EPIRB - Salvação no Mar
Capitão Am. Eduardo Secco Hofmeister


EPIRB da Benevente (Dez2003)

Na última semana acompanhamos pela imprensa a busca e salvamento da tripulação do pesqueiro atuneiro Chile II que afundou na costa gaúcha. Em primeiro lugar é interessante, nós como navegadores, avaliarmos os detalhes desta operação de resgate.
Vamos aos dados cronológicos:

- O atuneiro virou às 15 horas do domingo, 07/09/2003,
- Cerca das 18 horas o 5° Distrito Naval de Rio Grande recebeu a mensagem do EPIRB.
- Ainda no domingo, a equipe do Salvamar fez um alerta geral, por rádio, aos pesqueiros em atividade. Barcos que se encontravam próximos à última coordenada emitida pelo Chile II iniciaram as buscas.

- Segunda-feira: Uma aeronave Bandeirante e um Hércules C-130, ambos da FAB, chegaram à região e se revezam sobrevoando a área.

- Terça
-feira: No final da tarde, o navio-patrulha Benevente, da Marinha, se juntou à força-tarefa.

- Quarta-feira: às 06:30hs um Hercules C-130 baseado no Rio de Janeiro e com equipamentos especiais para busca e salvamento junta-se a missão. Esta aeronave possui tanques reserva que aumentam em muito a sua autonomia, permitindo que fique mais tempo sobrevoando a área de procura.

- Quinta-feira: As 18:02 hs a tripulação deste Hercules, em seu último sobrevôo, avista um foguete lançado pelos náufragos. A balsa salva-vidas é localizada e o avião lança 2 balsas auto-infláveis para os náufragos. As balsas lançadas pela equipe do SAR contêm cobertores, mantimentos, medicamentos e um rádio de comunicação portátil sintonizado na freqüência do SAR. Como já estava escuro, o avião lançava a cada 20 minutos um foguete sinalizador, que deixava tudo claro ao redor da balsa. O avião lançou estes foguetes durante três horas, um dos foguetes falhou e como estava muito escuro, a equipe do SAR quase perdeu o visual da balsa. Como tinham a posição pelo GPS conseguiram lançar novo foguete que iluminou a área e a balsa.
- 21:00 hs chegada do navio Benevente da Marinha, que resgatou os náufragos ente 21:00 hs e 21:30 hs.


A Benevente com seu EPIRB (detalhe) instalado no convés

No momento do acidente o mestre não teve tempo de emitir nenhum sinal de socorro via rádio. O Salvamar ficou sabendo do acidente via sinal do EPIRB, que foi acionado automaticamente assim que caiu na água.
A balsa navegou cerca de 165 milhas náuticas em 99 horas, numa velocidade média de 1,7 nós, impulsionada pelo forte vento e pela correnteza.

A com o forte vento a balsa, que está mais exposta ao vento, distancio-se do EPIRB. Se a balsa estivesse junto ao EPIRB, o salvamento teria ocorrido mais cedo.
O EPIRB não fica junto da Balsa Salva Vidas, é ativado e flutua independentemente dela. Se a tripulação do Chule II tivesse procurado o EPIRB e deixado-o junto à balsa, eles teria sido resgatados já na segunda-feira. Como o vento era muito forte, a balsa navegou mais que o EPIRB, distanciando-se dele e do local do naufrágio.

Entenda mais sobre o EPIRB

Os EPIRBs - Emergency position-indicating radio beacon, ou rádio-baliza indicadora de posição em emergência, são transmissores de emergência que emitem chamadas de socorro, que são recebidas por satélites, estações costeiras ou outros navios. Uma vez ativados, os EPIRBs transmitem continuamente por pelo menos 48 horas, para permitir às unidades de busca e salvamento localizarem e efetuarem o "homing" do sinal.

Os Epirbs, quando ativados, transmitem sinais que são detectados pelos satélites COSPAS-SARSAT. Estes sinais, então, são retransmitidos para uma estação de terra, denominada LUT ("local user Terminal"), que os processa para determinar a posição do sinistro (posição do EPIRB). Um sinal de alerta, então, é retransmitido, com os dados de localização do sinistro e outras informações, via um Centro de Controle da Missão (MCC - Mission control center), para um Centro de Coordenação de Salvamento (RCC - Rescue coordination center), a fim de que uma operação de busca e salvamento seja desencadeada. A contagem Doppler, usando o movimento relativo entre o satélite e o EPIRB, é empregada para determinar a posição do emissor (de modo semelhante ao utilizado no antigo sistema TRANSIT, ou NAVSAT, de Navegação por Satélite). As freqüências atualmente em uso são 121,5 MHz (freqüência internacional de emergência aeronáutica) e 406,025 MHz. Os EPIRBs de 406 MHz são mais sofisticados que os de 121,5 MHz, pois permitem a inclusão na chamada de socorro de códigos de identificação. Para otimizar a localização pelo método Doppler, uma órbita quase polar de baixa altitude é utilizada. A altitude da órbita dos satélites COPAS é de, aproximadamente, 1.000 Km, enquanto que a dos satélites SARSAT é de cerca de 850 KM. Para os EPIRBs de 406 MHz é garantida uma cobertura global contínua.

Os Epirbs convencionais transmitem em duas freqüências de emergência em VHF, 121,5 MHz e 243,0 MHz (freqüência par uso militar). Estes EPIRBs podem ser Classe A, que flutuam e são ativados automaticamente, ou Classe B, que tem que ser manualmente ativados.
Os satélites COSPAS-SARSAT monitoram a freqüência de 121,5 MHz, mas não podem armazenar o sinal EPIRB nesta freqüência, sendo apenas capazes de retransmiti-lo. Isto significa que, para ter efeito, deve haver "mutua visibilidade", ou seja, o satélite deve ser capaz de detectar o sinal do EPIRB e estar no "campo de visão" de uma das estações de terra do sistema (LUT - "local user terminal"), para que o sinal do EPIRB seja diretamente retransmitido para tal estação. Poe esta razão, cobertura mundial em tempo real não pode ser alcançada com a freqüência de 121,5 MHz. Além disto os EPIRBs de 121,5 MHz não identificam a fonte. O uso de um radiogoniômetro em VHF 121,5 MHz pelos navios/aeronaves do SAR, embora não seja obrigatório no GMDSS, facilita o "homing" e a localização do EPIRB.

O modelo mais eficaz é o EPIRB - satélite de 406 MHz. Este equipamento transmite na freqüência de 406 MHz e proporciona:
- Maior precisão na localização;
- Cobertura global
- Identificação de cada EPIRB; e
- Inclusão de informações sobre o sinistro.

Obs.: A Westmarine oferece EPIRBs por US$1.200.