55ª SANTOS - RIO a bordo do KeeKee
28 e 29 Out 2005
Rodrigo Siqueira
Fotos: Rodrigo Siqueira e Rogério Jojô Carvallho

Santos-Rio é a mais tradicional regata oceânica do país. Nos últimos anos tem atraído entre 30 e 50 barcos. A edição 2005 ficou na parte de baixo dessa faixa, talvez por causa do furacão do ano passado, que pode ter desestimulado alguns velejadores. Em 2005 tentávamos o título inédito, depois de 3 segundos lugares.
A ida do RJ para Santos em ônibus leito foi uma ótima medida, permitindo uma confortável e necessária noite de sono à tripulação do KeeKee, composta de trabalhadores que tiveram um dia útil normal na véspera da largada.

Chegando no Iate Cube de Santos, a tripulação de 7 pessoas dividiu-se em 4 frentes: uns montavam o barco, outros foram comprar gelo, alguém foi resolver pendências de documentos na inscrição, e o último grupo partiu para as compras de supermercado, distante 5 quarteirões do clube. Fomos andando e voltamos de taxi devido ao peso/volume das provisões: água, cerveja, sopa instantânea individual, frios, pães, pizza e lasanha. Amendoins e outros tipos de salgadinhos já estavam a bordo desde a ida pra Santos, uma semana antes.

A navegada Rio – Santos merece um comentário: foi uma viagem muito tranqüila com apenas um problema de super-aquecimento do motor, que estava sendo bastante usado devido ao vento fraco. A programação inicial era parar em Ilhabela para abastecer de diesel, mas acabamos indo para o Ubatuba Iate Clube. Ótima opção !!! Os visitantes são muito bem recebidos, o clube é ótimo e fica numa paisagem linda. O banho quente e o almoço bem servido recarregaram as energias dos dois casais que levavam o veleiro pra Santos.

Largamos bem, apesar do vento meio fraquinho, longe de ser o ideal para nosso barco. Mas andamos bem e, por exemplo, fizemos frente ao mais leve e moderno Sargaço, que tem 36 pés como o KeeKee. Até umas 3 horas de regata, estávamos perto do pelotão da frente (fora as máquinas de regata (Neptunos/Mitsubishi/Áries), mas perdemos contato na primeira calmaria. Sargaço, Vizcaya e Viva foram embora, nós ficamos. O vento voltou quando anoiteceu e fomos liderando o segundo pelotão, que incluía apenas nós da RGS, até umas 3 hs da manhã. Nenhum rival da mesma classe no horizonte até anoitecer. Pela passagem de posição via rádio, sexta 20hs, estávamos 5 milhas na frente do que estava mais próximo. Mas depois de muito tempo andando bem, nova calmaria nos fez perder contato com os Deltas 32 que nos cercavam, todos com vela exótica e grandes campeões a bordo: Mahalo, Luckly e Super Pimpo. Todos da classe ORC-CLUBE.

Amanhecemos o sábado no través de Ubatuba e com bom vento. Chegamos a andar a 12 nós !!! Claro que o instrumento pode estar louco ou afetado por turbulência da quilha, mas foi o que marcou e eu estava no leme na hora. Foi um belo "jacaré" ... Só que na verdade tivemos um dia de calmaria ou vento fraquinho o tempo todo e perdemos contato visual com os Deltas 32.

Um buraco de vendo já na cidade do RJ nos fez avançar lentamente para a chegada, enquanto que os concorrentes voavam baixo com o sudoeste que ainda não tinha nos alcançado. A previsão indicava esse mesmo vento na madrugada anterior. Errou por 24 hs. Faltando centenas de metros para cruzar, víamos o Quiricomba (46 pés de regata da escola naval) nos alcançando, voando baixo, e nós com o balão murchando a cada onda. Que agonia ! Atrás dele, concorrentes (outros Deltas 32 só que da RGS) que estavam a dezenas de milhas atrás acabavam com nossa vantagem que poderia garantir uma vitória no tempo corrigido. Acho que o pessoal que foi lá pra fora se deu bem do meio pro fim da regata. A última passagem de posição, sábado 20hs, nos dava grande folga para vencer, mas não foi o que aconteceu.

O vento nos alcançou faltando menos de 20 metros pra linha. A largada foi 13h de sexta e a chegada, 23h de sábado. Um bom tempo !!! Tivemos vento/corrente/ondas sempre favoráveis, o que ajudou bastante. Outro detalhe: que regata molhada ... Chuva quase o tempo todo.

O Delta 32 "NOSSO" tem rating bem menor e chegou colado, vencendo a regata. O Blue-Label tem rating quase igual ao KeeKee e chegou perto, mas não o suficiente para nos tirar o segundo lugar.
O percurso mudou nos últimos anos. A largada ficou umas 5 milhas mais longe do RJ e o canal de Ilhabela passou a ser proibido. Então o tempo record de Torben Grael em 1995 (21 hs e 25 min) não serve de parâmetro. Considerando um percurso de 190 milhas (arredondando) e o nosso tempo em 34 hs e 20 min, chegamos a uma média de 5,5 nós. O fita azul Mitsubishi fez a regata em 26 hs e obteve média de 7,3 nós. Mas este barco é um fora de série, incomparável ao nosso Velamar 36 fabricado em 1982.

Se analisarmos o desempenho de barcos como o Marlin (Beneteau 40.7) ou Angela Star (Beneteau 47.7), bem maiores e mais novos e mais equipados que o Keekee, vemos que não fomos mal. Esses dois fizeram em 32 horas aproximadamente, gerando média de 5,9 nós. Parece que enfrentaram a mesma falta de vento que nós. Nossa velocidade média se parece muito com a obtida pelo pessoal da classe ORC-CLUBE.

A Santos - Rio é um grande desafio que mais uma vez não vencemos. Ano que vem tentaremos novamente. E agora é encarar o Ciruito Rio ...
Rodrigo Siqueira
Veleiro KeeKee


RGS
1 NOSSO André Reginato Delta 32
2 KEEKEE Hélio de Souza Velamar 36
3 BLUE LABEL Pedro Rodrigues Delta 32

IMS
1 MITSUBISHI Eduardo Souza Ramos JV 48
2 NEPTUNUS EXPRESS Suely Mirsky IMS 50
3 VENTANEIRO Renato Cunha FIRST 40.7

ORC
1 MAHALO Ricardo Silva Araújo S. filho Delta 32
2 LUCKY Ralph Rabello V. Rosa Delta 32
3 SUPER PIMPO José Luiz Couto / Hamilton Andrade Delta 32

 

 

 

 

 

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