Navegação com Mau Tempo
("Navegacion a Vela", de Bob Bond, tradução de Rogério Constante)


Não existe limite preciso acima do qual um vento moderado o forte se converte em mau tempo. Depende do tipo de barco, da experiência da tripulação e o rumo em que se segue. Uma tripulação sem muita experiência direta de navegação com mau tempo pode pensar que se encontra em condições de vento forte quando outra tripulação com ampla experiência de tempo ruim desfruta de uma navegação emocionante. Como norma geral, devemos pensar em utilizar técnicas de mau tempo quando nós, nosso barco ou nossa tripulação comece a achar as condições muito difíceis. Todo comandante de cruzeiro deve estar alerta à possibilidade de ver-se pego em alto mar pelo mau tempo, e deve dar-se conta do esforço que a maior força do vento submete a seu barco e também do efeito debilitante que terão as condições metereológicas sobre a tripulação.

Preparativos:
Quando nos damos conta de que provavelmente haverá mau tempo à proa, é importante que comecemos a fazer preparativos, ainda que planejemos dirigir-nos a um porto protegido. O convés deve estar livre de equipamentos soltos, e outros elementos, como o bote auxiliar e a balsa salva-vidas, devem ser examinados para comprovar que estão presos firmemente. Se nos encontramos próximos a um porto protegido com instalações de atraque ou fundeio conhecidas, é recomendável dirigir-se para ele. No entanto, é possível que entrar em um porto em uma costa de sotavento, onde possa haver pouco calado, resulte em muito mais perigo do que permanecer no mar. Deve-se tratar sempre de buscar refúgio a barlavento.

Procedimento:
Ao aumentar o vento, qualquer que seja o ângulo do vento em que naveguemos, teremos que reduzir gradualmente a superfície vélica tomando rizos e utilizando velas menores. Se estamos dando bordos em contravento, o deteriorar do tempo será especialmente observável, e teremos que reduzir as velas rapidamente. Navegar à favor, com mau tempo, é mais cômodo e submete o barco a menos esforços. Não obstante, temos que evitar subestimar a força do vento, e na maioria dos casos é melhor utilizar menos vela do que nos achamos capazes de manejar. Com freqüência se pode obter maior comodidade navegando somente com vela de proa.
Em todos os ângulos de vento, deve-se cuidar o modo de passar as ondas. Na orça, a medida em que se aproxima a onda pela proa, orçamos para subir sua pendente anterior, e arribamos em sua pendente posterior. No través, como o barco navega paralelo às ondas, estas não atrapalham seu avanço do mesmo modo que orçando. Arribamos pela pendente anterior da onda com um pequeno ângulo e, à medida que o barco acelera, orçamos um pouco para montar a mesma onda todo o tempo possível. Navegando em popa, com mau tempo, veremos que as ondas que nos alcançam levantam o barco e este começa a surfar. Se não tomarmos medidas, o barco alcançará a onda precedente e cravará a proa em sua pendente posterior. Se permitirmos que isto ocorra, o barco perderá velocidade repentinamente e aumentará a pressão sobre a armação. Este problema pode ser evitado se governarmos em um rumo mais rápido, com vento pela alheta, o que permite que o barco cruze as ondas do mesmo modo que no través.

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Este artigo foi gentilmente traduzido e enviado à www.popa.com.br por Rogério "Parceria" Constante.


Texto extraído do livro Navegacion a vela, de Bob Bond. Este livro é uma edição espanhola (H. Blume Ediciones - Madrid, 1980), do original The Handbook of Sailing. Bob Bond é (ou foi?) uma autoridade reconhecida no ensino da vela, diretor de treinamento da Royal Yachting Association inglesa. Rogério Constante. Barco Parceria - ICG.