Esgoto dentro de marina
Prefeitura de Porto Alegre lança esgoto no Iate Clube Guaíba
Jul/2002

Uma imensa galeria de concreto armado de 2,20 x 2,00m, com quilômetros de extensão e mais um duto com diâmetro de 1,20m estarão em breve lançando esgoto pluvial e cloacal dentro da marina do clube náutico de Porto Alegre com a maior flotilha de veleiros oceano do sul do país.

Além do inevitável assoreamento, ocorrerá a poluição das águas, o prejuízo para a fauna e a inviabilidade da marina do Iate Clube Guaíba. Veja a foto do jornal O Sul, ao lado.

Acima de tudo, é uma obra de engenharia sem bom senso. As crianças vão continuar tendo aulas na escola de vela, agora em meio ao esgoto?

A ação isolada de alguns associados e o interesse da nova comodoria tenta impedir o funcionamento da obra.

 

Atualmente a marina já sofre com o esgoto lançado a céu aberto: o vento Oeste empurra o lixo que vem boiando do valão para dentro da marina (refluxo), obrigando o clube a manter uma equipe de limpeza.

 


 

Mesmo que a marina não tivesse utilização alguma, que fosse vazia, despovoada, seria um absurdo jogar o esgoto lá dentro: teríamos, de qualquer maneira, um "lixão" a céu aberto.

 

Uma vez dentro da marina, os detritos não saem naturalmente porque "não há energia para retirá-los de lá", diz o prof. Dr. Israel Barcelos de Abreu, especialista no assunto. Veja o croquis.

 

Com o início da operação do novo esgoto, imagine-se o que vai ser da marina.

Sim, esgoto é uma obra importante, mas por que jogá-lo dentro de uma marina?



O local é o habitat de fauna em extinção. Por ali circulam lontras e tartarugas. Ratões do banhado tem seus ninhos, pescadores retiram pintados, piavas e outras espécies de peixe. A menos de 100m do local, rio abaixo, no Veleiros do Sul, há ratões do banhado "aos montes".


Para conferir, na mesma data dei uma volta à noite pelos molhes. Aí estão os animais que fotografei.
Segue trabalho do Prof. universitário Dr. Israel Barcelos de Abreu, geólogo especialista em recursos renováveis, consultor ambiental, Mestre em Engª Civil em Recursos Hídricos e Saneamento, e Doutor em Ciências geológicas pela Universidade Politécnica da Catalunha. Como se não bastasse, o homem fez ainda um pós-doutorado em Engª Ambiental na Escuela de Caminos, Canales e Puertos de Barcelona. É uma autoridade indiscutível sobre o tema em questão. Vejam o que ele disse sobre o assunto:

 

Perguntas ainda sem resposta:

* Por que a FEPAM (Fundação Estadual de Proteção ao Ambiente) permitiu a execução da obra?

* Por que a SMAM (Secretaria Municipal do Ambiente) concordou com a obra?

* Por que o DEP (Departamento de Esgoto Pluvial) insiste com uma obra sem o Estudo de Impacto Ambiental?

Segundo um ex-integrante da comodoria anterior, o projeto lhes foi apresentado de forma tal que não perceberam a grandeza do estrago que causaria.

Independentemente das respostas que estas perguntas possam ter, a obra deverá ser realizada, sim, pois o esgoto atende às necessidades de uma comunidade. Mas que seja executada de forma a não prejudicar a fauna já em extinção, que não inviabilize a atividade da marina, que tenha especificação enquadrável na lei. Que seja executada com bom senso.