A Batalha do Rio da Prata
Cmte Antônio Joaquim Machado

18 Jan 2004
No final do ano de 1939, a 60 milhas do charmoso balneário de Punta Del Este, junto ao porto de Montevidéu, encerrava-se o último ato de um dramático episódio, posteriormente conhecido como a Batalha do Rio da Prata.

A Alemanha nunca se constitui numa potência naval, apesar de ter possuído excelentes navios e tripulações.

Punida com o Tratado de Versalhes após a I Guerra Mundial, viu-se obrigada a estratagemas para construir uma nova e modesta marinha de guerra.

Assim, surgiram os "couraçados-de-bolso": como tinham a limitação de 15.000 ton para a construção de novas belonaves, produziram este tipo de navio, com 16.000 ton (1.000 ton ficou no "chute...").

Os couraçados-de-bolso, em alto-mar receberam instruções de atacar nos locais mais inesperados a fim de manter as esquadras aliadas dispersas, principalmente a Home Fleet, facilitando o desenvolvimento de outras ações navais contra a Inglaterra.

Neste contexto, o Graf Spee ficou com o sul do Equador como zona de operações, ficando o Deutschland com o Atlântico Norte.

A 30 de setembro de 1939, o Graf Spee começou a sua caçada, afundando o cargueiro Clement, na altura de Pernambuco. Enquanto os aliados formaram cinco grupos de caça para esquadrinhar o Atlântico, o Graf Spee capturou o Newton Beech, afundou o Huntsman, o Trevasnion e o petroleiro África Shell, na costa de Lourenço Marques.
Seguindo em sua tarefa, afundou os navios Doric Star e Tairoa, próximo a Santa Helena.


Altmark reabastecendo o Graf Spee

Após o último encontro com o seu reabastecedor, o Altmark, o Graf Spee seguiu para o Rio da Prata., onde fez a sua última prêsa, o Streonshalh.

A marinha inglesa sabia que o Graf Spee não resistiria à tentação do grande número de navios mercantes que demandavam do centro comercial do Rio da Prata e deslocou 3 cruzadores no seu encalço: o Ajax, o Achilles e o Exeter, ficando ainda o Cumberland como reserva nas Malvinas (Falklands), complementando um conserto.

A 13 de novembro, o Graf Spee foi avistado pelos cruzadores ingleses e imediatamente atacado.

A maior agilidade dos cruzadores, cercando o couraçado, não permitia ao Graf Spee concentrar a sua artilharia contra o Exeter e eliminá-lo. Mesmo assim, este ardeu como uma fogueira, retirando-se para as Malvinas.

O Ajax também foi seriamente avariado, mas o Graf Spee, em vez de persegui-lo, optou por retirar-se para oeste, em direção ao Rio da Prata.


Couraça do Graf Spee, de 6 polegadas, danificada

O couraçado-de-bolso, com diversas avarias e pouca munição, fundeou no porto neutro de Montevidéu, enquanto os cruzadores tomaram posições de patrulha ao largo da barra, com o Cumberland juntando-se a eles.

Começou aí uma batalha diplomática, com o Graf Spee tendo 72 horas para fazer-se ao mar novamente.

Neste ínterim, a BBC começou a tecer imensa teia de propaganda, descrevendo a poderosa frota de navios que se dirigia a todo o vapor para o Prata a fim de aniquilar o Spee.

Langsdorff, o comandante do Graf Spee, começava a crer que tinham fundamento estas notícias e que, mesmo passando pelos cruzadores, não poderia fugir às grandes belonaves que estariam cobrindo a sua rota para a Alemanha.

No fim de tarde de 17 de dezembro, cerca de 750 mil pessoas assistiram ao couraçado-de-bolso sair lentamente para alto-mar.

Langsdorff, que já havia desembarcado 700 tripulantes, dirigiu a sua nave para fora do canal principal, ordenou o desembarque de sua tripulação de demolição e fez continência quando, às 20:54 h, exatamente ao por do Sol, explosões sucessivas e violentas romperam o fundo do casco do Graf Spee, afundando-o no lodo que margeia o canal da baía.

Em Buenos Aires, três dias depois, o capitão alemão envolveu-se na bandeira da Marinha Imperial Alemã, sob a qual lutara na Primeira Guerra Mundial, e suicidou-se com um tiro.




Graf Spee em chamas

 


Graf Spee em chamas (2)

 


O Graf Spee está soçobrado a 7m de profundidade, ao largo de Montevideo, a 450 NM de P. Alegre

 


O episódio Lost Ships do Discovery Channel de 1.997 mostrou o resgate de um canhão de médio porte do Graf Spee,
atualmente na entrada do Museu Naval de Montevidéu.

 


Capitão Langsdorff

 


Túmulo de Langsdorff em Buenos Aires

Comentários recebidos

06 Fev 2011
Emídio Carlos de Albuquerque

Em adolescente li em inglês o romance "Graf Spee" em edição de bolso.
Anos depois, mais precisamente em 1977 foi para a Argentina, Mendoza. Estava em casa de uma amiga e conheci uma garota filha de alemão.
Um dia ela me disse que seu pai havia pedido para que ela me convidasse a tomar um chá com ele.
Na hora marcada fui à sua casa, que ficava ali mesmo em Chacras de Coria, um quarteirão distante. Ao entrar na sala havia um grande quadro na parede retratando um navio que logo reconheci como sendo a mesma pintura de capa do livro que eu tinha.
Fiquei olhando para o quadro e ele me perguntou o que tanto havia me interessado. Eu lhe respondi: Este não é o Graf Spee? Ele sorriu e me perguntou o que eu sabia do Graf Spee. Dizendo-lhe o que eu conhecia, convidou-me à mesa e começou a narrar os fatos reais. Ele havia sido tripulante daquele encouraçado, bem jovem, e se refugiou na Argentina quando o Capitão contratou barcos de pescadores para levar os tripulantes para terra. E foi uma conversa de umas três horas.
Foi realmente emocionante saber os detalhes de antes e após o capitão haver explodido o barco bem fora da costa.

21 Dez 2010
João Fernando Krahe

Cmte.Antônio Joaquim Machado, meus cumprimentos por seu artigo sôbre a Batalha do Rio da Prata. O seu artigo expressa a verdade enquanto o artigo escrito por um cidadão Vinicius Claret, que me pareceu ser uruguaio, está cheio de erros, a começar dizendo que a águia que foi retirada recentemente do Graf Spee, estava na proa do navio, quando era exatamente o contrário, estava na popa do mesmo e foi o único navio da marinha de guerra nazista que ficou com essa águia, pois a três dias do início do conflito ou seja no dia 27 de agosto de 39,o fuhrer deu ordens ao almte. Raeder, comandante em chefe da marinha para que fossem retiradas todas essas águias da popa afim de dificultar o reconhecimento dessas embarcações em alto mar. O único navio que manteve esse símbolo foi exatamente o Graf Spee, isso porque quando a ordem fora dada, o mesmo já encontrava-se em almar, pois saira de seu porto em 21 de agosto,isto é 7 dias antes da ordem ser expedida. Com isso o enorme valor histórico e evidentemente tambem monetário para essas casas de leilões como a famosa Christies de N.York ou a Southebyers de Londres em quererem adquirir esse símbolo para leiloa-lo a preço de ouro. Foi por esses motivos que escrevi correspondência ao presidente do Uruguai, Senhor Tabaré Vasquez a cerca de dois ou mais anos, solicitando que não permitisse a venda desse troféu, pois entendo que o mesmo seja propriedade do povo uruguaio, como símbolo de uma guerra que passou em suas costas.
Outrossim o articulista menciona que o comandante Langsdorff teria se suicidado no dia 20 de dezembro em um quarto de HOTEL. Mentira dele. Langsdorff encontrava-se nas dependências do Arsenal da Marinha Argentina e suicidou-se na noite do dia 19 e não 20 de dezembro.
Acredito que a história deva ser escrita realmente como foi e não com informações erroneas de quem não sabe bem dos fatos.

Atenciosamente/ João Fernando Krahe


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