25 Dez 2004
Neste Natal recebi um pequeno pacote contendo um bonito cartão e um presente.
Li o cartão e não entendi bem o porquê daquelas palavras do Rogério e da Lurdes que soaram como de consolo, de conforto. Que é preciso ter fé, não perder a esperança e coisa e tal.

O presente era um par de óculos usado.
Tinha uns arranhõezinhos nas lentes, e marcas de dentes nas hastes. Mas estava bem limpo.
Fiquei por alguns instantes olhando aquilo, sem entender nada. Até que caiu a ficha!

Era o meu velho RayBan que um dia tinha ido pra água e do qual eu já nem me lembrava!
Assim que me dei conta, muita coisa passou pela minha cabeça em uma rápida sucessão de cenas, como que assistindo a um videoclipe. E só então entendi o conteúdo da mensagem no cartão de natal.

Em uma das cenas eu aparecia atracando meu barco junto ao trawler Porta do Mar, no Clube dos Jangadeiros. Coisa de um ano, talvez. Ao lançar o cabo ao poste de atracação, meus óculos foram pra água.

Fiquei imaginando a iniciativa deles em mandar um mergulhador lá embaixo, em limpar os óculos, em bolar o cartão, em catar um estojo, em realizar o agrado. Veio até uma flanelinha daquelas de ótica junto!
Tive uma alegria muito grande.
Tive o raro prazer de me perceber rindo sozinho.

A lembrança, o carinho, a surpresa e o gesto deste casal amigo foram meu melhor presente de Natal.

Assim como este assunto está fora do contexto do popa, assim também iniciativas como esta do Rogério e da Lurdes Morganti parecem estar fora do contexto da vida de muita gente.
É muito bom ter amigos assim, digamos, tão fora do padrão.