Conta todas, vovô
Jorge Vidal
Reativando a Porto Alegre / Rio Grande
Em m princípios de 1971, quando era comodoro do Veleiros do Sul, o companheiro Frederico Cattivelli Filho, tendo Bruno Richter na vice-comodoria e Fernando Marsillac como diretor de Vela de Oceano, resolveu-se reativar as tradicionais regatas entre Porto Alegre e Rio Grande. As primeiras providências, como programa de largada, percurso, chegada, etc., foram tomadas conjuntamente entre o Veleiros e o Yate Clube Rio Grande. Presidida por Frederico Linck Neto, a Federação de Vela a Motor do Rio Grande do Sul oficializou a competição. Inscreveram-se os seguintes veleiros: Orion II, do comandante Egon Barth; Mistral, de Fernando Marsillac; Inca II, de Alfredo Bercht; Coral, de Ernesto Neugebauer; Igaraçu, de Mário Bento Hoffmeister; Martha, de Jorge Alberto Fernandes Vidal; Caprice, de Francisco Caruccio; Bamba, de Nevaldo Cavalli; e Mero, de Marcelo Bueno. Era uma das noites mais festivas da sua história. Tocando o dobrado Cisne Branco, a Banda da Brigada Militar dava um toque especial de festividade, animada pelo espocar de uma bateria de fogos de artifício ao longo dos molhes, no Veleiros do Sul. László Böhn foi o escalado para juiz de largada e responsável pelas chegadas nas bóias da Feitoria, além de ser o diretor técnico da prova. Bruno Richter, Fernando Marsillac, Nevaldo Cavalli, Frederico Sperb e Arnaldo Scarrone, os vice-comodoros, se encarregaram das medições, festividades e de toda a estrutura para a concretização do extraordinário evento. Eram exatamente 22 horas quando foi dado o tiro de largada, com vento soprando do quadrante leste. Eis que velejando próximo à Ilha do Presídio, os participantes da regata foram surpreendidos por uma rajada de tiros disparados pelos guardas do presídio, assustados com o que imaginavam ser uma invasão. Tudo esclarecido e passado o susto, os velejadores seguiram rumo à Lagoa dos Patos, tendo um resto de noite tranqüila. A segunda noite ainda encontrou os barcos velejando na Lagoa, na altura do farolete do Capão da Marca, onde foram apanhados por um breve temporal sul, que espalhou toda a flotilha. Treze minutos depois chegou o Orion II e na seqüência: Inca II, Coral, Igaraçu, Martha, Caprice II e Bamba. Devido a sérios problemas na Lagoa, o Mero não completou o percurso. Outro fato curioso naquele passado romântico em Rio Grande eram as idas do veleiro Cairu, do comandante Leopoldo Geyer, o pai da vela gaúcha, fundador dos clubes Veleiros do Sul, Jangadeiros, Iate Clube Guaíba, da Federação de Vela e tantas outras entidades do esporte da vela pelo Brasil. Pois bem, seu Leopoldo, como era conhecido, quando velejava pela Lagoa dos Patos, em direção ao Rio Grande, quase sempre na compainha do Newton Barreto, então um jovem aviador, levava consigo alguns pombos-correio, em engradados próprios, pois era também colombofilista. À medida que chegava a algum lugar mais notável, como Farol do Cristóvão Pereira, Barra Falsa, Bujuru, etc., ele soltava um pombo com a sua mensagem de chegada naquele ponto e notícias da velejada. Eram outras épocas. Realmente... muito mais românticas! |