Paranaguá - Santos
Diário de Felipe Loss (Susto), de 23 Out a 1º Nov 2004
Total de milhas navegadas: 1267,21

Recepcionado por um grande grupo de golfinhos
1º/11/04 - Durante quase todo o percurso fui acompanhado pela chuva, ventos fracos ou ausentes. Depois de ter passado a Laje da Conceição fui recepcionado por um grande grupo de golfinhos que me acompanhou por um bom tempo brincando em volta do barco. Cheguei ao Iate Clube de Santos às 17:30 completando o percurso em 25 horas. Mais uma vez devido a pouca visibilidade não pude dormir quase nadadurante o percurso, sempre em intervalos de no máximo 10 minutos.

31/10/04 - Parti do ancoradouro de Cananéia às 16:30 depois de conseguir soltar minha âncora do cabo de uma das poitas que havia perdido a bóia. Pelo menos o trabalho rendeu a recuperação da poita. Seguindo a orientação e os waypoints fornecidos pelo pessoal local passei a barra sem problemas. Vento fraco de SW com pancadas de chuva.

Nadando em gasolina
30/10/04
- Às 06:00 aproximadamente já estava tirando o motor do barco para trocar a fieira (cabo de partida do motor) e fazê-lo funcionar com água doce. Aproveitei para pegar a caixa de ferramentas e o tanque de combustível antes de soltar o barco do trapiche. Ao abrir o paiol de popa no chão do cockpit a surpresa, estava tudo nadando em gasolina. O tal tanque plástico novo tinha um micro furo deixando vazar uns 6 litros no paiol. Limpeza geral do paiol, inflável, remos, lona, etc. Entreguei a gasolina contaminada ao pessoal do posto e fui trocar o tanque e arrumar o motor. Depois do almoço com o pessoal do posto convidei o Marcos para dar uma velejar.

29/10/04 - Dia para conhecer Cananéia, tarefa fácil devido ao tamanho da cidade. À tarde instalei as alças para fixação das caixas de ferramentas e gelo. No final do expediente do posto fui colocar o barco no flutuante e não houve jeito de o motor pegar. Fiz uma manobra com o inflável amarrando vários cabos entre si conectando o barco ao trapiche flutuante. Depois levei o barco até o flutuante liberando o cabo de âncora e caçando o que estava no flutuante. Aproveitei para deixar tudo pronto para na manhã seguinte voltar para a ancoragem apenas soltando-o do trapiche.

O tal do Porvinha
28/10/04
- Conversando com o pessoal que estava no posto de manhã cedo descobri o nome do extremamente pequeno mosquito que vem me atormentando desde Paranaguá. É o tal do "Porvinha", acredito, pelo que disseram, que tem a ver com a pórvora, digo pólvora, pois sua picada arde como se estivesse queimando. O desgraçado é tão pequeno que passa pela malha do mosqueteiro. Naq noite em que passei entre Paranaguá e Cananéia dormi com o mosquiteiro e mais um Boa Noite aceso dentro do barco e mesmo assim o estrago foi grande devido a presença de mosquitos, mutucas, borrachudos e o tal do porvinha.

27/10/04 - Acordei às 05:55 com um belo sol e céu limpo mas completamente sem vento. Toda a região por onde estou passando é linda formada por mangues e cercada por montanhas de vegetação intocada. No final da tarde fui muito bem recebido pelo Marcos e toda turma do Centro Náutico Cananéia, posto náutico de combustível no final da cidade. O Marcos, como velejador, tem por habito receber muito bem seus semelhantes, com muita hospitalidade e disponibilizando estrutura existente. Eles ficam em escuta permanente no VHF canal 88.

Ancorei sobre banco de areia
26/10/04
- Parti de Paranaguá às 07:41 rumo a Guaraqueçaba um pouco atrasado, perdendo a maré vazante. Velejei lentamente com vento fraco pela baía aproveitando a vista apesar do dia nublado. Depois de passar pela frente Guaraqueçaba decidi seguir direto para Cananéia. Depois de horas motorando e as vezes velejando pelos canais ancorei sobre um banco de areia às 18:48 no final da Baía dos Pinheiros próximo da Ponta da Paciência num, local belíssimo.

Diminuindo o movimento de gangorra
25/10/04
- O dia começou com chuva intensa desde a madrugada que durou até o final da manhã. Depois do café da manhã comecei a re-configurar a organização interna da cabine. A partir de agora as caixas de gelo e a de ferramentas ficarão fixadas cada uma em um bordo entre os armários sobre as cama de proa. No chão onde elas ficavam até hoje deixarei as âncoras , seus cabos e correntes, cada conjunto dentro de um saco de vela amarrados na haste de sustentação do mastro. Desta forma transfiro mais peso para o centro de gravidade do barco melhorando o alinhamento do casco em relação a água. Estas mudanças devem melhorar sensivelmente o desempenho quando velejando em contra-vento, diminuindo o movimento de gangorra nas ondas. Para o tipo de viagem que estou fazendo é uma pena que o barco não possua caixa de âncora na proa, sempre dificultando a manobra de ancoragem pois sempre preciso pegar a tralha na cabine e preparar os cabos para soltar o ferro. A tarde fui com o Gerardo tirar as cópias e depois acessar a Internet, comprar parafusos e comida. De volta ao barco preparei tudo para navegar e arrumei a luz de navegação verde que havia parado de funcionar devido a oxidação nos pólos da lâmpada. No início da noite deixei o Iate Clube e ancorei em frente a cidade próximo do veleiro holandês.

24/10/04 - Acordei quase 10 hs bem melhor da gripe que me pegou quando cheguei com chuva em Paranaguá. Tratei de preparar a navegação para atravessar o canal do Varadouro.

Papo de engenheiros
23/10/04
- Pela manhã o Gerardo passou pelo barco e emprestei um livro e um guia do litoral para ele copiar. Depois fomos ao barco dele para separar algumas cartas náuticas para eu copiar também. No final da tarde algumas cervejas e muita conversa sobre construção e estruturas dos veleiros (papo de engenheiros) num bar na beira do rio em frente aos veleiros ancorados.

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