O Reino de Tonga
Arquipélago
Vava'u
Carlos Altmayer Gonçalves Manotaço
Dados sobre TONGA Sua Majestade, o rei Taufa’ahau Tupou IV, com 87 anos, filho da falecida rainha Salote Tupou III, governa desde 1.965. Quando de nossa passagem por Tonga, a população estava em clima de revolta, exigindo maior distribuição de renda para os pobres, que são a maioria. Descobertas por James Cook em 1.777, as ilhas foram batizadas pelo desbravador inglês de “Friendly Islands” (Ilhas Amistosas), pelo comportamento de seu povo para com os ingleses. Curioso fato ocorreu então; Cook permaneceu dois meses em Tonga (o arquipélago mais ao Sul, aliás, Tonga significa Sul). Quando o rei disse-lhe que ia fazer uma visita a Vava’u, que ficava a dois dias de viagem de canoa para o NE, Cook imediatamente expressou sua vontade de acompanha-lo com o “Discovery” e o “Resolution”. O rei apressou-se a desestimula-lo de tal empresa, alegando que eram águas rasas e que não havia abrigo próprio para seus navios. Foi a maior mentira que alguém poderia ter aplicado. Vava’u é considerado o melhor porto de todo o Pacífico Sul. Cook aceitou a opinião do rei e deixou de conhecer este belo local. O primeiro europeu a visitar Vava’u foi o espanhol Francisco Mourelle, em 1.781, apenas quatro anos após a visita de Cook. Este nunca soube do trote que lhe foi aplicado, já que foi assassinado pelos nativos do Hawaii, em fevereiro de 1.779. O arquipélago de Vava’u é constituído pela ilha principal, Vava’u, e mais 50 ilhas menores. A profundidade entre elas varia de 30 a 100 metros. Este arquipélago ocupa uma área de aproximadamente 12 x 12 milhas. O local é escolhido pelas baleias corcundas (humpback) para procriarem. Nos 9 dias de nossa estadia, vimos baleias todos os dias, até 4 grupos de 3 a 4 indivíduos cada, em um dia. São dóceis e pode-se aproximar delas com cuidado. Nas instruções preliminares, na base da Moorings, foi-nos dada orientação sobre como proceder com elas, além de receber uma lista de não/sim sobre as mesmas, que teve de ser assinada pelo comandante. Há um forte esquema de proteção ao bem estar das baleias, que não vimos ser desrespeitado pelos inúmeros barcos que ali navegam.
A bordo do “ZUBEN” - Sábado, 13 de agosto de 2005 Zarpamos da doca ao cair da tarde, indo pegar uma das poitas disponíveis, para passarmos a noite ali mesmo. A enseada é um porto espetacular, rodeado de terras relativamente altas em 360º. Jantamos, saladas, pão, etc. aproveitando para ir conhecendo o local da estiva do rancho e funcionamento do barco. Deitamos cedo, ainda sob efeito da diferença do fuso horário (8 HORAS). A partir do dia seguinte, demos ótimas velejadas entre as ilhas que compõem este arquipélago. Velejávamos um pouco pela manhã, buscando fundear para o almoço, em algum local que permitisse descer, bem como nadar e fazer “snorkel”. As opções eram muitas. Dávamos outra velejada à tarde, buscando um fundeio para a noite. A carta que a Moorings nos forneceu, tem 42 pontos indicados para fundeio. Os que são assinalados com âncora pequena, servem para fundeio diurno; aqueles que tem âncora grande, são os indicados para pernoite. Todos os dias, entre 4 e 6 da tarde, entravamos em contato com a base, via VHF, avisando o ponto escolhido para passar a noite. Cuidados com o meio ambiente Os vasos sanitários descarregam num tanque, que tem 50 l de capacidade. Cada vaso tem seu tanque. Se o tanque lota, começa a sair pelo tubo de ventilação. A cada três dias, saíamos das águas abrigadas, dando uma volta no oceano para abrir a válvula de esvaziamento do tanque e limpeza do mesmo, através da bomba do vaso, circulando água limpa. O barco tem os bocais de sucção, para esvaziar os tanques; porém a base não possui o sugador, nem a ilha tem local para tratar dejetos desta natureza. LUAU , com chuva
Pena que o tempo não ajudou, estava encoberto, com chuviscos esparsos. O fogão é um buraco no chão, onde foi feito um fogo à tarde, para aquecer pedras. Depois do fogo apagado, coloca-se as pedras quentes no fundo do buraco e a comida, envolta em folhas de bananeira, sobre estas. Mais uma camada de folhas, outra de pedras e mais uma cobertura de coral moído (que nós temos o hábito de chamar de areia). Assistimos ao processo de abrir o fogão, que foi muito interessante. As comidas preparadas no tal forno era muitas, identificamos algumas: peixe, porco, taro (tipo de aipim), algas, repolho. Havia outras coisas servidas à mesa, de difícil identificação. Entre as cruas, ostras, frutas como: melancia, mamão, banana, manga e coco. As comidas assadas em geral levam leite de coco em seu preparo. Havia também a gamela da KAVA, que é uma bebida alcoólica, feita pela fermentação do taro. É semelhante ao nosso cauim. Outra tradição de Tonga, é a fabricação de “tapas”, que são tecidos feitos a partir de casca de árvores. Depois de pronto o tecido, que tem uma coloração amarelada, fazem sobre este, pinturas com tinta preta e marrom. São trabalhos muito bonitos. São vendidos por todos os lados. As “meninas” compraram alguns nas ilhas, diretamente das produtoras, e outros no mercado de Neiafu.
“TA’OVALA” , a gravata de Tonga Outra tradição é colocarem ornamentos sobre as tumbas, são panos quadrados, com desenhos, flores, os nomes dos falecidos e outras mensagens, que por estarem escritas em tonganês, não pudemos identificar.
The Friendly Islands Outro aspecto interesante, é o tamanho das pessoas, são enormes. A aeromoça oferece extensão para o cinto de segurança, como quem oferece jornal, no início do vôo. Nossa estadia não poderia ter sido mais prazerosa. O local é ideal para velejadas despretensiosas e relaxantes, durante os 9 dias que ali estivemos, a água não respingou no convés. O barco, muito bem equipado, simples de operar, era só satisfação. Tinha uma churrasqueira a gás, que armava-se no cockpit, à popa. Nela, assamos peixes, “stakes”, batatas e cebolas, aos finais de tarde. O uniforme Este ano tivemos dificuldade em encontrar camisetas verde amarelas, que não fossem imitação das usadas por jogadores de futebol. Certo dia, fui ao correio e vi que o funcionário vestia uma camiseta verde, com um coração amarelo e azul no peito. Quem sabe? Moema estava encarregada desta parte. Após vários contatos com o departamento de divulgação dos Correios, foi aprovada a doação de 15 camisetas ao grupo de velejadores. A intenção era divulgar o país. As camisetas fizeram sucesso, várias ficaram por lá, como recordação nossa a pessoas queridas com quem confraternizamos. Fica o nosso agradecimento aos Correios pela gentileza do patrocínio das camisetas. O barco Bimini sustentado pelo arco dianteiro e estais de popa. O doghouse fixa-se ao arco de sustentação. O mastro é apoiado na cabine, fuzis fixos no costado, fracionado tipo 9/10. A vela grande é generosa, com duas forras de rizo, não usa traveller, apenas dois moitões sobre a cabine. A vela de proa é uma buja 105%, muito fácil de manejar em viradas de bordo. Com 700 l d’água e 400 l de diesel, garante uma autonomia suficiente para o uso proposto. A linha Cyclades, é a nova linha da Beneteau destinada a barcos de charter e privados. Nela estão empregados os conhecimentos adquiridos ao longo dos anos de trabalho do renomado estaleiro francês. O objetivo desta série, que o 43’ é o primeiro, é ser simples de construir e de velejar, sem comprometer a qualidade e segurança do produto. Para isto, a Beneteau construiu uma fábrica nova, que quando a plena força, terá capacidade de produzir 1.000 barcos por ano, de 4 tamanhos. “Zuben” veio da França para Auckland de navio, em maio/2005. Após, velejou 1.200 milhas até Vava’u, aonde chegou em 10 de junho/2005, dois meses antes de nosso charter. Porque TONGA? Não nos arrependemos da escolha. Valeu a pena o trabalho de pesquisa, reservas, e-mails para lá e para cá, acertar as datas convenientes para todos, etc...
Na carta a seguir, estão assinalados, com um “rabo de baleia”, os locais onde as avistamos.
Carlos Altmayer Gonçalves
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06 Set 05 Visentini 14 Set 05 JATCampello CDJ Aventura |
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