Seu Paulo: como morar em barcos, em uma lição
Um setentão que adora navegar
Cristina Kriz Sans

Lição 1: amar navegar.

Seu Paulão, como todos o chamam, é um verdadeiro amante das águas. Teve uma variedade grande de barcos que sempre foram e são usados ao extremo.

Em Florianópolis, levou o primeiro barco cabinado pra Lagoa da Conceição, na época um 26 pés de madeira. Ficava então mais nele do que em casa, o que acabou resultando em problemas em terra e que por sua vez, resultou em ficar mais tempo ainda na água.

Bem... Nesta época somente ele andava pela lagoa. Depois desse primeiro veleiro teve um outro barco de madeira, um 22 pés, modelo completamente e irrestritamente indefinido, com o qual ficou bem mais tempo, porque o calado era melhor pro local.

Com o tempo, mais velejadores foram aparecendo, e bem depois, Seu Paulão fundou junto com outros, a AVELISC, que é uma associação de mini-ocenos na Lagoa da Conceição.

Ele praticamente morava nos barcos. Teve uma ocasião, já com mais de 60 anos, que morou 6 meses, pasmem, em um Marreco 16. O Marreco ainda existe e é um poço de curiosidades: fogão cardan, cortinas, antena, mini varal, enrolador(!!) e alguns esquemas de madeira como suporte p/ tv nos pés da cama, porta fitas cassete, porta-lápis, porta-copos, porta-garrafas em baixo de um degrau na entrada da cabine que também vira uma mesa, alguma sgavetas e pia. Sim, pia, porque ele fez uma tanque de água, que é um tubo de pvc de uns 15 cm, colocado em baixo da braçola do cockpit.

E não morou sozinho neste “espaçoso” barco, durante uma boa parte. Uma namorada o acompanhou. Com este marreco saía pela barra da lagoa e ia ao mar aberto. De lá seguia pra Ganchos, Porto Belo e outras praias. Nem preciso dizer que ele cozinhava a bordo, fazia moquecas, churrascos...

Depois Seu Paulão teve um Bruma 19, todo montado desta mesma forma (foto ao lado), e com ele também ficou muito tempo embarcado. Neste já estava então com quase 70 anos. A seguir, passou um tempo com o Inca, um barco de madeira, a motor, no qual engembrou uma vela tipo das canoas antigas.

Agora voltou novamente a adquirir um pequeno veleiro de 16 pés.

Em todos esses barcos ele fazia um dispositivo de lançamento de âncora comandado do cockpit. Também em todos baixava os mastros para passar a ponte da Barra da Lagoa. Fazia uns suportes de madeira que encaixavam no vão do escoamento de água na popa, e que formavam um "V" na ponta, onde o mastro encaixava pra apoiar. Então subia os mastros na saída do canal, já em pleno mar. Que disposição!!!!

Seu Paulão é o eixo de uma família de velejadores. O filho Paulinho (foto abaixo) é um regateiro quase fanático e os netos Fernando e Neto (este, mais abaixo com a Luna) não ficam atrás. Velejam em tudo que podem, monotipos, oceano, canoas, o que pintar, pintou.

É uma figura constante nas águas da lagoa e nas festas e eventos dos mini-oceanos. E como se pode imaginar, é conhecido de todos. O seu amor por navegar é um exemplo, vai ao mar em qualquer tempo, mesmo com mais de 70 anos, e em barcos nada confortáveis. Um verdadeiro lobo do mar, com bochechas coradas, barbas brancas e o olhando sempre pras águas.

 

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