Uma viagem para loucos

 


 

 

 

NICHOLS, PETER. Uma viagem para loucos, tradução de Ana Deiró do original "A voyage for madmen", prefácio de Lars Grael, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2002, 339 p.

Conta a história da primeira regata de circunavegação em solitário, sem escalas e sem assistência externa, a Golden Globe, realizada em 1968 e patrocinada pelo jornal britânico Sunday Times, de Londres.

Para situar melhor o que era a tecnologia disponível em 1968, o homem não tinha ido à lua, não existia o sistema de posicionamento global por satélite (GPS), as ligações telefônicas de longa distância eram feitas via telefonista, carro moderno era Simca Chambord, os Beatles tinham lançado o filme Yellow Submarine. A localização de um barco no mar era obtida pela observação de astros, com um aparelho chamado sextante seguida de uma série de cálculos, e uma precisão de cerca de 5 milhas náuticas (ao redor de nove quilômetros).

O autor, uma criança quando ocorreu a regata, fazia leituras sobre a "Golden Globe" enquanto aprendia a velejar. Alguns anos depois, após ter naufragado em seu barco na costa americana durante uma travessia transoceânica em solitário, decidiu escrever sobre a história dos nove velejadores que tentaram o então quase impossível. O livro é interessante, bem escrito e provavelmente atrativo também para os que não pertencem à comunidade náutica. A tradução poderia ser melhor e dá para fazer uma lista não muito pequena dos erros cometidos.

Para os que acompanharam as viagens do Amyr Klink, que quase nos fez crer que navegar sozinho próximo ao Polo Sul num barco à vela é fácil, o desfecho da regata, com apenas dois competidores chegando ao fim, dá a dimensão adequada do que foi velejar pelo Oceano Austral com um sextante na mão, sem GPS, sem EPIRB, sem telefone, fax, previsão meteorológica ou Internet.

João Luiz de Mello