Óbito a bordo (popa.com.br)

Óbito a bordo
Infarto na Ilha do Barba Negra
Danilo Chagas Ribeiro

22-Fev-2007
Três comandantes amigos resolveram desatracar da Marina do Lessa, em Porto Alegre, para um passeio à Ilha do Barba Negra, na Lagoa dos Patos (veja mapa abaixo), em um percurso de 19mn (35km).

Informações obtidas na Marina do Lessa dão conta de que, ao aproximarem-se da ilha, as 3 embarcações reduziram a velocidade por causa dos baixios em que haviam encalhado a poucos minutos. Foi então que o Comandante Ivaldo, 60 anos, sofreu um infarto a bordo de sua lancha Mar&Cia .

Com a lancha ainda em movimento, e com Ivaldo em seus braços, a namorada acenou para o médico Eugênio Lisboa, comandante da baleeira Garceira, um dos dois amigos de Ivaldo que navegavam juntos. O comandante aproximou-se e (consta) teria saltado e nadado até a Mar&Cia. Ivaldo reagiu ao procedimento de respiração boca-a-boca, e voltou a ter consciência. Mas em seguida sofreu outro ataque e não mais reagiu.

Segundo ainda a mesma fonte, o corpo do comandante foi mantido na lancha Millenium22 enquanto o Capitão Nó Cego a rebocava para a Marina do Lessa (na foto acima, com os morros de Itapuã ao fundo). O comboio chegou às 21:30h à marina, onde um carro fúnebre já aguardava, por iniciativa dos amigos maçons de Ivaldo, um comandante muito bem quisto e que trabalhava com vendas.

Sem saber do ocorrido, o Comandante Paulo Angonese cruzou pela Mar & Cia sendo rebocada pelo Capitão Nó Cego em torno das 18:30h do dia 19, a aproximadamente 5mn do farol de Itapuã. Sem saber, Angonese registrou o fato (foto acima, e abaixo).

O reboque com o corpo do Comandante Ivaldo a bordo, comentou um comandante amigo meu, fez lembrar os enterros vikings, em que o corpo do comandante era embarcado em seu barco, com seu cachorro e com suas armas, e em seguida era incendiado.

As imagens do Angonese mostram a rabeta do motor da Mar&Cia toda dentro d'água, gerando arrasto desnecessário e assim atrasando um pouco o cortejo*. E lembrando da incrível frase de Bernard Shaw, que diz que "A vida não deixa de ser engraçada quando as pessoas morrem, assim como não deixa de ser séria quando as pessoas riem", permito-me imaginar que o Comandante Ivaldo poderia estar dizendo em uma situação dessas: "Levanta o trim! Levanta o motor!..."

_____________
Este relato baseia-se em informações prestadas por pessoas do meio náutico e por outras, todas conhecidas de mim. Não é provável, mas é possível que haja alguma informação desencontrada.
(*) Isso não é uma crítica ao comandante que fez o reboque. Aliás, só os lancheiros sabem disso de trim up/down. E além disso, em uma situação dessas, qualquer um poderia ter esquecido de fazer o trim up.

Leia o artigo com o relato em que o Comte Ivaldo
foi o protagonista de um susto no Arroio Araçá:
Desventura em um belo lugar

Mensagens recebidas

23Fev2007
Luiz Morandi
Num feriado do Ano Passado, combinamos com o Márcio (ZUG) de fazer uma entrada na lagoa, indo até Tapes, passando por um bom mergulho no Barba Negra.
Logo depois do Farol de Itapuã a ZUG apresentou um barulho na rabeta, que nos obrigou a voltar e fundear no Sítio.
Chamamos por celular nosso mecânico do Veleiros e pedimos que ele viesse de carro até Itapuã. Como tenho relações de rádio com a Tina e amigos do clube de Itapuã, pedi a ela que nos providenciasse algum barco que trouxesse o mecânico para examinar o motor e aí decidir se continuávamos com a navegada.
Uma hora mais tarde me aparece não um transporte, que seria pago por nós, mas o Ivaldo e a Ana, que quando souberam que era a Chamonix, da Carmen e do Morandi, se prontificaram a perder duas horas da saída deles para o Araçá e foram até a Praia do Sítio nos ajudar.
Estes eram o Ivaldo e a Ana, do Mar e Cia.

23Fev2007
Carlos Alberto Mancio
Olá Danilo,
Completando informação sobre o Cmte. Ivaldo Menezes da Rocha.
Grande amigo, sócio e conselheiro do Clube Náutico Itapuã, pessoa muito querida e respeitada no nosso Clube.
Sua embarcação, Mar & Cia era presença constante nos fins de semana. Grande companheiro e navegador, fará muita falta a nós todos.
Um grande abraço.
Carlos Alberto Mancio

23Fev2007
Rodrigo Beheregaray
É com profundo pesar q recebo essa notícia.
Estou há mais de semana nos campos da fronteira e eventualmente tenho conexão qdo soube do ocorrido somente agora.
O Ivaldo era um grande companheiro, sempre de alto astral e pronto para ajudar no q fosse necessário. Quem anda para as bandas das regiões da Marina do Lessa, Arroio Araçá, Itapuã, Faxina e Praia do Sítio devia encontra-los com frequencia na água pois esse era o "quintal" deles com a Mar & Cia, com muita frequencia acompanhados do Garceira, seus grandes amigos. Estavam ele e a esposa sempre pelo Clube Náutico Itapuã (CNI), seu clube, participando com entusiasmo de quase todas as atividades e com o tradicional churrasco pelo trapiche, em qualquer época do ano. Era um cara colaborativo e positivo, e ocupava atualmente o cargo de Secretário do Conselho Consultivo do CNI, cargo q já tinha ocupado outras vezes mostrando contribuição e zelo pelo clube. Possuia um perfil conciliador e equilibrado. Perde o Clube, perdem os amigos, a convivência desta pessoa generosa e boa e navegador frequente das águas que tanto amava.
Em nome do CNI, meu sinceros pêsames à esposa, familiares e amigos do Ivaldo nesta hora tão difícil.
Agradeço ao Danilo pela matéria e as linhas generosas no Popa ao nosso amigo.
Abraço.
Asterix

23Fev2007
Paulo Angonese
No carnaval de 2006, quando levei o saudoso Breeze para Tapes, pernoitei no abrigo ao norte da Ilha do Barba Negra. Estavam no local a lancha Mar&Cia e a Garceira (foto), lembrado pelo Rodrigo Beheregaray como grandes parceiros. Provavelmente na cabine da lancha seja o falecido Ivaldo. Logo, era costume deles passar o carnaval na ilha. Não é conforto, mas pelo menos se foi em um local que certamente adorava.
Abraços
Paulo Angonese - Kauana