Histórias de um jovem marujo
Vivência pessoal precoce

Rodrigo Junior

Oi de novo Danilo!
Tudo bem?
Puxa! Você me faz parecer alguém importante! Obrigado!

Meu nome é Rodrigo ... Junior. Sou de Portugal, tenho 13 anos, nasci em Coimbra, em 1993. Tenho 1,63m e peso 52 kg. Minha mãe é de Caruaru, Pernambuco, aqui no Brasil e meu pai, de D... Haag, na Holanda. Eu sei, sou um milk shake.
Nasci na Europa e logo depois fui morar no Canadá. E depois, nos Estados Unidos, por causa dos empregos do meu pai. Ele trabalha na TransWorld.

Cheguei ao Brasil, logo após aquela loucura do 11 de setembro.
Por incrível que pareça, eu tava lá e pensava que aquilo era um filme legal que ia passar na TV. Pode? Aqui, ainda estou aprendendo muitas palavras em português, porque, acho, minha língua natural poderia ser o inglês, já que passei boa parte da minha vida, falando naquela língua. Pior, meu pai não fala português. E eu, não falo quase nada de holandês. Então, só converso com ele, em inglês, durante a semana e nos finais de semana, pelo MSN, porque meus pais são divorciados e meu pai mora em Auckland, New Zealand. Nunca mais o vi e sinto saudades dele.
Minha mãe mora em São Paulo, com meu padastro. E eu, moro com minha tia e minha prima, aqui em Guarujá. É minha tia quem me cria até hoje.

Como disse, não sei falar as palavras mais difíceis do português. Minha sorte, é que minha tia é professora e me ensina muito. Uma vez, dei o maior fora, quando vi aqueles pássaros chamados periquitos. Só que eu não sabia o nome deles em português. Então, não conseguia falar para o dono, que gostava daquilo. Aí, cheguei em casa e fui procurar a tradução para Lovebird.
Eu sei! É engraçado!

Conheço muitas pessoas de vários lugares do mundo, como Inglaterra, Portugal (claro!), Colômbia, Canadá e USA. Até da Rússia! Conheci muitos lugares incríveis, também. E talvez vá morar com meu pai, esse ano, lá em Auckland. O problema, é que minha mãe não deixa, e eu sou menor de idade. Não posso decidir nada por mim. Mas achei incrível aquele garoto de 14 anos, que fez uma travessia sozinho no mar, num barco à vela. Se ele pode, acho que também posso. A sorte dele, é que ele não sente nenhum enjôo. Eu acho! E também ele parece mais velho e mais alto do que eu. Vão pensar que ele é adulto. Aliás, como ele fez isso, sendo menor?

Pelas Leis do Brasil, sou também cidadão brasileiro e tenho os mesmos direitos que os brasileiros. E posso dizer, que adoro o Brasil. Esse é o país mais legal do mundo! Aqui as pessoas são boas, não tem neve, nem furacão. Eu vi um uma vez e aquilo me deixou com muito medo. Nunca mais quero ver outro furacão na minha vida. A casa que eu tava, metade dela saiu voando. E um carro foi parar do outro lado da rua. Você perde tudo, quando isso acontece.

Às vezes, meus pensamentos são em português. Às vezes, em inglês. Conheço um pouco de francês, porque no Canadá também se fala francês e tô melhorando meu espanhol. Não consigo mesmo, é falar holandês. Muito difícil.
Tive a oportunidade de conhecer pessoas como o Chip Foose, o Michael da YearOne, o Paul Teuton Jr, da Orange County Choppers e o pessoal da Offlimits. Claro, é tudo sobre carros. Afinal, adoro carros, mesmo não podendo dirigir. De todos eles, ganhei camisetas, bonés, adesivos, posters, fotos autografadas e está tudo guardado na minha coleção. Também coleciono conchas e aqueles barquinhos de por sobre a mesa. Adoro barcos do Século XVI. Queria andar num de verdade. Adoro estórias de piratas também. E já estive na Praia de Bonete, em Ilhabela, aqui no estado de São Paulo, bem no lugar chamado Saco do Sombrio, onde o Thomas Cawendish se escondía com seu barco, pra atacar os outros barcos que faziam o comércio com outros países. Do mar de fora, realmente não dá pra ver o Saco. É um belo esconderijo.

Costumo navegar em barcos dos amigos do meu avô, lanchas de 32 a 43 pés, a motor. Mas também gosto de andar no Hobbie Cat 3.9. Pelo menos não tem o barulho do motor. Já andei de Jet Sky. É muito legal! Mas não pude ir sozinho, porque não tenho habilitação e sou menor.

Mas meu problema é o maldito enjôo. Se eu sair um pouquinho e voltar, tudo bem. Se eu dormir fora, aí eu fico mal. Pediria até para morrer! Uma vez, vomitei tanto, que quase fiquei desidratado e o barco teve que voltar. Quer dizer, estraguei o passeio de todo mundo. Pior, ficaram falando que levar criança no meio de homem, dava naquilo.
Eu até tomo aquele Dramin! Mas me dá um super sono e eu não consigo fazer mais nada e só quero ficar dormindo. Muito chato! Mas, é o jeito. Se não, fico mareado na certa.

Legal! Eu li a respeito da Escopolamina. Puts! Incrível! E eu já tomei muito Buscopan na vida, pra dor de barriga. Resolvia viu! A dor. Mas nunca tomei pra enjôo. Essa é nova pra mim.
Bom, continuando, navego desde Santos até o Rio de Janeiro. Nossa! Já fui até o Rio de barco! Demorou 12 horas! O mar lá é muito fundo! Dá até medo! E tem tubarão em certas áreas. Mas é muito bonito! Mas não saio toda hora! Geralmente, só nas férias ou feriados, como agora e quando o dono do barco vem e me convida, o que não é sempre assim.

Acho que gosto de tudo que é do mar. Está no sangue dos portugueses. Em Portugal dizemos, que todos os portugueses são pescadores. Sempre olhamos para o mar, porque atrás, está a Espanha. E da Espanha, nem bom vento, nem bom casamento. É um ditado. Mas eu sou um pescador que sente enjôo no mar. Dá pra acreditar?
Li todos os livros do Amyr Klink. E adorei aquele chamado Cem Dias Entre Céu e Mar. Queria poder conhecê-lo. Sei que ele mora em Parati – RJ e tem uma coleção de canoas incrível.

Sabe, adoro coisas sobre o tempo, se vai virar, pressão do ar, temperatura, etc. Por exemplo, já sei que, quando o tempo vai mudar e uma frente fria vai chegar, o barômetro cai e a temperatura sobe. Quando passa, é o contrário. Sei exatamente onde fica o norte. Por isso, acho que nunca me perderei no mar. Claro, espero nunca ficar náufrago.
Adoro preparar o barco para viagem. Sei tudo que preciso levar. Acho que levo até umas bobeiras a mais. Sei ler a Carta Náutica também.

Por exemplo, eu levo na minha mochila, uma bússola portátil, uma lanterna, pilhas e até uma lâmpada de reserva, remédio pra enjôo (esse não pode faltar, se não eu morro), jujuba (é bala de goma), chocolate (sou viciado em chocolate), bala de hortelã (é bom pro estômago), água, gatorade e muito salgadinho (snacks). Também levo roupa seca, dentro de um saco à prova d'água, creme protetor solar e material pra pesca. E tenho um livro pequeno, que ensina sobre os primeiros socorros.

Conheço os sinais de socorro e sei falar no rádio. Minha próxima conquista será levar um HT (rádio portátil), VHF, à prova d'água e um GPS portátil. Há! Tenho uma cinta salva-vidas, daquelas usadas para andar de ski, que também levo dobrada. Qualquer coisa, eu pulo no mar e tô pronto. Adoro mergulhar e não tenho medo de água profunda, nem de ondas altas. Sei manejar o bote inflável também.

Só conheço um pouco de mecânica. Assim, se o motor tá afogado, etc. Sei tirar as velas do motor de popa. Só não sei mexer naqueles motores diesel, enormes, da lancha. Mas sei manobrar o barco e fazer a atracação, sem bater ou arranhar o costado. É muito legal!

Prefiro trocar idéias com os outros, porque acho que, por ser um garoto de 13 anos, eu tenho mais é que aprender, em vez de tentar ensinar alguém.
Então, muito obrigado por tudo que você tá fazendo por mim. Espero te conhecer um dia. Se quiser, pode me adicionar no MSN. Adicione ...
Valeu Danilo!
Vou ficando por aqui e aguardo seu e-mail.
Até mais!
Rodrigo.

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Publicamos o sobrenome incompleto do Rodrigo por ser menor de idade

 

 

 

 

 

 

 

 

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