Estrelas
cadentes
22/10/04 – Apesar da
chuva aproveitei o dia para comprar cartas náuticas na Capitania
que fica ao lado do Iate Clube, ir ao banco e acessar a internet.
Se a chuva parar irei passear pela cidade. Meu plano é ficar em
Paranaguá até domingo ou segunda de manhã, quando o tempo deverá
melhorar e seguir rumo ao Mar Pequeno.
21/01/04
– Parti do Capri às 00:18 com vento de sudeste de aprox. 12 nós.
O vento variou bastante
entre sudeste e leste com intensidade méida de uns 15 nós permitindo
um ótimo desempenho sempre com tudo em cima. Logo que sai do Capri
a luz verde de navegação parou de funcionar e peguei uma chuvarada
isolada. Em aproximadamente 12 horas de velejada peguei chuva, céu
estrelado com muitas “estrelas cadentes”, um belíssimo nascer do
sol, nuvens e chuva novamente. A chegada ao canal da Galheta que
dá acesso a Paranaguá ocorreu sem surpresas, sem arrebentação no
mesmo ou a volta devido ao mar pequeno embora agitado. Depois de
instalado no clube encontrei o holandês Gerardo com quem troquei
algumas informações e fui almoçar, dar uma rápida volta pela cidade
e retornar para dormir pois havia dormido apenas uma hora e meia
na última noite.
Modéstia
a parte, um ótimo rizoto
20/10/04 –
Aproveitei para dormir mais um pouco. Depois do café da manhã fui
falar com o Sr. César, gerente do clube, para acertar minha estadia.
O Capri iate Clube fica numa área muito bonita, distante 15 Km do
centro da cidade e conta com ótima estrutura e fui atenciosamente
recebido. De volta ao barco fiz mais uma seção de vedação das janelas
com meu Sikaflex que por incrível que pareça ainda não terminou,
aperto do parafuso do pedestal da escota da grande que estava folgado
e fazia com que a escota soltasse do mordedor com freqüência. Coloquei
óleo 2T na gasolina do 2º tanque que havia esquecido de comprar
em Floripa e Portobelo. Ainda bem que não precisei utiliza-la. Ainda
pela manhã fui ao pequeno mercado do bairro e no caminho passei
numa peixaria para comprar camarão e fazer, modéstia a parte, um
ótimo rizoto. A tarde planejei a navegação para Paranaguá e alternativamente
direto para Santos. Passei na secretaria do clube para pegar a previsão
do tempo com o plano de sair do clube na metade da madrugada para
chegar a Paranaguá ainda de dia.
Pingando
exatamente no meio das camas
19/10/04 –
Acordei bem cedo já com tempo bom para arejar o barco,, lavar roupa
e secar tudo. Mais uma vez as gaiutas laterais voltaram a infiltrar
água para dentro da cabine, pingando exatamente no meio das camas
de popa. O pior é que o maior volume de água sempre ocorre no lado
de boreste onde mais gosto de dormir. Pero da 13:00 peguei o ônibus
para o centro da cidade para tratar logo dos assuntos pendentes:
almoçar, banco, compra de óleo 2T e alguns mantimentos, correios
para enviar minha câmera digital que parou de funcionar para reparo
e tentar atualizar o diário do site. Foi uma tarde muito agradável
caminhando pelas ruas com suas casas e prédios públicos na sua maioria
muito bem conservados. Por último fui procurar um local para acessar
a internet. Entrei uma lan house escura, iluminada apenas com luz
negra, vídeos de rock passando numa TV e uma gurizada enlouquecida
jogando em rede, gritando muito e se xingando todo o tempo. Consegui
um micro que não havia o Word instalado apenas uma infinidade de
jogos. Tentei me abstrair ao máximo para atualizar o máximo possível
com o tempo que tinha para não perder o ônibus de volta para o Capri.
Trovoada
de nordeste com muita chuva
18/10/04
– Partida às 04:55 com vento de sul-sudoeste muito fraco. O Pedroma
abriu bastante de mim sumindo no horizonte por estar seguindo a
vela e motor. Eu segui velejando tranqüilamente usando muito pouco
o motor e bastante o balão assimétrico. Ao final da tarde quando
passava pela Ponta da Enseada entrou uma trovoada de nordeste com
muita chuva e para minha sorte quase sem alteração da intensidade
do vento. De qualquer forma, por precaução, me afastei da costa
rochosa para o caso de qualquer imprevisto navegando em contra-vento
com toda mestra e buja e ótima velocidade. Depois de passar o forte
da chuva fiz a aproximação pelo GPS e visual até chegar em frente
ao canal de acesso ao Capri Iate Clube. Amarrei o barco no trapiche
flutuante do clube, tomei um banho de chuveiro completo, jantei
e fui dormir.
Fantasma
de 3 cascos sendo arrastados pelo vento e ondas para a praia
17/10/04
– Uma noite difícil, próximo das 23:30 da noite de 16/10 entrou
um temporal de oeste-sudoeste, único lado parcialmente desabrigado
dentro da enseada do Caixa d´Áço. Pelo anemômetro do Compay o vento
era de 325 a 40 nós com rajadas que chegavam a um pouco mais de
45 nós. Um temporal rápido de pouco mais de meia-hora com muita
chuva e raios. Todos os veleiros ficaram firmes em suas âncoras
ou poitas mas o mesmo não aconteceu com 3 lanchas que estavam ancoradas
a contra-bordo no meu barlavento apenas com o ferro da maior delas.
Assim como todos os outros velejadores eu havia acordado com as
rajadas e a chuva e estava de prontidão para o caso de algum problema.
A surpresa, ou melhor, o Susto, foi grande quando ao avistar pela
gaiuta de entrada da cabine aquele fantasma de 3 cascos sendo arrastado
pelo vento e ondas para a praia a sotavento e a uns 5 metros do
Equinautic. Com o barco de menor calado e ancorado quase sobre o
banco de areia da praia de sotavento, onde na maré baixa o eco
chega a marcar 0,4 a 0,5 metros, quando vi as lanchas já tinham
passado pelo meu través e começavam a encalhar. Coloquei rapidamente
meu impermeável, peguei o piloto automático e fiquei na porta da
cabine esperando para ver se teria que tomar alguma atitude. Meu
medo era que qualquer rondada de vento causasse uma colisão ou que
a âncora deles sendo arrastada soltasse a minha também. Com as luzes
de navegação acesas fiquei obsrvando os fatos que aconteciam atrapalhadamente
entre as tripulações das lanchas. A pequena de uns 25 pés se safou
facilmente pois ainda não havia encalhado, ancorando em um local
distante. A segunda, uma Cabras-Mar de uns 34 pés ao soltar-se da
maior só não parou na praia ou nas pedras devido ao banco de areia.
Levou mais de 40 minutos para conseguir desencalhar por meios próprios,
desaparecendo depois para fora da enseada. A maior e mais próxima
ficou sobre o banco depois de tentar sair do encalhe sem sucesso,
mesmo com a ajuda da pequena que voltou para tentar ajudar. A grande
acabou ficando parada ao meu lado, um pouco mais para sotavento,
por um longo tempo. Ela só conseguiu sair no meio da madrugada
com a maré alta com ajuda do vento que rondou para sudeste, empurrando-a
de volta para o meio da enseada. Só então consegui dormir tranqüilamente
até às 05:30 aproximadamente, quando o vento começou a rondar muito
com rajadas de todas as direções. Acredito que as várias voltas
que o barco deu em torno da âncora a fizeram soltar e às 05:55 foi
a minha vez de encalhar no banco de areia da praia a sotavento.
Mais uma vez vesti rapidamente o casaco impermeável. Instalei o
piloto, bombeei gasolina para o motor e este compreendendo a situação
pegou de primeira. Esperei aquecer um pouco para não engasgar caso
precisasse usa-lo com alta rotação e o utilizando como leme virei
a proa na direção do meio da enseada sem que a quilha soltasse do
fundo. Mantive o motor engatado e acelerado, desci para a cabine
e ergui um pouquinho a quilha apenas o suficiente para desencalhar
o barco e coloca-lo no seu lugar de ancoragem em segurança. Depois
de ter certeza de que o barco estava bem ancorado consegui dormir
novamente até mais ou menos umas 10 horas da manhã, mas sempre acordando
devido a qualquer movimento ou ruído estranho. Pela tarde aproveitei
um sol maravilhoso para nadar e mergulhar um pouco. A previsão do
tempo é de que agora a tarde entre um vento sul muito forte que
deverá enfraquecer durante a noite e permanecerá por mais uns 3
dias. O plano da tripulação do Pedroma e meu é de zarpar para São
Francisco do Sul na próxima madrugada com ventos mais fracos a fim
de chegarmos ainda de dia ao destino.
Convite
para jantar
16/10/04 - No final da manhã Eric-SUI e Nicole foram
conhecer o meu barco e me convidaram para visitar o deles e almoçar.
Depois do almoço o Eric-SUI e eu fomos a Portobelo para fazer compras
e buscar uma encomenda de leds que ele havia feito. EU e a tripulação
do Pedroma estamos aguardando uma virada de vento de sul para seguir
rumo a São Francisco do Sul.
15/10/04
– Dia nublado com vento de norte/nordeste. Aproveitei a boa visibilidade
para mergulhar e conferir o fundo do barco visualmente, caixa da
quilha, a própria quilha e terminar de limpar os sensores
dos instrumentos principalmente porque o medidor de velocidade estava
marcando errado. No final da tarde o Eric-BRA, que tem um bar flutuante
dentro da enseada, passou pelo Equinautic para me convidar para
jantar em sua casa junto de todas as outras tripulações de veleiro
que por lá estavam ancorados. Uma ótima janta na companhia dos agora
amigos Eric-SUI e Nicole (suissos do veleiro Elan 40 Compay), Piotr
e Gina (russo e alemã do veleiro de 30 pés que me acompanhou no
último percurso Pedroma), Armando e a namorada (do veleiro Campos
30 de madeira Lapso) e toda tripulação do Trylim que pertence a
família do Eric-BRA.
Ancorei
na belíssima enseada do Caixa d´Aço
14/10/04 – Sai de Sambaqui às 06:40 rumo a Ganchos ou Portobelo
com vento sul/sudeste que depois da calmaria a sotavento da ilha
de Floripa firmou em aprox. 15 nós permitindo boas descidas de ondas
com ótima velocidade. No meio do caminho passei um veleiro de aprox.
30 pés estrangeiro que ia na mesma direção. Cheguei em Portobelo
em torno das 13:20. Ancorei na belíssima enseada do Caixa d´Áço,
sobre o banco de areia da praia que existe bem no fundo, sem nenhum
barco a volta devido ao calado reduzido e totalmente protegido.
No local além de outros barcos brasileiros estão ancorados lá alguns
estrangeiros, entre eles o 30 pés que passei durante o caminho.
Foi uma ótima e rápida velejada para matar a saudade do mar. Depois
da velejada um almojanta de massa ao molho bolonhesa e salada para
acompanhar.
Lavar
o fundo e raspar as pequenas cracas
13/10/04 - Durante os preparativos da viagem ainda em PoA,
ao fazer a pintura de fundo, solicitei ao Pedro que ao marcar a
linha d água subisse a mesma uns 4 a 5 dedos. Todo mundo
achou um exagero e erroneamente acabei diminuindo esta altura para
2 - 3 cm. Nesta época a marca da linha d água era
com o barco vazio e durante a viagem com o motor, painel solar,
2 ancoras, cabos, corrente, inflável, 2 tanques de gasolina
na popa a linha da água real ficou acima da pintura nesta
área ocasionando as cracas da metade para trás do
casco. Onde há pintura não existe craca só
um limo muito fino.
Outros locais de ocorrência sao os sensores do eco e speed.
A solução foi entrar na água, aproveitando
o dia de chuva e vento NE, para lavar o fundo e raspar as pequenas
cracas. Tudo isso com o barco amarrado no trapiche da Marina Marina
e do restaurante Rosemar de proa e uma ancora na popa com água
pela cintura e meia quilha recolhida. Aproveitei a hospitalidade
de ambos para tomar um banho e lavar o neoprene na marina e almoçar
um file de peixe no restaurante. Trabalho concluído, bem
alimentado, é hora de planejar a navegação
para os próximos dias, atualizar o diário de bordo
e ler enquanto aguardo um vento favorável.
Como
é bom voltar a velejar
12/10/04 - Amanha
estaria fazendo um mês de estadia no Iate Clube de SC.
Partida do ICSC do centro as 14-44 rumo ao norte da ilha com vento
NE de intensidade media de 15 nos. Apesar do dia nublado fiz uma
otima velejada de contra-vento ate ancorar ao norte de Santo Antonio
de Lisboa (Sambaqui).
Apos minha revisão amadora do motor este voltou a funcionar
como um relógio!
Como eh bom voltar a velejar depois de quase um mês parado.
É impressionante como uma recente formação
de cracas na borda do casco influencia no desempenho do barco.
Rumo
a Portobelo
11/10/04
- Depois de uma estadia prolongada em Porto Alegre para resolver
os problemas do seguro do barco cheguei em Floripa e dediquei a
manhã para comprar mantimentos e a tarde para tirar o motor
e os tanques de gasolina do barco, fazer uma limpeza geral e colocar
o troco para funcionar. Vou ter que aposentar o tanque metalico
que esta enferrujando por dentro e soltando particulas na gasolina.
Talvez seja por isso que o motor parou de funcionar.
Estadia do clube paga (28 dias). Programacao - amanhã cedo
abastecer gasolina e seguir viagem rumo a Portobelo passando, talvez,
pelas praias do norte da Ilha.
Setembro
de 2004
Pronto
para seguir rumo ao norte do Brasil
16, 17, 18 e 19/09/04 Dias em Porto Alegre dedicados
para resolver pendências pessoais e da viagem além
de matar a saudade da família e amigos. Consegui com o Márcio
da Equinautic um novo GPS portátil, luz de tope para ancoragem
que ainda não possuía, e mais alguns materiais de
divulgação. Encaminhei a solução do
seguro do barco, um capítulo a parte em que devido a irresponsabilidade
de um corretor dito de confiança naveguei todo
este tempo sem cobertura do barco - um absurdo, confecção
de algumas peças e tentativa de reparo de outras. Pizzaria
com os amigos, churrasco com a famíla, uns passeios, cinema
e já estou pronto para seguir rumo ao norte do Brasil. Mas
uma coisa é certa, só saio do Iate Clube de Santa
Catarina depois de ter a apólice de seguro do barco em mãos.
Voltei
a ter um barco realmente habitável
15/09/04
Finalmente um dia de muito sol depois de 7 consecutivos de
chuva. O interior do Equinautic foi praticamente todo esvaziado,
colchões, roupas, cabos, velas, inflável, tudo ao
sol.Levei as velas mestra e buja para o Gusmão reparar as
bolsas de talas furadas e retirei o copinho do piloto automático
do convés para fazer uma chapa de reforço sob medida.
Retirei e lavei o leme para levá-lo a Porto Alegre para uma
revisão no estaleiro. Verificação das luzes
de navegação e ferragens do convés tudo
em ordem! Ao final da tarde voltei a ter um barco realmente habitável
e seco como espero que permaneça a maior parte do tempo daqui
para frente. A noite enquanto esperava a hora de ir para rodoviária
e embarcar para Porto Alegre comecei a atualizar o site no micro
disponibilizado pelo clube.
Christian,
um velejador norueguês de 73 anos
14/09/04 Apesar da chuva dia dedicado a arrumar
a bagunça no barco, tirar velas para pequenos reparos nas
bolsas de talas, mandar roupas para lavanderia, separar o que precisa
ser revisado ou consertado, mandar o meu velho GPS Magellan 315
para o meu irmão tentar reparar em Porto Alegre e criar uma
imensa lista de pendências desde compras de supermercado,
material de divulgação com a Equinautic até
a lembrança de atualizar o site. No final da tarde houve
um pequeno evento no clube em homenagem ao desempenho do pessoal
do 49er nas Olimpíadas e depois jantei com o amigo Christian,
um velejador norueguês de 73 anos, professor de física
na Universidade da California que está viajando em um moderno
catamarã de construção francesa rumo a Ushuaia.
Ele queria muito que eu o acompanhasse até Rio Grande onde
pretende deixar o barco por 3 meses para voltar ao trabalho por
mais 3 meses (trabalha 3 meses e folga 1, totalizando 3 meses de
férias por ano). Me convidou para integrar sua tripulação
para fazer uma das etapas do Atlântico sul ou do Pacífico
no início do ano que vem. Quem sabe não é uma
boa idéia...
Veja
a rota do Felipe
Veja
as fotos
Conheça
o sonho do velejador Felipe Loss
Churrasco
em Florianópolis
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