Ansioso
para voltar a velejar e continuar a viagem!
04/09/04
- Dia dedicado a leitura, conversa com os amigos e a tarde fui a
praia do Cassino assistir ao Campeonato Estadual de Windsurf. A
noite churrasco com os amigos do RGYC e o pessoal do Arpége.
Hoje saiu uma nota no jornal local "Agora" noticiando
minha passagem pela cidade e os planos de viagem.
Até o momento as previsões de bons ventos a partir
de terça, dia7 estão se confirmando, espero que continuem
assim pois já estou ficando ansioso para voltar a velejar
e continuar a viagem!
Cópia
da carta náutica da barra de Rio grande de 1869
03/09/04 - às
13:00 participei do programa "Rádio Café"
da rádio da universidade de Rio Grande, FM 106,7 onde tive
uma conversa muito descontraída de quase uma hora sobre a
minha viagem, o mar e navegação. Todos foram extremamente
atenciosos me deixando muito a vontade. Após o programa fui
à editora da Universidade conversar com o João Reguffe
que me presenteou com uma cópia da carta náutica da
barra de Rio grande de 1869 e me emprestou alguns livros.
Todos
abortaram a partida
02/09/04
- Ao verificar a previsão do tempo pela manhã a decepção,
vento favorável por no máximo um dia e meio seguido
de fortes ventos de nordeste (exatamente contra o meu rumo). Um
breve bate papo entre as tripulações, uma verificação
mais detalhada das previsões com o Lauro, diretor do Museu
oceanográfico da FURG, e todos abortaram a partida, adiando
provavelmente para o dia 7 de setembro, quando deverá chegar
uma nova frente fria ao estado. Talvez um veleiro holandês
que também está no Rio Grande Yacht Clube faça
este percurso para Floripa na mesma data que eu, já são
3 barcos esperando condições favoráveis para
fazer o percurso.
A
previsão de vento a favor de 3 dias passou para 2
01/09/04
- Provisionamento, aquisição de algumas cartas náuticas
que estavam faltando na Capitania, reparo do treveller da vela mestra
que havia perdido um parafuso e que desde a lagoa dos patos estava
fixo adaptado com um cabo, colocação do refletor de
radar no estai de popa, conclusão da vedação
dos compartimentos estanques e instalação do windex
no topo do mastro com o auxilio dos amigos do "Arpége",
que provavelmente farão o percurso até SC nas mesmas
datas que eu.
A previsão de vento a favor de 3 dias passou para 2, ainda
aceitável para ir no mínimo até Laguna.
Previsão
de 3 dias de vento sul, perfeito para ir para SC
31/08/04
- Parti do VSG em Pelotas rumo a Rio Grande às 10:00 fazendo
parte do percurso a motor e parte a vela. A recente dragagem do
canal entre São José do Norte e o porto antigo de
Rio Grande permitiu economizar aproximadamente 5 MN no percurso
sem a necessidade de recolher a quilha.
Previsão de 3 dias de vento sul a partir de quinta-feira
dia 02/09, perfeito para ir para SC.
Iate
Clube Jaguarão, Rio Jaguarão, divisa com Uruguai
|
Vento
a favor, céu limpo, lua cheia iluminando tudo, conseguindo
ler as cartas náuticas sem usar lanterna, por que não
continuar?
29 e 30/08/04 - Às 07;25 já estava velejando rumo
norte mais uma vez em contra-vento, mas com um rumo bem favorável.
No meio da manhã o vento começo a aumentar, 1°
rizo na mestra, depois rizo na buja, seguido do 2° rizo da mestra,
só mestra rizada, estréia do tormentin sozinho andando
de través a quase 5 nós. Devido ao baixo calado do
barco fui atalhando por cima dos bancos sem precisar subir a quilha.
Me despedi do pessoal de Jaguarão e comuniquei minha saída
do Uruguai falando com a Control Rio Branco via rádio e segui
rumo ao sangradouro da Lagoa Mirim. Após a Ponta Alegre,
já com menos vento e mais velas mais contra-vento. O vento
quase parou e mudou para sul. Entrei no Arroio Palma já noite
fechada pensando em dormir, um visual fantasmagórico com
os sons dos animais, e os vultos das árvores secas retorcidas
iluminadas pela lua cheia. Antes de parar comecei a analisar; vento
a favor, céu limpo, lua cheia iluminando tudo, conseguindo
ler as cartas náuticas sem usar lanterna, por que não
continuar? Saí do arroio direto rumo ao São Gonçalo
com mais 3 redes na quilha pra não deixar lembrança
sendo que precisei usar a faca numa delas, uma pena mas não
havia outro jeito de soltar o barco.
Uma
velejada maravilhosa em silêncio absoluto ouvindo seus ruídos
e vendo os vultos dos animais sob um luar maravilhoso. Virei a noite
direto e cheguei na eclusa 45 minutos antes do primeiro horário
das 09:00.
No VSG mais uma vez almoço, sono, internet num café
e previsão do tempo para ir a Rio Grande já pensando
em Florianópolis. Foram 6 dias sem escalas para abastecimentos
e paradas em locais com estrutura. Ótima oportunidade para
testar a autonomia das baterias, capacidade do tanque d'água
e todo o resto.
Dois
encalhes em redes, pra variar...
28/08/04 - Vento a favor pela 1ª vez só que por
pouco tempo. Calmaria completa que durou o resto do dia. Evitei
motorar ao máximo devido a minha autonomia mas não
houve jeito. Total do dia; 22 MN navegadas... Parei para dormir
na Ilha Confraternidad, um lugar muito bonito e abrigado, com 2
encalhes em redes pra variar.
Nestas
horas é que um bom GPS, ecobatímetro e o piloto automático
mostram o seu valor
27/08/04 - Bem cedo, com vento forte e o motor engasgando um
pouco fui até bem perto, mas não muito caso o mesmo
parasse, da ponte no arroio São Miguel, onde tirei algumas
fotos e comecei a minha viagem rumo ao extremo norte do Brasil.
Aqui começa a minha verdadeira viagem tão planejada
e sonhada! Fui a motor até sotavento da ponta do Paraguaio
para almoçar e preparar o barco para navegar com o nordeste
forte. Parece que a minha sina é velejar a Lagoa Mirim em
contra-vento!
Ponte
no Arroio São Miguel. Marco da divisa Brasil-Uruguai
|
O vento enfraqueceu durante
a tarde e decidi seguir durante a noite pelo meio da lagoa na esperança
de não acertar nenhuma rede. A noite velejei com vento constante
e todo pano e ótimo rendimento e só parei para dormir
a sotavento da ilha da entrada do Cebollati na esperança
que o nordeste ficasse firme. Nestas horas que um bom GPS, ecobatímetro
e o piloto automático mostram o seu valor permitindo uma
navegada precisa e segura sem sobressaltos, a não ser pelas
redes de pesca é
claro!
Para
comemorar carreteiro de charque e o vinho
26/08/04 - Partida rumo ao Arroio São Miguel às
06:25 de um dia claro sem nuvens e temperatura de 8°C dentro
da cabine ao acordar. Mais uma vez contra-vento fraco de sul/sudoeste.
Chegando próximo do arroio depois de uma calmaria entrou
um vento fraco de nordeste e pela 1ª vez na viagem usei o balão
assimétrico, pena que por pouco tempo pois cheguei rápido
a foz do São Miguel. Entrei no canal a motor e no final da
tarde amarrava o barco num barranco a 0,13 MN da ponte onde estão
os marcos de divisa e marcam o extremo sul de minha viagem. Para
comemorar carreteiro de charque e o vinho conforme prometido.
25/08/04 - Saída
rumo sul com vento fraco oeste / sudoeste. Mais contra-vento
num dia de céu limpo fazendo uma ótima velejada. Os
pescadores, seus barcos barulhentos e suas redes foram diminuindo
a medida que ia para o sul, principalmente do lado uruguaio da lagoa.
Apenas o som do vento, da água sob o casco e das aves, perfeito!
Chegando a ponta dos Afogados onde pretendia pernoitar mais uma
vez fui batizado com as redes na quilha e para piorar o vento mudou
tornando o abrigo desabrigado. A solução foi ir em
direção leste e pernoitar ao largo com terra a barlavento
na esperança de o vento não mudar como realmente não
ocorreu.
Uma
bela noite com luar e os sons dos animais para completar
24/08/04 - Arrumação de tudo para descer o rio
Jaguarão à tarde. Fui com o Couto comprar gasolina,
numa tornearia para desempenar o pino da quilha e dar uma volta
em Rio Branco para conhecer e ver se achava alguma coisa interessante
nos freeshop. Recebi um vinho de presente na condição
de abri-lo quando chegasse ao Chuí. Tentei atualizar o diário
de viagem e as fotos mas a cidade estava sem internet devido a problemas
com a Embratel. Saí rumo a foz do Rio Jaguarão às
15:45 e parei para pernoitar já ao escurecer no abrigo árvore
seca, quase na Lagoas Mirim. Uma bela noite com luar e os sons dos
animais para completar.
Trapiche
lotado e a âncora não prendendo no fundo de pedra
23/08/04 - Subida do Rio Jaguarão a motor e buja quando
possível. O motor voltou a falhar com o uso do tanque metálico,
terei que tomar uma providência urgente quanto a isso. A sorte
é que o problema ocorreu uma curva de rio antes de chegar
na parte com pedras. Mesmo com o problema do motor resolvido foi
uma navegação um pouco tensa pois devido ao nível
do rio não é possível saber exatamente onde
estão os espigões de pedras. Ainda bem que eu possuía
os waypoints do Beto do Raspa-Junco e um Mapa detalhado dos espigões.
Chegando ao ICJ mais um problema, rajadas de vento forte jogando
o barco contra o trapiche lotado e a âncora não prendendo
no fundo de pedra. Para completar uma segunda-feira, nenhuma viva
alma por perto. Quase meia hora depois quase desistindo de ficar
chegou o Beto e sua esposa, funcionário do clube que arrumou
uma vaga entre dois barcos. Tudo resolvido, hora de conhecer a cidade,
fazer compras e a noite uma confraternização com os
amigos do clube. Recepção excelente com muita atenção
em uma cidade realmente interessante.
O
pino de segurança dianteiro da bolina estava empenado
22/08/04 - No dia 2 peguei vento contra na Mirim e hoje também.
Após contornar a Ponta Alegre com vento a favor forte, mais
uma vez contra-vento rumo a foz do Rio Jaguarão. Sempre desviando
das redes dos pescadores, é claro. Vento forte, contra-vento
duro com bordo favorável com onda de frente, uma beleza,
e é claro baixo desempenho. Cheguei na foz do Rio Jaguarão
já noite fechada. Sabendo das fileiras de pedras por boa
parte do percurso rio a dentro decidi dormir ao largo e esperar
clarear o dia. Na hora de subir a quilha uma surpresa, o pino de
segurança dianteiro da mesma empenado, provavelmente devido
as caturradas no contra-vento, principalmente quando navegando com
o piloto. Mas consegui tira-lo ainda sem muita dificuldade.
21/08/04 - Um dia não
muito bom para navegar, realmente muito vento de noroeste com o
lado de fora do arroio branco. O sol e o tempo seco foram ótimos
para secar a umidade do barco, ler, lavar roupa e preparar um carreteiro
de charque. Realmente a opção de mergulhar ontem foi
acertada, apesar do sol o frio era impressionante. Uma preocupação,
os cilindros de gás do fogão estão durando
no máximo 7 dias. Terei que manter um estoque razoável
a bordo e providenciar alguma alternativa.
Roupa
de mergulho completa, faca na mão e mais de meia hora para
tirar os restos da rede
20/08/04 - Da Ilha Grande no canal de São Gonçalo
até o Arroio Grande já na Lagoa Mirim. A o vento contra
ou a falta do mesmo atrasaram bastante o percurso programado, além
de 2 redes presas na quilha, sendo que a segunda foi necessário
usar a faca de mergulho para soltar o barco. A variedade de aves
de aves vistas durante o percurso é incrível, pena
não ter visto nenhuma capivara ou ratão do banhado.
Chegando ao Arroio Grande já com ventos fortes e rajadas,
na hora de subir a quilha, dificuldade e estalos sob o casco. A
1ª impressão é de que estava quebrando a fibra
mas na verdade era o náilon da rede se rompendo. Não
tive alternativa, barco bem amarrado junto ao barranco na beira
do arroio, roupa de mergulho completa, faca na mão e mais
de meia hora para tirar os restos da rede de volta da quilha e de
dentro de sua caixa. O trabalho terminou já noite fechada
e com muito frio e vento.
19/08/04
- Saída do VSG às 09:30 para a subida do canal de
São Gonçalo. Quase todo o
percurso a motor com aproximadamente 1 nó de corrente contra
e forte vento contra mais chuva, inclusive de granizo. Achei um
recanto para dormir na Ilha Grande, protegido do vento e da correnteza.
18/08/04 - Chuva intensa
e re-suprimento do barco em Pelotas
A
idéia de ter uma estaca cravada no casco já era suficiente
para seguir o percurso convencional
17/08/04 - Partida às 09:00 rumo a Feitoria
e Pelotas. Apesar das previsões de mal tempo ficar mais um
dia em São Lourenço estava me deixando ansioso. Naveguei
quase todo tempo de genoa e motor, a âncora a postos para
qualquer necessidade e previsão de paradas estratégicas
dentro do canal da Feitoria para o caso do tempo engrossar. Nada
disso foi necessário, peguei duas chuvaradas com ventos fortes
e bastante chuva. Deixei a capa da retranca armada de forma a me
proteger da chuva. Apesar do baixo calado e da sugestão de
atalhar por dentro da ilha da Feitoria só a idéia
de ter uma estaca cravada no casco já era suficiente para
seguir o percurso convencional. Cheguei ao VSG à noite sem
problemas, sempre com ajuda do GPS e do 2° tripulante, meu fiel
piloto. O tanque metálico de combustível voltou a
apresentar problemas, provavelmente entrada de ar na mangueira via
pêra ou terminais.
São
Lourenço do Sul
|
Resolvi
dar dois bordos de través de 01 hora cada até clarear
14, 15 e 16/08/04 - Partida de Tapes às 12:45 rumo a
São Lourenço do Sul. Como cheguei às 04:00
do dia 15 com terra a sotavento e fazia muito tempo que não
entrava naquele canal resolvi dar dois bordos de través de
01 hora cada até clarear.
Piloto automático dando
conta do recado sem problemas só com a mestra no segundo
rizo e andando 6 nós. O resto do dia 15 e parte do 16 para
colocação dos adesivos do site no costado. Aproveitei
para testar o bote inflável tanto para atravessar o canal
como para passear um pouco até as oficinas e estaleiros.
Se
é para ficar balançando que seja navegando e não
parado
12/08/04:
deixei o barco em Tapes e ontem vim para PoA para buscar a câmera
digital que havia encomendado e resolver algumas pendências.
Hoje volto para o barco e amanhã parto para São Lourenço
ou Pelotas rumo a Lagoa Mirim.
10/08/04: organização
geral do barco, nova distribuição de pesos e a montagem
da instalação elétrica do painel solar. À
noite fui jantar na casa do Leo dono do Tapê,
um Proboat 21 (antigo Delta 21) também de quilha retrátil
que ele levou de Tapes a Parati velejando. Foi uma ótima
oportunidade para trocar informações e impressões
sobre os barcos pequenos no mar. Estavam também o Felipe,
o Silvio que me presenteou com duas pequenas mascaras de sua autoria,
o Comar e seu filho Cristian. Várias horas de conversa, vinho,
anchovas e tainha assadas.
8 e 9/08/04: estava
muito legal a partida de Porto Alegre. Muito obrigado a todos amigos
que prestigiaram a saída motorando comigo até a Ponta
Grossa. A partir do través de Belém Novo entrou um
ventinho sul-sodoeste que permitiu desligar o motor e só
velejar. Chegando em Itapuã à noite o vento sudoeste
aumentou um pouco me deixando duas alternativas: ancorar e dormir
com ondas devido a falta de abrigo ou seguir direto para Tapes.
A vontade de velejar foi maior e segui direto rumo a Tapes em contravento
(se é para ficar balançando que seja navegando e não
parado). Todo o percurso foi em contravento com ventos médios
e fracos, sendo que da 01 da manhã de segunda até
o clarear do dia velejei com a mestra no primeiro rizo devido as
rajadas mais fortes e conforto da navegada. O piloto cumpriu seu
papel perfeitamente e o esquema de acorda a cada 20 minutos funcionou
muito bem, sem ficar exausto no final do percurso, isso sem contar
que na noite anterior havia dormido apenas 4 horas. Depois mais
contravento dentro do pontal de Tapes devido as rondadas, chegando
no Clube Náutico Tapense às 10 horas da manhã
de segunda.
5, 6 e 7/08/04: correria
total para conseguir resolver todas as pendências, dedicar
algum tempo para os amigos e família. Um sufoco que deverá
diminuir amanhã depois da partida, apesar de ainda estarem
faltando várias coisas como a instalação do
sistema elétrico do painel solar, organizar um monte de equipamentos,
roupas, alimentos, peças, etc. no pequeno espaço da
cabine e compartimentos de bordo.
Veja
a rota do Felipe
Veja
as fotos
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