Para o frio, extintor de incêndio
Enfrentando o inverno gaúcho a bordo
Miguel Sanchis

04Junho2006
Enfrentar o frio do inverno gaúcho no cockpit de um veleiro, com o vento gelado soprando no rosto, é para poucos. Mas passar a noite na cabine, no forte do inverno, pode ser para menos ainda.

Um velejador de Tapes, cidade à beira da Lagoa dos Patos, construiu um aquecedor para encarar o frio do inverno no Rio Grande do Sul.

O assunto vem sendo debatido há algumas semanas pelo grupo de discussão popacombr, com sugestões bem variadas para vencer o frio. As mais simples recomendam aquecer tijolos no fogão, ou deixar o fogão ligado até a hora de dormir. As mais sofisticadas recomendam aquecedores catalíticos e outros de uso marítimo.

O Comandante Miguel Sanchis Pagão, do Clube Náutico Tapense, apresenta uma solução criativa e de baixo custo.
Segue o projeto enviado ao popa.

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Para o frio, extintor de incêndio
Miguel Sanchis/Pagão-CNT/Tapes

A idéia de utilizar um extintor de incêndio como aquecedor à carvão começou com o Sussuca do Talhamar. Assim que o inverno foi apertando, resolvi copiar o modelo, aperfeiçoando alguns detalhes. O Emilio (Adriana) sugeriu que socializasse a engenhoca. Então aí vai.

Construindo a estufa
A idéia básica consiste em utilizar um extintor como corpo para o aquecedor. Há modelos que usam misturador lateral, que por estarem ultrapassados, podem ser adquiridos a baixo custo. Cabe lembrar que o extintor é utilizado de “cabeça para baixo”.

A partir daí se constrói o braseiro, cujo acesso é feito por uma tampa de cinzeiro reciclada de um fogão à lenha. No passo seguinte monta-se um dissipador de calor (chapa 2mm) na qual vai fixada uma grade para as brasas.

A chaminé foi também reciclada de escapamentos automotivos sucateados, neste caso, cedidos pelo Gringo do Orca

A saída do cano de descarga deu-se por um flange de inox. Isso evita que o calor da descarga chegue as “paredes” do convés. A partir daí um cano curvo destacável fica responsável pela dispersão da fumaça.

Quando a estufa não está sendo usada, uma tampa de borracha veda a entrada da água. Neste caso utilizei a tampa da caixa dos amortecedores do automóvel Gol.

Cuidados com o fogo
O fato de estarmos com fogo dentro do barco, sempre exige atenção. Por este motivo deve-se instalar, na parte inferior, uma câmara de segurança no respiro/ladrão da estufa.

A mesma foi confeccionada com um cano de ¾, cuja extremidade recebeu uma tampa de ponta de eixo de automóvel, obtida no ferro-velho. Com este mecanismo é possível admitir o ar para a combustão sem o risco de que as brasas desçam pelo respiro, atingindo os “paneiros”. Removendo-se a câmara é possível fazer a limpeza do cinzeiro.

Recomendo usar carvão vegetal ao invés de lenha, evitando-se assim a dispersão de possíveis fagulhas sobre o convés ou as velas.

Cuidados também devem ser tomados com a fixação da estufa. A mesma pode ser feita no suporte interno do mastro ou na caixa da bolina, observando-se sempre o isolamento térmico.

Para finalizar, lembro que a pintura exige atenção: deve ser feita com spray a prova de calor, após a remoção da tinta original do extintor. 

E que venham as madrugadas frias do inverno!

 


 

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