Teredo, o cupim dos mares Aqui em Porto Alegre, nas margens do Guaíba, estamos incomodados com o recente mexilhão-dourado, que insiste em entupir as saídas d’água, travar os sensores do Log e emperrar as bolinas. Em fase de larva, nada livremente pelo oceano até encontrar um pedaço de madeira, seja um tronco, uma pilastra ou mesmo o casco da caravela. Aí fixa-se e começa a perfurá-lo. Como ferramenta, usa as duas diminutas conchas que o caracterizam como bivalvo (duas valvas). Dependendo da espécie, pode viver vários anos e crescer até 18 cm. É um furo de respeito. Além da própria madeira, que digere com auxílio de bactérias, o Teredo também se alimenta de plâncton, filtrando a água do mar. Conforme o nível de infestação, a madeira acaba por virar um queijo-suíço, permitindo ampla passagem de água, além de perder resistência estrutural. Devido a este probleminha, na Portugal das grandes navegações, as madeiras mais duras eram especialmente destinadas para a fabricação de cascos. Eram protegidas por lei, tendo permanecido a alcunha de “madeiras de lei”. Estas, em função das altas concentrações de lignina, eram mais duras: difíceis de perfurar e difíceis de digerir; a única defesa contra este “amável” animal. Mas como tudo tem dois lados, o Teredo também presta os seus serviços: se todas as toras que chegassem ao mar permanecessem intactas por anos, maiores seriam os riscos à navegação. Além de perfurar a madeira, o Teredo secreta em seu tubo um invólucro calcário. Com o tempo, a quantidade de madeira diminui e a de calcário aumenta. A tora fica mais densa e vai ao fundo. Viva o Teredo.
O Comte Nelson Ferreira Fontoura é doutor em zoologia, e professor do
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Estragos do Teredo no Rio Grande Yacht Club
Teredo
Fotos: Guto Vieira da Fonseca
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