Velejando apenas com o sopro
"Aqui eu sou a comandante"
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anilo Chagas Ribeiro


21 Dez 2007
S
oprando e aspirando um tubinho, ela consegue velejar.
Em julho passado Hilary Lister fez a volta à Ilha de Wight, como um treino para realizar seu sonho: circundar as ilhas britânicas.

A velejadora britânica é tetraplégica devido a uma disfunção neurológica progressiva. "Velejar me dá uma sensação de liberdade que nunca pensei poder sentir de novo", disse.

Com muita determinação, Hilary, de 35 anos, atravessou o Canal da Mancha em seu Soling (23pés) em Agosto de 2005.

Hilary veleja acomodada em um assento especial, tendo um painel de controle à sua frente. Movimentar a cabeça é o único movimento que pode fazer, mas ela consegue timonear, ajustar as velas e seguir em frente, sozinha.

Empresas britânicas do ramo náutico têm patrocinado a velejadora com produtos especiais, como a Musto, fabricante de roupas para velejar. A Raytheon forneceu a eletrônica embarcada, incluindo o sistema de navegação.

"Na água você tem a liberdade que não tem em qualquer lugar, tão bem eu sei. É difícil explicar o que é estar presa a uma cadeira de rodas. Aqui eu sou a comandante. Além de timonear, eu posso escolher entre ter os panos folgados ou velejar depressa. É maravilhoso poder escolher novamente", disse Hilary.

A façanha desta inglesa chama minha atenção de forma muito especial. Nos anos 80 desenvolvi em Porto Alegre um sistema de controle para tetraplégicos, baseado em um computador Apple ][ , com o qual podiam fazer atividades em casa. Recebiam e faziam ligações telefônicas, abriam a porta da rua, e faziam algumas outras atividades. Tudo através do sopro.
Agora, com o vento além do sopro, ficou muito mais bonito.
Fonte: Telegraph

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