Conhecendo o leito de Tapes
SPH realiza batimetria

Às vésperas da realização do Cruzeiro Regata Porto Algre Tapes a bóia luminosa do Pontal Santo Antônio garrou*. A notícia chegou ao grupo popacombr através do Comandante Emilio Oppitz, e no mesmo dia foi repassada à Superintendência de Portos e Hidrovias, por atitude do Comandante Eduardo Ferrugem Hofmeister.
O Engº Hermes Vargas dos Santos imediatamente deslocou uma equipe da SPH para Tapes a bordo de um rebocador, a fim de localizar e fixar a bóia com nova poita. No dia anterior ao evento a bóia já estava novamente sinalizando a entrada da Enseada de Tapes.

Mangrulho submerso
Próximo a esta bóia, quase junto ao farolete denominado Pau do Hugo, há um mangrulho submerso. São os restos da marca anterior. No Verão passado o veleiro Simbad XX (foto ao lado) do Comandante Nelson Picollo sofreu importante avaria ao abalroar os destroços metálicos. O catamaran fez tanta água em uma das canoas que o comandante teve que encalhar na praia para não naufragar.

O Comandante Paulo Hennig recuperou as coordenadas do local do acidente transferindo dados do chart plotter do Simbad XX para seu notebook: S 30º 45,987' W 051º 21,092'. É necessária a urgente remoção deste obstáculo. A equipe da SPH aproveitou a jornada de reposicionamento da bóia para verificar o obstáculo cuja parte mais alta está a 1m da superfície, conta o Comandante Emilio Oppitz, de Tapes.

Batimetria
Nesta sexta-feira, 11 de agosto de 2006, o Engº Hermes voltou à região para mais uma missão na Enseada de Tapes: conhecer o leito do canalete de acesso ao Clube Náutico Tapense. A via tem um ponto crítico na chegada ao clube, impedindo o acesso de barcos com mais de 1,80m de calado. A dragagem do canalete tem sido alvo da atenção não só dos tapenses, como de muitos velejadores de Porto Alegre com destino a Tapes. As ondas na enseada impediram o trabalho da equipe da SPH na sexta-feira, mas no sábado (ontem), o Engº Hermes, o expert da autarquia nos levantamentos batimétricos, e seus auxiliares Guaraci e Costa conseguiram obter a imagem tridimensional do local crítico do canalete utilizando equipamento de notável precisão. A batimetria foi realizada com o bote hidrográfico DEP, ecobatímetro digital Bathy500 MF, DGPS Max, e computador de bordo (um Toshiba Satellite). O eco e o GPS plugados ao computador permitem a gravação da profundidade e das coordenadas com precisão submétrica. Processando um conjunto de pontos, um programa específico gera os gráficos mostrados abaixo.

Dragagem
De posse destes dados resta realizar a dragagem. Segundo o Eng Hermes, o estudo mostrou que aproximadamente 3.000m3 precisa ser dragado ao longo de 200m de canalete. É um volume pequeno que em menos de uma semana poderá ser dragado.

Dependendo da draga a ser utilizada, tanto o desassoreamento do canalete quanto a remoção do mangrulho submerso poderão ser realizadas pelo mesmo equipamento. Creio que a draga Santo Amaro (foto ao lado), cedida pela SPH ao popa.com.br para a remoção dos obstáculos à navegação no Guaíba há alguns anos, possa resolver os dois problemas, se não houver interesse em aproveitar o material de dragagem (aterro).

O prazo da licença de dragagem concedida pelo IBAMA ao Clube Náutico Tapense expira no final do ano.
Parabéns ao Engº Hermes e à SPH pela agilidade na execução das missões.

 

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(*) A propósito do freqüente mal uso da expressão garrar: uma bóia garra quando desprende-se da poita e vai embora. Às vezes a bóia pode garrar arrastando a poita pelo fundo devido a ventos, maré ou correnteza exageradamente fortes.
Segundo o Dicionário Aurélio, garrar vem do espanhol e significa desprender as amarras ou "deslocar-se (uma embarcação fundeada), em virtude de haver-se desunhado sua âncora por ação do vento, maré ou correnteza: 'Todo seu receio era que o barco garrasse e desse no baixio pedregoso' (Xavier Marques, Jana e Joel, p.18)".
Freqüentemente o verbo garrar é empregado erroneamente no meio náutico, como sendo sinônimo de agarrar. "A âncora está bem garrada" é por vezes dito para afirmar que a âncora unhou corretamente. Isto é um mal uso do termo garrar. Da mesma forma a expressão desgarrar é empregada de forma errada para indicar que a âncora soltou-se. Desgarrar significa perder ou desviar-se do rumo. No RGS significa também deixar a querência. Mudar-se. Minha filha, que vive no exterior, é uma desgarrada. A bela canção "Desgarrados" (Mário Barbará) diz: "Sopram ventos desgarrados carregados de saudade. Viram copos, viram mundos, mas o que foi nunca mais será".