Mapa antigo
Uma pérola da cartografia
Danilo Chagas Ribeiro


O mapa não tem data. Acredita-se que seja do século XVIII. O criador da obra, Capitão do Regimento de Artilharia Manoel Vieyra Leão, dotou o mapa de aspectos artísticos.
O mapa está "deitado" em relação ao norte, o que não era comum naquele tempo. Observa-se que muitos dos rios cartografados por Vieyra têm a mesma estrutura de afluentes. Isso passa a idéia de que as ramificações dos afluentes sejam meramente figurativas.

Curiosidades sobre Nomenclatura
Qualquer que seja a orientação em que se olhe o mapa, vê-se legendas de cabeça para baixo. A nomenclatura utilizada era algo diferente do que é hoje, mas é muito provável que seja, basicamente, o mesmo nome atual. Em vez de Tramandaí, I'aramanday. Em vez de Guaíba, Ygayba. O Rio Jacuí aparece como Yacuý. Lago dos Patos foi como o Capitão denominou a Lagoa. A Ilha Francisco Manoel era a Ilha do Furriel. Estão lá também os rios Caravatahý (Gravataí) e o Tibiquary (Taquari). A Enseada de Tapes, na costa oeste da lagoa, não está no mapa.

Quando Porto Alegre ainda era Viamão
Naquele tempo Porto Alegre ainda não existia. Era Viamão. O local do atual porto de Porto Alegre chamava-se Porto de Viamão. Isso faz lembrar da tal lenda sobre a origem do nome "Viamão". Diz-se que alguém que subisse na torre da igreja de Viamão veria os 5 afluentes do Guaíba, em forma de uma mão. Isso não confere porque de Viamão não se vê os afluentes do Guaíba. São uns 30km, da praça de Viamão ao cais do porto de P. Alegre, e cheio de morros pelo caminho. E não são 5, mas 4 os afluentes do Rio Guaíba. Mas até nisso pode-se especular que o Arroio Dilúvio tenha sido considerado um quinto afluente, e que os afluentes seriam vistos de P. Alegre, então Viamão. Mera especulação...

Coordenadas sem Longitude
Observe que não há indicação de longitude no mapa. Só foi possível utilizar a longitude em embarcações após a invenção do cronômetro, ou relógio a corda, com precisão. Até então a longitude era estimada. Os astrônomos preparavam tabelas indicando eventos previsíveis e o horário que deveriam ser vistos em um local qualquer. A observação desses eventos a bordo ocorria em horário diferente, semanas ou meses depois da partida. Se eclipses, passagens de um planeta próximo a isso ou aquilo era para acontecer à meia noite, acontecesse aí pelas 10h da noite, por exemplo, estimavam aquelas 2h como sendo (2 x 15º) 30º de diferença de longitude em relação ao local conhecido. Sem uma referência de horário confiável, como se supõe, é difícil imaginar que pudessem indicar a longitude.

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