Saímos do ICRJ trinta minutos antes da hora prevista para a largada. Há cerca de uma milha da linha de largada amontoavam-se algumas centenas de embarcações, contidas por lanchas e helicópteros da Marinha.

Com a bandeira PRESS tremulando na popa da SUNSEKER 58, passamos a 25 nós pela multidão e entramos direto na raia. Totalmente encalmados, os barcos competidores da Regata Volvo Ocean Race começavam a subir as velas sem muita pressa. Deu para passar pertinho e olhar os detalhes de cada um.

O Paul Cayard comia calmamente uma maça na popa do Piratas do Caribe. O Brasil 1, levava uma prosa descontraída com o pessoal de apoio, rebocado em um inflável no seu costado de boreste. Havia dois convidados a bordo, um deles amigo do Renato Plass.

Cinco minutos antes da largada entrou o vento e os barcos começaram a navegar forte. Nosso marinheiro deu uma bobeada e por pouco não somos abalroados, primeiro pelo Brasil 1 e, logo em seguida, pelo Holanda 1.

Teria sido o nosso momento de glória, com entrevista na CNN e tudo mais. O Brasil 1 queimou a linha e foi penalizado com um 360º que o colocou em último lugar. Os barcos navegavam no contravento em direção a saída da baia quando a genoa do Holanda 1 veio abaixo, parando completamente o barco.

O Movistar assumiu a liderança seguido de perto pelos demais. A essa altura, a enorme flotilha de barcos assistentes já tinha sido liberada e aproximava-se em alta velocidade. Não sei como não houve nenhum acidente de proporções frente a tamanha anarquia. Em um determinado momento, o navio da Marinha literalmente emparedou o Brasil 1 em seu sotavento, fazendo-o manobrar em busca de vento e espaço para velejar. O Torbem Grael espumava de raiva. Na passagem da bóia do arpoador os barcos viraram para o Norte e subiram os balões, seguidos pela maior flotilha que já passou por Copacabana desde a descoberta do Brasil. Cansados de tanta marola resolvemos largar a regata de mão. Viramos no rumo inverso e fomos tomar um Torrontes em frente as ilhas Cagarras.