paradeda para a vice-presidência da Confederação Brasileira de Vela e Motor. Foi uma gestão que trouxe muito bons resultados para a vela brasileira, modernizando inclusive os métodos de administração, treinamento de pessoal (o Boris Ostergren era o nosso técnico) e participação de atletas no exterior. A gestão do Eduardo Souza Ramos e Marco Aurélio Paradeda representou, a meu juízo, uma revolução na administração da Confederação Brasileira de Vela e Motor.

A ABVM tinha na pessoa de dona Orminda Torres, secretária-geral, um trabalho muito eficiente e de muito boa comunicação com as federações.
A Federação de Vela de Santa Catarina tinha como presidente o Vilfredo Schürmann, que mais tarde se tornaria um dos velejadores mais famosos do Brasil. Tínhamos com os catarinenses um ótimo intercâmbio de atletas, que participavam de regatas em Porto Alegre e Florianópolis. Nossos embaixadores naquela cidade eram os nossos dois queridos gaúchos Eloy Franzen (Peneira) e Álvaro Fonseca (Alvinho), que recebiam nosso pessoal sempre com a atenção que lhes é peculiar. Nossa turma se sentia em casa. Com a Federação Paulista também mantínhamos excelente relacionamento, em especial sob a presidência de Eduardo Souza Ramos.

Simultaneamente, além de presidente da Federação, fui eleito, em 1974, comodoro da Associação Brasileira Veleiros de Oceano – Sul, gestão em que me empenhei muito pela participação do veleiro Orion III, um Frérs 43 pés, fabricado no estaleiro do Plínio Flöerik, de propriedade do comandante Egon Barth, na Admiral’s Cup, na Inglaterra, representando o Brasil. A tripulação do Orion III, que viajou à Europa e conseguiu a terceira colocação em sua classe e 12a na geral, sendo a melhor classificação dos sul-americanos. Participaram 60 barcos de 20 países. A equipe: Egon Barth, comandante; Victor Barth, imediato; André Barth, proeiro; Carlos Altmayer Gonçalves, navegador e timoneiro; Léo Penter, proeiro; Eduardo Scheidegger Junior, proeiro; Jorge Papaléo Vidal, proeiro; Werner Neugebauer, proeiro; e Nills Ostergren, timoneiro e tático de velas. Foi uma das maiores e melhores participações da vela de oceano do Rio Grande do Sul no exterior. O Orion III se consagrou em águas européias. Na regata longa, ao Rochedo de Fast, no sul da Irlanda, alcançou o 8o lugar na ordem de chegada, superando verdadeiros racers da vela de oceano mundial.

Desportistas dos mais renomados da vela gaúcha já foram presidentes da Federação de Vela e Motor do Rio Grande do Sul, atual Federação de Vela do Rio Grande do Sul, tais como: Leopoldo Geyer, Osvaldo Linck, Hugo Berta, Roberto Bromberg, Ewaldo Ritter, Hugo Lemcke, Jorge Bertchinger, Edmundo Soares, Bruno Richter, Cláudio Aydos, Luiz Szabo Adasz, Astélio dos Santos, Edison Baptista Chaves, Frederico Linck, Frederico Cattivelli, Heine de La Rue, Augusto Eurico Hecktheuer, José Carlos Tozzi, Waldemar Bier, Gastão Altmayer, Fernando Carlos Moeller, Paulo Renato Paradeda, Nelson Ilha, Michael Weinsachenck, Pedro Szabo, Ivan Nogueira de Carvalho, Luiz Gustavo Tarragô de Oliveira e Ronaldo Cavalli.

Como comodoro da ABVO-Sul, procurei dar seguimento à participação cada vez maior de veleiros na raia, estabelecendo rating e, na oportunidade, trazendo a Porto Alegre o Sr. Jean Jacques Terrasson, medidor oficial da ABVO, que reestruturou totalmente a flotilha gaúcha de oceano, estabelecendo o rating real para cada barco, pelas regras IOR. Aumentou, com a vinda dos barcos importados, consideravelmente a flotilha de oceano, destacando-se: Orion II, Umarana III, Inca, Plâncton, Água Viva, Aventura, Nirvana, Alcyon, Gigi, Macanudo, Rajá, Don Alberto, Coral, Minuano, Esfinge, Charlie Bravo, Arpège, Tornado, Mero, Vega, Regina, Tahiti, Vagabundo, Garufa, Milonga, Aquário, Cristina, Garôa, Sorimã, Jóia, Igaraçu, Sapeca, Mistral, Caprice II, Letícia, Bamba, Delfim, Scorpion, Eneida, Aura, entre outros. E mais tarde Orion III, Madrugada, Ressaca, Tuchaua, Caçula e algum outro racer que não lembramos no momento, ou sem registro em nossos arquivos.

As regatas no Guaíba e na Lagoa dos Patos eram disputadíssimas e freqüentes.
Foram meus incansáveis colaboradores os notáveis esportistas Edmundo Soares, Bruno Richter, Augusto Eurico Hecktheuer, Frederico Linck, Jorge Bertchinger, Boris Ostergren, Victor Barth, Carlos Henrique de La Rue, Marco Aurélio Paradeda, Emanuel Blum, Sâmis Manica, Marcio Lima, Waldemar Bier, Cláudio Aydos, Taltibio Santos, Aimê Soares, Edison Baptista Chaves, Fernando Krahe, Luiz Szabo Adasz e Rita Richter, a quem devo muito dos sucessivos resultados alcançados durante esses longos anos.

Em 20/12/1986, por ocasião dos 50 anos de Federação, tive a honra de receber do presidente Paulo Renato Paradeda o título de Membro Honorário, pelos relevantes serviços prestados.
Na minha vida de cartola fui, em 1993, vice-presidente da SOAMAR-RS – Sociedade Amigos da Marinha, pois fui agraciado com a medalha de Amigo da Marinha, em 2 de dezembro de 1982, e faço parte da SOAMAR.