Conta todas, vovô
Jorge Vidal

Nossas semelhanças com a Marinha de Guerra

Quando comodoro do Veleiros do Sul, tive contato intenso com as autoridades navais, como convém a qualquer clube náutico. Os velejadores habilitados são a reserva da Marinha, assim como os pilotos civis são a reserva da Aeronáutica.
Houve até um episódio da 2a Guerra Mundial em que na retirada de Dunkerque, em junho de 1940, no Canal da Mancha, a participação dos iatistas foi de vital importância para a evacuação das tropas aliadas, pois os velejadores, voluntariamente, foram com seus barcos ajudar pessoalmente, assumindo o risco de suas próprias vidas. Esse episódio ficou famoso, transformando-se em marco das ligações dos esportistas praticantes da náutica com as Forças Armadas.
Convivi com grandes e preparadíssimos oficiais da nossa Marinha de Guerra, principalmente com as autoridades do 5o Distrito Naval, baseado na cidade do Rio Grande, e com a Capitania dos Portos de Porto Alegre.
Conheci, por exemplo, o almirante Mauro César Rodrigues Pereira, comandante do 5o Distrito Naval e que mais tarde foi Ministro da Marinha, no Governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Oficial de extraordinária competência e inteligência, de fina cultura, assim como sua esposa, dona Alice Martha. Recebemos do almirante Mauro César importante e intenso apoio. Realizamos inúmeros seminários, cursos e palestras. O almirante participou, com todo seu Estado Maior, das festas e comemorações esportivas do Veleiros do Sul. Como Ministro, deu integral apoio e aconselhamento para a Regulamentação Náutica Esportiva em uso no País, à qual estão submetidos todos os velejadores.
Privei também da amizade do capitão-de-mar-e-guerra Newton Cardoso, comandante da Capitania dos Portos de Porto Alegre, e de sua esposa, dona Maria Helena, de cuja família me tornei amigo, sem contar que sempre recebi total apoio logístico para a segurança de nossas embarcações, além da sua participação pessoal no cotidiano do clube.
O comandante Newton passou seu cargo ao capitão-de-mar-e-guerra André Costa, gaúcho do Rio Grande, de quem continuamos recebendo a melhor das atenções. Almoçávamos seguidamente na Delegacia da Capitania, onde trocávamos idéias e recebíamos do comandante todo apoio e amizade, inclusive na importante missão da segurança náutica.
Faço questão de mencionar também:
– O comandante Érico Wellington Liberatti, chefe do Estado Maior do 5o Distrito Naval e que havia sido comandante do Veleiro-Escola, hoje Cisne Branco, tratando-se de um grande e experiente velejador. Na Escola Naval, os alunos praticam muito a vela.
– Capitão-de-mar-e-guerra Sérgio Caldas Restier Gonçalves, comandante do Grupamento Naval do Sul, oficial de finíssimo trato e simpatia.
– Capitão-de-mar-e-guerra Paulo Roberto Louzada, comandante do Navio Transporte de Tropas Custódio de Mello, com o qual tive o prazer de navegar naquele navio, a seu convite.
– Capitão-de-mar-e-guerra Edric Barbosa Filho, comandante da Corveta Imperial Marinheiro, com quem tive a honra de participar de almoço íntimo oferecido ao ex-Governador Olívio Dutra, então Prefeito de Porto Alegre, a bordo da própria Corveta, atracada no porto de Porto Alegre, em 8 de setembro de 1991.
– Capitão-de-mar-e-guerra Bernardo José Pierantoni Gamboa, atual comandante do Navio-Escola Cisne Branco, grande amigo, meu e de meus filhos, que serviu na cidade do Rio Grande, junto com o almirante Achê Pilar, e que construiu aqui no Sul seu primeiro veleiro de madeira, em São Lourenço, no estaleiro do Divino Vernet, cabinado, motor Faryman, de nome Carolina, em homenagem a sua filha. Um legítimo Vernet 26 pés. É amigo de todos os velejadores e um grande iatista.
Fiz algumas viagens nas corvetas Bahiana e Imperial Marinheiro, nos rebocadores de alto-mar Tritão, Felinto Perry, na fragata União e no navio balizador Comandante Varela.
A meu juízo, o pessoal da Marinha é uma tropa de elite. São pessoas altamente preparadas, inteligentes, de fino trato e solidárias, o que, aliás, é marca de todo marinheiro.