O Farolete
"Pau do Hugo"
Hugo Sander, um velejador que deixou marca
Cmte Emilio Oppitz
Todos os velejadores que navegam a Tapes conhecem o farolete chamado Pau do Hugo, porém muito poucos conhecem a história desta marca que lá está para evitar encalhes no banco que acabou levando o mesmo nome. O banco do Pau do Hugo.
O Hugo muitos conhecem,
principalmente os que navegam a mais tempo e lembram da dedicação
que ele sempre teve pelo Clube Náutico Tapense e o carinho que
ele tinha pelos navegadores que vinham até Tapes. Quanto tempo
ele, como Diretor de Patrimônio, "pegava junto" com
os funcionários, inclusive cumprindo horário, sem remuneração
alguma. Só quem não gostava muito, eram os funcionários,
porque ninguém ficava parado. Um dia, há pouco mais de vinte anos, velejando com sua família, no barco Adriana que era dele, confiando na experiência, errou e deu uma topada no banco, fazendo com que o chimarrão que sua esposa, a Regina, tomava, derramasse no seu colo. Foi a "cuia" d'água que o fez dizer - Amanhã vou dar um jeito neste banco.
No outro dia, começou
a providenciar o necessário para sinalizá-lo: um poste
de eucalipto que mandou apontar para cravá-lo na ponta do banco.
Um tonel foi preparado, pintado de vermelho e feito um corte em X no
fundo para o pau, e arruelas para pregar em cima. Pediu para o Pedrinho,
da Dilopes (Aviação Agrícola) uma moto bomba emprestada,
no que foi atendido prontamente, como sempre a Dilopes fez quando solicitada
pelo CNTapense. No dia seguinte
cedo, com calmaria ajudando, com o pau a reboque, e muita boa vontade,
foram lagoa afora para, de uma vez por todas, marcar o tal do banco.
Barco fundeado, desceram entre quatro, se espalharam pelo banco e caminhando
pelas bordas até se encontrarem acharam a ponta, o lugar para
cravarem a marca.
Ligada a moto bomba, se foi o pau areia a dentro. Funcionou. Combinaram que quando o poste afundasse próximo de dois metros, deviam diminuir aos poucos a rotação da moto bomba, para que a areia movimentada pelo jato de água fechasse aos poucos o buraco, prendendo a ponta do pau e fazendo com que ele ficasse em pé. Outro sinal, seria do Hugo que estaria mergulhado, bateria no pau para que a rotação fosse diminuída. As batidas do Hugo
e os dois metros aconteceram simultaneamente, e o pessoal ao invés
de diminuir a rotação, desligaram a moto bomba, fazendo
com que a areia fechasse o buraco de uma só vez, e prendesse
os pés do Hugo junto com ao pau, não deixando que ele
subisse para respirar, fato agravado ainda, pelo peso do guri nos seus
ombros.
Estava quase terminado o trabalho. Faltava só colocar o tonel vermelho por cima da ponta do pau, pregá-lo e vir embora. Feito o trabalho. Problema resolvido. Este banco não incomodaria mais, porque a informação passada de uns aos outros fez com que, quem viesse a Tapes, já vinha procurando o "Pau do Hugo" que lhe dava segurança para passar pela ponta do banco sem encalhar. Várias vezes
o tonel teve de ser pintado, o que o Hugo providenciava. Custo para o Clube? Nada. Todo o pessoal fez aquilo com o intuito apenas de ajudar os navegadores que passavam por ali. Já eram navegadores e lembram com orgulho aquela passagem. Têm consciência da importância do que fizeram, e, com certeza o fariam hoje outra vez, se fosse necessário. E quanto ao nome
temos a certeza de ser uma justa homenagem à esta pessoa tão
especial que foi o primeiro a se preocupar com aquela marca e o fez
desinteressadamente, senão pensando na coletividade náutica,
e quase dando sua vida para faze-lo. O
ponto de passagem pelo Farolete do Pau do Hugo é: |
Track contornando o Farolete
Pau do Hugo
Hugo Sander e Mário Hofmeister
no Clube Náutico Tapense (Fev
2005)
Celso Chagas Ribeiro
"Se perguntares
pra turma que hoje vem aqui, ninguém conhece o Hugo, mas se perguntares
aos mais antigos, e que hoje não vêm mais, pois não
tem um filho como o Ferrugem que leva o pai a navegar, todos
lembram dele".
(Comandante Emilio Oppitz, Tapes, dando o recado) Fev 2005 |
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