21 Out 2006
Pois a previsão errou feio.
Saímos do clube com um ventinho bacana, sol, e eu tentando convencer o Cuca a caçar mais os estais que havia previsão de ventos fortes. Fui solenemente gozado: cadê o ventão? Mesmo assim ainda cacei os estais de força.

Nelson Ilha, Felipe e Gustavo. Pai e filhos juntos em Annapolis, EUA

Largamos a regata com ventos de uns 15 nós e fizemos o primeiro contravento bem. No final do contravento entraram algumas rajadas, mas nada de assustar.

No popa com balão o barco voava. Fizemos um bom popa e montamos a bóia de sotavento entre os dez primeiros. No segundo contravento o vento aumentou muito, a vela grande já ia a passeio. Resolvemos não colocar o balão. Planávamos com a grande e a buja como se estivéssemos de balão em cima.

Montamos o último contravento em quarto, e já se via barcos emborcados, balões rasgados e alguns jaibes chineses. Com a tripulação trabalhando tranqüila, as manobras saíam super bem.

No último contravento o vento, que já estava acima de 30 nós, aumentou realmente muito. O barco já não velejava. Com as velas batendo, ia adernado, derivando. Com as ondas enormes, entrava muita água.

Quando a situação ficou perigosa baixamos as velas, e com os baldes e bomba começamos a tirar água para não afundarmos. Vimos um dos Solings afundar perto da gente. A princípio ficou somente o bico de fora.

O Felipe insistia em voltar a navegar. O barco já tinha condições de navegabilidade, apesar do vento ainda estar muito acima de 40 nós. Subimos então a buja e recomeçamos o contravento. Saltou o moitão da adriça da buja, e em seguida rompeu a adriça.

Novo desânimo e novamente o Felipe: " bota a adrica do balão”, vamos terminar a regata. Com a adriça do balão subimos a buja e terminamos o percurso. Já haviam chegado uns 6 ou 8 barcos, porém a CR havia cancelado a regata, pois não tinha condições de ancorar.

Fizemos uma enorme perna de popa para a chegada, e o clube era exatamente no contravento. Foi uma navegada contra o vento, de umas 6 milhas, com ventos de mais de 35 nós.

Estamos mortos.

O saldo foi:
Dois Solings afundaram = perdidos
Dois foram salvos pela guarda costeira e rebocados.
Sete mastros empenados e dois quebrados.
Velejadores todos sãos e salvos.

Na volta, ainda tiramos o mastro, e trocamos o moitão e a adriça que havia quebrado.
Já está tudo pronto pra amanhã.

Nelson

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Nelson Ilha, do Veleiros do Sul, é juiz internacional da ISAF e participa do Campeonato Mundial de Soling 2006 com os filhos Felipe e Gustavo, a bordo do BRA26. O vô Henrique 'ta virado em baba'.
Fotos: Divulgação