Vela feminina amplia seus domínios
Um grupo de Florianópolis está mostrando aos homens
que é possível alcançar bons resultados
Jean Balbinotti / Diário Catarinense
A vela feminina catarinense se estrutura para vencer novos desafios. Um grupo de 15 mulheres, residente em Florianópolis, está disposto a mostrar aos homens que apesar da menor compleição física e força, o "sexo frágil" também é capaz de evoluir e alcançar bons resultados nas provas realizadas no Brasil e exterior. Integrantes da Associação de Vela e Preservação Ecológica da Lagoa (Avelisc), as velejadoras já participam dos campeonatos organizados pela Federação de Vela de Santa Catarina (Fevesc). Uma das maiores incentivadoras do grupo é a tradutora Jacqueline Goulart, 49 anos, que veleja há cinco e possui um barco da categoria Mini-Oceano. - Queremos é estimular a participação das mulheres, não importa a idade. A raia da Lagoa (da Conceição) é boa para quem está iniciando no esporte - diz Jacqueline, lembrando que apesar da Lagoa ser um local abrigado, as rajadas de vento também podem ser fortes. - Quando isso ocorre é difícil segurar o barco - destaca a fotógrafa náutica Cristina Sanz, 48, que veleja há 13 anos em embarcações das categorias Monotipo, Mini-Oceano e Oceano. O certo, dizem elas, é que o iatismo é um esporte de risco calculado. A empresária Tatiane Schlegel, 32, conta que as atletas usam obrigatoriamente, assim como os homens, coletes salva-vidas. Além disso, as velejadoras estudam cada detalhe do barco e as condições climáticas para não serem surpreendidas durante uma regata. Mesmo assim, imprevistos são inevitáveis e, neste caso, é preciso estar preparado. Tripulações mistas ganham a preferência Quem compartilha desta opinião é a navegadora australiana do Brasil 1, veleiro que participará da Volvo Ocean Race, maior regata de volta ao mundo, Adrianne Cahalan. Segundo ela, a vela hoje é uma das poucas modalidades que permite o trabalho conjunto de homens e mulheres. - Os barcos geralmente precisam de pessoas fortes para regular certos equipamentos, então o ideal é formarmos equipes mistas. Números da modalidade
Conhecimento e sutileza a bordo - Acho que o respeito entre nós é muito maior. A relação das mulheres é mais sutil e harmônica do que dos homens - salienta a arquiteta naval e professora de vela, Gabriela Iervolino, 27 anos, que mantém uma ligação bastante intensa com a modalidade. - Velejo desde quando comecei a falar - ressalta. Para Jaqueline Back, 44, iatista desde os 15 anos, hoje as mulheres competem de igual para igual com os homens, e começam a ser reconhecidas pelos investidores. Prova disso é o que ela viu há cerca de duas semanas, em Ilhabela, litoral de São Paulo. Lá haviam três barcos com tripulação feminina e, o mais curioso na avaliação da atleta: patrocinados por empresas privadas. A falta de recursos para investir na formação de novas velejadoras é apontado pelo grupo da Associação de Vela e Preservação Ecológica da Lagoa (Avelisc) como um dos maiores obstáculos a ser superado. Segundo Jacqueline Goulart, os custos de manutenção dos barcos e a compra de novas embarcações geralmente são bastante elevados, o que deixa o esporte restrito a poucas pessoas. - Na Mini-Oceano, por exemplo, os preços das embarcações variam de R$ 11 mil a R$ 12 mil. Aqui mesmo na Lagoa podemos encontrar barcos que valem até R$ 30 mil - observa Jacqueline, ressaltando que os veleiros equipados com maior tecnologia são, necessariamente, mais caros que os outros. - Tudo depende do objetivo do atleta, se ele vai apenas praticar ou vai competir - completa. Saiba mais |
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