Crepúsculos de Porto Alegre
Pequenas ondas vêm
se desfazem
como quem se despede e não parte
O rio
O rio só alonga a sua desistência
São estes crepúsculos
O vento parou Ou não
O homem também
Algo maior imobiliza
e há que olhar
O melhor da cidade são estes crepúsculos
Para acertar o tom
a luz chega ao ponto de se desintegrar
em cores Mas acerta
Na suave nitidez
cada coisa é o que é
O crepúsculo chega
ao coração das coisas
às lágrimas das coisas tuas lágrimas
não as que sabes as que ignoravas
Estes crepúsculos
de Porto Alegre
Vê-los e morrer
Vê-los é morrer
Paulo Hecker Filho, Fidelidades