Escolha quem vai embarcar
Há quem embarque pessoas que não gostam de náutica. E há muita gente assim com medo d'água. É apenas questão de gosto e não há nada de errado com elas, com certeza - apenas não gostam de estar na água. Por que então embarcam? Porque as circunstâncias muitas vezes forçam-nas a isto: vai "todo mundo" e elas acabam embarcando ou a pessoa tem curiosidade e aproveita a oportunidade.
Evite estes 'caronas' encorajando-os a ficar em terra alegando que o barco já está muito pesado ou que não há colete para todo mundo. Assim agindo V. beneficiará, não só a eles, mas a todos os outros no barco. Quando a pessoa em questão é pai ou mãe, os filhos presentes sofrem juntos: há pais, mas principalmente mães, tremendamente estressadas quando embarcadas, amedrontadas e inseguras por estarem a bordo (é comum não saberem nadar). Tornam-se mudas durante o passeio e com o semblante tenso ficam sentadas em um mesmo lugar o tempo todo, mais encolhidas no colete que piolho em costura.
Agarradas à borda
ou ao que encontrarem para segurar, algumas pessoas fazem comentários
sobre tragédia, como citar o Titanic e deixando transparecer claramente
todo o seu desconforto. Das poucas coisas que se ouve delas são frases
do tipo "Já não ta tarde, hein?", "Vamos voltar,
gente?", "Esfriou muito, né?", "O tempo tá
fechando: olhem lá pr'aquele lado, ó"... "Acho que
vai vir um temporal!...". Para estas pessoas, o grande momento do passeio
é o desembarque. Assim agindo na presença dos filhos, transmitem-lhes
a idéia de que vivem momentos de perigo iminente.
É admissível (e não raro) que pessoas ajam assim, traumatizadas
com a água. Normalmente são pessoas maravilhosas para se conviver.
Em terra.
Esta conduta é totalmente
indesejável na presença de crianças (filhos). Em vez
delas aprenderem a ter prazer a bordo, percebem na conduta de desespero da
mãe que estar embarcado é um sacrifício e muito perigoso.
Pobres pais... É assim que perdem antecipadamente os futuros parceiros.
E para deixar este ponto de vista bem claro, isso não ocorre só
com as mães nem só com as mulheres. Ocorre com homens também.
Nada contra mulheres a bordo. Muito pelo contrário! A idéia,
em resumo, é que fazer algo, seja lá o que for, com quem não
sente prazer é muito chato. No entanto, se o embarque de pessoas assim
for inevitável, tente amenizar o sofrimento delas: ande devagar, não
acelere bruscamente, não faça curvas fechadas, converse para
distraí-las, mostre-se compenetrado, diga com antecedência o
que vai fazer (curvas, paradas, etc) e avise sobre as viradas de bordo. Jaibe
nem pensar!
De um modo geral, permita que as crianças participem de seus passeios, desde pequenas. As crianças acostumadas a navegar desde cedo têm muito melhores chances de serem bons navegadores mais tarde (como em tudo na vida, aliás). Vê-se adultos que apreciam o esporte mas, marinheiros de primeira viagem, padecem quando embarcados - estranham o balanço do barco, a velocidade, os "carneirinhos", o céu nublado, qualquer vento, etc. Coisas que aprendidas (assimiladas) quando pequenos, não mais causam desconforto.
Vejam como era pequeninho
o meu proeiro atual, aos 3 anos, navegando de carona na Pinguela, no mesmo
barco que, 12 anos depois, podia pilotar sozinho.
Texto: Danilo
C Ribeiro
Abril/1.999;Jul/2002