Barcos Adornados

 

 

Se até um jornalista "se passa", por que não o povo?

"Eles tavam num trago que era uma cosa por demais. E era muita gente praquele barco. Távum mais amontoado que uva em cacho e riam pra mais de metro. Nóis ali não ouvimo, mas dava pra vê que vinhum tudo bem alvoroçado.

Um meio nanico, era a primera veiz que saía. Tava mais assustado que velha em canoa. Um outro, anssim mais gordote, usava essas roupa que tratam aí por esperneável. É dessas que não passa água.

E tinha uma moça junto, cosa más linda. Vinha mais enfiada naquele barco que piolho em costura. Se agarrou-se c'as mão anssim nas corda do barco e vinha acocadita no más.

O nordestão tava comendo uma barbaridade e eles tudo naquela voadeira grande, correndo muito. É desses barco que os de mais estudo tratum por inflamável.
E nóis ali só bombeando das pedra, pescando. Nóis já tava até garrando raiva deles causo que o barco fazia onda ali pra nóis.

Pois vai que dali a um poco eles pegarum um vento de jarrada anssim meio que de lado, e o barco pegou a adornar e a adornar até que se virou-se de cabeça pra baixo"...
(um dos muitos causos contados pela gurizada medonha da Pinguela)