A Transat está chegando à Bahia
Navegando 4.200 milhas em solitário
Felipe Susto Loss

23 Out 2007
A Transat 6.50 2007 é a XVI edição da regata bianual em solitário, ex-Mini Transat, para barcos da classe 6.50 que vêm sendo construídos desde 1977. Nestes 30 anos muitas alterações foram feitas. Os barcos são divididos em duas classes: Protótipo e Série.

A competição é dividida em duas etapas. A primeira, de 1.100mn, teve largada em La Rochelle (Charente-Maritime), França, em 18 de setembro, com destino ao Funchal, Ilha da Madeira, de onde largaram dia 6 de outubro. A chegada em Salvador, Bahia, 3.100mn depois, está prevista para hoje, 23 de outubro.

A competição traz contribuições excepcionais para o mundo da vela. As inovações testadas na 6.50 são mais tarde incorporadas a outras classes, como a 60 pés Open. A participação de 89 concorrentes engrandece o evento.

A classe 6.50 está dividida em várias categorias de velejadores e barcos (falando só dos protótipos):

Velejadores profissionais semi-profissionais com barcos novos ou mais antigos competitivos com material de ponta (velas, eletrônicos (mais sofisticados), mastreação (carbono de última geração, até 20kg mais leves que o mastro de carbono usado de 2004 que compramos para o 664), geradores (célula de combustível) e baterias (lithium, 200 amp pesa aprox. 6Kg e custa mais de 5mil euros) só para citar os exemplos mais caros.

 

A popa do barco de Isabelle foi desenhada para andar mais

O Barco da Isabelle Joschke que venceu a primeira perna da Transgascogne (novo projeto Finot de numeral 667) é um dos 5 mais modernos competindo atualmente, 100% carbono, quilha pendular, com lastros de água, mastro rotativo de carbono (também pode ser inclinado para barlavento pois tem apenas um estai lateral sem cruzeta que chega no convés, possiu um par de cruzetas cujos estais começam e terminam no mastro igual a alguns modelos de catamarã).

 

Popas dos líderes da prova

Na seqüência vem a turma semi-profissional que conta com patrocinadores e velejam na maioria barcos mais antigos consagrados.

Depois tem ainda o pessoal que possui bons barcos só que mais antigos, uns bem e outros não tão bem equipados (em todos os sentidos). Estes dificilmente tem material para encarar os barcos top.

Tem ainda aqueles que velejam em barcos realmente antigos, mais de 3 gerações em termos de projetos, na maioria estão participando sem ambição de grandes colocações.

Sistema de regulagem do estai lateral do mastro rotativo do proto 419 (pode puxar o mastro para barlavento)

Importante salientar que o numeral dos barcos é progressivo e portanto é fácil identificar, na maioria dos casos, a idade dos barcos pelo numeral. São muito poucas as exceções.

Nos barcos de série, as nova geração de modelos (mínimo 10 barcos iguais produzidos) está aumentando. Pogo 2 (Finot), TipTop (Manuard), Dingo (Rolland), Zero (Lombard) e o Ginto (Magnen). Destes a supremacia tem sido dos Pogo 2, mais numerosos na raia e com velejadores mais experientes navegando. Vários dos outros são extremamente competitivos, cada um com suas características para cada condição de vento e mar. Principalmente o Tiptop e o Dingo, por serem mais novos e terem poucas unidades competindo poderão surpreender em breve. Minha opinião!

Apesar do apelo experimental, sofisticação e desempenho dos protos, fazer uma primeira campanha com os barcos de série é mais sensato. Um protótipo novo pronto, completo para competir e com todo equipamento de segurança pode custar desde 50mil até 150 mil euros aproximadamente. Qualquer um dos barcos de série nas mesmas condições se consegue com no máximo 60 mil euros, com condições de ganhar na classe e não fazer feio no geral.

Por exemplo,nessa primeira perna da Transgascogne, entre 72 que largaram, o primeiro barco de série em solitário chegou em 11 no geral se não estou enganado, isso porque o Francisco Lobato que tem ganho quase todas as regatas quebrou. Na média ele estava sempre entre os 10 primeiros no geral e bobenado entre os 5!, No meio do pelotão top dos protos quase sempre tem um série para incomodar.

Pensando só em projeto, praticamente todos os protos mais modernos deveriam andar na frente dos barcos de série, inclusive os feitos no Brasil, 664 e 665, que tem seu plano de linhas uma evolução do 431, 432, 509 e 510. É um projeto da mesma geração do 551 e 567, mas uma atrás do 630 e 676 lançados a partir de 2006 com “shine” no casco. Citando apenas os projetos do Manuard.

-o-