Canibalizando a raia
Cruzeiristas em regata
Danilo Chagas Ribeiro

1º Mai 2007
Neste final de semana tive um raro prazer. Éramos 5 tripulantes a bordo do Canibal, sendo 3 mulheres com pouca ou nenhuma prática no ajuste das velas, e 2 cruzeiristas especialistas em navegação, em operação da churrasqueira de bordo e em outras fainas menos aguerridas que as de regata. Participávamos da 'Regata do Baton', do Veleiros do Sul, no Rio Guaíba. Neste evento, no mínimo 50% da tripulação deve ser feminina.

Aquele vento, de uns 18 nós do sul ou sudeste, fez o Canibal andar muito. Com 36 pés de comprimento (~11m), era um dos maiores da raia, e era natural que rendesse mais do que a maioria. As velas são da melhor qualidade. Pesava contra nós toda aquela capotaria armada no barco, mais um dingue (barco inflável) pendurado na popa (veja na foto acima), e a vela grande com a testa enrugada (veja mais abaixo). Largamos em último lugar e isso nos propiciou a grande emoção da regata. O Canibal estava poderoso com aquele vento, e ia comendo um por um à frente.

Quando começamos a ultrapassar os barcos que vinham mais atrás, me pareceu que eles estavam com problemas, e não que fosse mérito nosso ou do barco. Afinal, nossa auto-estima sempre ia para a sentina nas regatas. Depois de passarmos por três barcos, via-se claramente que o Canibal do Comte Andreas Bernauer também orçava mais do que os outros barcos à nossa frente. E assim fomos ultrapassando um a um por barlavento. Um deles, de quase 30 pés, ultrapassamos por sotavento, sobrando velocidade.

Todos os barcos estavam bem adernados. Tive que negociar o ângulo de inclinação do Canibal com a 'fotógrafa' a bordo, porque ela sofria muito com o barco adernado. Por isso os panos não estavam caçados como poderiam. A regata, diga-se de passagem, era "às brincas", mas o vento estava bem bom. Quando toquei o Canibal entre dois outros veleiros, por barlavento de um e por sotavento de outro, quase ao mesmo tempo, foi um 'gritedo da mulherada', bombando adrenalina a bordo. 'Olha o cara aqui desse lado. Acho que ele não nos viu, hein! Esse barco ta muito inclinado!Ta vendo aquele barco ali atrás da vela? Olha o outro aqui. Pra que isso? Ta muito perto!'. Que perto, que nada!. E o Andreas vá caçar os panos, dentro das possibilidades do berreiro.

Foi uma covardia aquela performance toda para aquela raia, para aqueles competidores. Dos aproximadamente vinte e cinco barcos que largaram, ultrapassamos uns 20, um logo depois do outro. Quanto aos demais, não ultrapassaríamos nem sonhando. Eram barcos de igual ou melhor performance que o Canibal, e com tripulações experientes em regatas.

Sem plano nem tática, cabia-nos apenas deixar o barco correr. Não atrapalhar o Canibal já seria uma boa tática. O fato de largar em última posição foi o que trouxe entusiasmo à nossa brincadeira porque nos propiciou todas aquelas ultrapassagens. A festa terminou quando tivemos a escota presa nela mesma em volta da catraca, dentre outras 'babadas' primárias, e que nos fizeram perder uns 5 ou 6 minutos para safar, no total. Com isso, alguns barcos que já havíamos ultrapassado, passaram por nós. Chegamos em 10º lugar, na geral, e 3º na classe. Um fiasco para um Delta36, claro, mas excelente para nossa tripulação.

O destino da regata foi a Ilha Chico Manuel, onde houve bonita confraternização até tarde da noite de sábado, com os participantes tocando, cantando e declamando, bem no estilo do pessoal do Veleiros do Sul. O domingo foi de pouco vento. Almoçamos a bordo, na costa norte da Ponta Grossa. O final de semana esteve excelente.


Fotos: Ricardo Pedebos


Veja fotos e vídeo do evento

Regata do Baton Vídeo 10 min c/cenas da regata e da noite na Ilha Chico Manuel (VDS)*
Paisagens 333 Fotos Vistas aéreas da Ilha Chico Manuel durante a Regata do Baton (VDS)

Barcos 406 a 410

Fotos Regata do Baton - Veleiros do Sul
Navegadores 337 a 344 Fotos Regata do Baton - Veleiros do Sul

 

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