Rio Grande - Florianópolis
Diário de Felipe Loss (Susto), de 05 a 13 Set 2004
(Rio Grande - Florianópolis)

Essa porcaria vai quebrar!
13/09/04 - Acordei às 06:30, tomei café, vesti os impermeáveis ainda molhados com apenas um blusão de lã direto no corpo para esquentar e tratei de arrumar tudo rapidamente para partir rumo a Floripa com vento leste fraco e chuva só pra variar um pouquinho. Às 8:25 soltei a poita e sai de Garopaba somente a vela com toda mestra e buja içados em contra-vento rumo a ponta que separa as praias da Guarda e Pinheira. Depois de algumas rajadas mais fortes em que tive que rizar a mestra o vento quase parou e tive que usar o motor até a chegada ao iate Clube de Santa Catarina. Um pouco antes de chegar ao través do morro da Pinheira o vento mudou de leste para leste/nordeste deixando o mar mais desencontrado ainda com as ondas remanescentes de sul, uma "maravilha" para quem usa motor de popa e este fica saindo d´água a toda hora. Me aproximando da barra sul da ilha comecei a observar as ondas a sotavento para ver se estavam quebrando no canal devido ao baixio que existe em frente ao mesmo.Vi apenas uma onda quebrando bem a oeste, em frente a pequena ilha do forte. Decidi seguir orçando até bem próximo da ilha de Florianópolis e depois entrar no canal arribando com o vento e conseguindo manter sempre o motor na água. Vento nordeste de través, velas mestra e buja em cima mais o motor com tudo, quando estava próximo do primeiro morro (nome) que tem uma casinha na ponta olhei para onda quase ao meu lado a barlavento e a achei cavada demais e em segundos começou a levantar borrifos da crista, como na praia com vento terral, e opa! - Essa porcaria vai quebrar! Olhei para sotavento e como a parede ia diminuindo arribei com tudo. Aquela onda quebrou bem ao lado do veleiro que mesmo assim adquiriu muita velocidade fazendo o casco vibrar. Foi a única onda que vi estourar naquele lado do canal durante toda minha passagem por ele mas foi suficiente para apartir dali passar mais tempo olhando para trás do que pra frente, sempre imaginando qual manobra evasiva fazer caso outra semelhante aparecesse. Depois do susto segui entre a ilha e o continente até chegar ao iate Clube em torno das 16:00 onde já era esperado sendo muito bem recebido. Hora de cumprir a promessa que havia feito a mim mesmo de só tirar a barba depois do início da viagem quando chegasse sozinho a Florianópolis. Sempre chovendo e sem poder abrir o barco para arejar e secar fiz a lista de coisas para fazer desde compras, revisões no barco, consertos de velas e equipamentos.

Precisava me segurar para não cair da cama
12/09/04 - Sempre chovendo e sem nenhum impermeável seco por dentro ou por fora a bordo, pus uma bermuda de tectel, meu casaco semi-impermeável forrado todo úmido mas quente direto no corpo e fui encher o bote inflável. Ao chegar na praia fui a um dos barracões de barcos falar com o cara apelidado de "Cebola ou Cebolão" que ofereceu a garagem para eu deixar o bote em segurança. Perguntei a ele onde eu poderia tomar um banho quente e ao sairmos para a rua ele disse - eu ia te levar até a pousada aqui perto mas pode tomar banho na minha casa que tenho pra alugar aqui perto. Ele também me ofereceu um completo e ótimo almoço. As pessoas que conhecem o mar sabem as dificuldades e privações que passamos e na maioria das vezes estão sempre dispostas a ajudar. Voltando a praia me foi oferecida uma poita (espécie de âncora fixa normalmente feita com um grande bloco de concreto enterrado no fundo do mar) pois o vento estava mudando para leste e as ondas na enseada deveriam aumentar em breve, diminuindo a segurança no ancoradouro. Confortavelmente e seguramente apoitado voltei a praia para ir a padaria e telefonar. Ao voltar para o barco estava tudo balançando com barco alinhado com o vento leste e ondas de nordeste pois contornavam a ponta da enseada fazendo o barco balançar muito lateralmente. Tratei de jantar e fui dormir antes das 21:00. Foi uma noite de péssimo sono e grande desconforto em que seguidamente precisava me segurar para não cair da cama devido ao balanço.

De Rio Grande a Garopaba em 75 hs
11/09/04 - O tempo foi passando e nada da visibilidade ou do vento melhorarem, muito pelo contrário, a partir das 04:00 o vento aumentou, as ondas cresceram e passaram a quebrar nas cristas com maior freqüência, os cochilos foram cancelados sendo necessário, por precaução e segurança, ficar sempre atento para tomar atitudes dinâmicas e evitar ondas quebrando pelo través (pela lateral do barco). Quando as ondas que quebravam na crista se aproximavam mais pela proa, sendo inevitável o contato com o barco, eu arribava para pegá-la pela popa com velocidade acompanhando-a, quando elas vinham mais de trás deixava o barco embalar de través e orçava na hora dela passar, evitando desta forma qualquer tipo de surpresas com o barco sempre na mão e ágil nas reações do leme. O dia clareou, as condições permaneceram iguais e comecei a me questionar se o barco teria derivado muito durante todo este tempo, caso afirmativo eu poderia estar em qualquer lugar no través da Ilha de Florianópolis e caso contrário talvez estivesse ainda próximo da barra sul. Mais um dia de chuva e claridade insuficiente para fazer o painel solar gerar energia para usar os instrumentos, plotar minha posição e poder tomar um rumo seguro para um abrigo. Eram mais ou menos 10:15 da manhã quando o vento acalmou um pouco e preparei tudo para subir a vela mestra na 2ª forra de rizo (a vela reduzida ao máximo) e talvez com maior manobrabilidade fazer pequenas investidas para próximo da costa para tentar identificar alguma praia conhecida. Ao terminar os preparativos rumando para o leste olhei para trás e vi a costa completamente descoberta entre uma brecha nuvens podendo identificar imediatamente as dunas do Siriu, o morro que o divide da Gamboa e a praia de Garopaba. Marquei imediatamente o rumo na bússola que dava acesso ao lado seguro da enseada de Garopaba, manobrei o barco para a direção desejada e rapidamente icei a mestra conforme preparado e as 11:30 já me encontrava ancorado em local abrigado do vento sul ao lado de algumas traineiras de pesca. Troquei as roupas de velejar encharcadas depois de 3 dias de uso no mar e chuvas constantes por outras secas mesmo com o interior do barco totalmente úmido, usei o resto da bateria do celular para avisar a família que havia chegado e tratei de rapidamente começar a preparar uma refeição descente, salada de cenoura ralada, penne ao molho de tomate com manjericão, salsichas e suco de pêssego. Exausto e alimentado, em torno das 13:45, não lembro exatamente, adormeci na única cama relativamente seca do barco ao som da chuva. De Rio Grande a Garopaba = 75 hs e 05 min velejando sem parar e (esqueci o controle de milhas no barco) MN percorridas.

Extremamente cansado e sem GPS
10/09/04 - Em torno das 08:30 dei um jaibe para aproximar da costa e do farol de Sta.Marta em ângulo favorável ao melhor desempenho do barco. Às 11:00 estava com 30 metros de profundidade e ao plotar minha posição percebi que havia orçado demais e me encontrava no través da barra de Uruçanga a apenas 2,5 MN da costa, dei outro jaibe afim de contornar a pedra do Campo Bom deixando-a por bombordo para então virar a proa direto para meu waypoint no través do farol de Sta. Marta. Desde cedo estava enfrentando ventos fracos com muita chuva que continuava a complicar a carga das baterias que já estava crítica. Para economizar energia elétrica e devido as dificuldades do popa com vento fraco e bastante ondas permaneci no leme quase todo o tempo, só ligando o piloto quando era inevitável. Às 13:15 assumi o rumo direto para o farol e as 16:30 o tinha pelo través no visual. Hora ideal para fazer contato com o Arpége e saber das condições de acesso da barra de Laguna. Informaram que não tiveram dificuldades e a condição das ondas estava razoável, ajudados pelo conhecimento local do Luizinho. Ao aproximar da barra às 17:45 com vento um pouco mais forte de SE não gostei do que vi, as séries de ondas quebrando em diagonal bem em frente da entrada do canal e eu apenas com motor de popa e mestra poderia ficar facilmente em dificuldades com pedras a sotavento. Mesmo sabendo que teria que continuar velejando a noite decidi seguir rumo ao porto de Imbituba ou Garopaba. Aproximadamente às 20:40 cheguei perto do porto de Imbituba com o farol do morro desligado assim como todas as luzes do mesmo e qualquer tipo de sinalização. Estranho um porto comercial sem nenhum navio e absolutamente apagado, nada. Com a noite escura, sem conseguir diferenciar o céu do mar e muito menos visualizar os molhes, acompanhado de uma garoa fina, decidi seguir para Garopaba, local que conheço bem ao contrário de Imbituba e Laguna. Acredito que devido ao cansaço depois de 3 dias e entrando na 3ª noite quase sem dormir comecei a ver coisas que não existiam como ilhas de pedras por trás da chuva em locais onde com certeza nada havia. Algumas vezes cheguei a conferir nas cartas náuticas e GPS para me certificar. Ao avistar a praia do Rosa com suas luzes em configuração bem característica as baterias do barco arriaram de vez me deixando completamente no escuro e sem os 2 GPS (o portátil que também funciona a pilhas e seria ideal para uma situação destas provavelmente com água dentro e o fixo sem energia). Sem alternativa e sem o waypoint preciso do parcel que existe bem em frente de Garopaba resolvi adotar a seguinte estratégia: ao passar pela praia do Silveira no visual mudar o rumo um pouco para longe da costa, abrindo o suficiente para ter certeza de livrar do parcel e fazendo o contorno bem aberto para também evitar as pedras do navio afundado que se encontram já do lado de dentro da enseada, sempre de olhos e ouvidos atentos para o brilho da espuma e o som da arrebentação sobre as pedras. Fazendo esta curva bem aberta evitaria todos os riscos da área e poderia chegar no ancoradouro costeando a praia de forma bastante segura. Mas como nem tudo é tão fácil, quando ainda avistava as luzes do Rosa pela popa e tentava identificar as próximas praias com seus contornos conhecidos seja pelas várias vezes que passei por aqui velejando ou pelos muitos verões de surf na região, mais ou menos as 22:45 entrou um forte vento de sul com muita chuva e rajadas. Neste momento eu já estava só de genoa e com a vela mestra ferrada na retranca seguindo lentamente para fazer uma navegação visual tranqüila e sem surpresas. Totalmente sem visibilidade e sem enxergar mais nenhum morro, seus contornos ou luzes e acompanhado de um mar que crescia rapidamente, decidi por segurança abrir para longe da costa. Comecei a velejar de través inicialmente com a buja rizada (reduzida) e logo depois já tive que trocá-la pelo tormentin (vela para temporal de cor laranja e extremamente robusta) rumo leste, como se fosse para África. Extremamente cansado e sem GPS não tive outra alternativa a não ser permanecer ao largo aé a melhora da visibilidade. Primeiro pensei que o vento forte não deveria durar mais do que uma hora sendo seguido de chuva e condições mais amenas o que permitiria fazer investidas rumo a costa para identificação de algum abrigo. Ledo engano, aquele vento sul que acredito tenha chegado a intensidade de aproximadamente 35 nós não só durou o resto da noite como toda madrugada e manhã do dia 11. Começava aí um longo jogo de paciência, bordos de 45 minutos para leste seguidos por outros na direção contrária até que as ondas começassem a ficar mais cavadas, sinal de que eu estava chegando próximo da costa devido a redução da profundidade e hora de dar um novo jaibe para o leste rumo a África. Fiquei no leme o tempo todo sem condições de fazer uma aproximação visual ou por instrumentos tendo sempre a mão lanterna e a lâmpada estroboscópica de salvamento para o caso de ter que sinalizar a minha presença para algum navio ou pesqueiro. O barco apresentou comportamento impecável para o seu tamanho diante de tais condições mantendo-se sempre sob controle e com reações previsíveis, adquirindo certa velocidade quando em través e quando mais orçado mantinha posição regular como que capeando, derivando um pouco e praticamente sem andamento em posição mais confortável. Nestas condições consegui dar alguns breves cochilos sendo sempre despertado por movimentos mais bruscos ou borrifos das ondas que se chocavam contra o costado. Numa condições destas apelei para a refeição mais calórica que tinha disponível para este tipo de situação, cereais com leite condensado, maçã e banana.

O GPS portátil parou de funcionar
09/09/04 - Às 08:30 me encontrava quase no través do farol da Solidão à aproximadamente 15 MN da costa sempre bem acompanhado pela chova e ventos favoráveis. Devido a praticidade repeti o almoço de ontem acompanhado de pão, suco e salame italiano. Ao final da tarde, em torno das 18:35 já me encontrava 32 MN da costa (devido ao ângulo favorável para obter o melhor rendimento do barco) no través de Tramandaí quando decidi começar a arribar um pouco para rumo ao farol de Sta. Marta e aproximar da costa. Um pouco antes de escurecer localizei no visual e contatei o Arpége que estava um pouco a barlavento a minha frente e também começava a aproximar da costa. Durante a noite com vento de no máximo 15 nós mantivemos boa velocidade em ¾ de popa com tudo em cima (mestra + buja sem rizos). Em torno das 20:40 meu antigo GPS portátil que costumo usar no cockpit parou de funcionar provavelmente devido a alguma infiltração de um dos muitos banhos de chuva que tomou. Restou apenas o panorâmico GPS fixo com charplotter de dentro da cabine que de tempos em tempos eu ligava para atualizar a navegação de forma rápida e precisa com sua tela grande. O único incoveniente é que para o meu caso específico, possui um consumo elevado de energia e já estava no final do 2º dia de navegada somente acompanhado pela chuva, sem nenhum raio de sol direto para alimentar de forma descente as minhas baterias pelo painel solar. Como possuía o Arpége bem na minha proa seguia sua luz de tope perdendo-o de vista apenas quando havia muita chuva. Segui toda a noite no leme para tirar o maior proveito do vento e porque o piloto tinha um pouco de dificuldade de manter a velocidade devido as ondas em diagonal pela popa. Havia uma outra razão também, devido ao uso excessivo e ao esforço o copinho que prende o pino do piloto ao convés descolou e começava a a sair do seu lugar. A cada aproximadamente 15 minutos era preciso tira-lo de operação para martelar o copinho de volta com a manicaca. Resumindo, estava sem um GPS e com o piloto a meio pau (Obs.: acredito que este problema só tenha aparecido agora pois pela 1ª vez o barco velejou tanto tempo em popa com piloto, condição que faz com que o mesmo mantenha seu braço em atuação constante, sempre compensando os desvios de rumo para um lado e o outro. Em SC terei que reforçar a instalação deste copinho e providenciar uma cola mais resistente apesar de ter seguido rigorosamente as instruções de fixação do fabricante).
No final da madrugada perdi definitivamente o meu referencial do visual e mantive o rumo até o clarear do dia seguinte.

Intervalos de 10 min de descanso enquanto o incansável piloto automático tocava o barco
08/09/04 - Partida da Z1 às 08:25 com vento S estimado de aproximadamente 20 nós na rajada. Percorri toda a parte do canal de Rio Grande que faltava a motor com vento contra e um pouco antes de sair dos molhes é que levantei a mestra . Saí da barra em contra-vento rumo a SE até abrir uma distãncia segura das pedras para então dar um jaibe e tomar o rumo desejado (dei um jaibe pois apenas com a mestra e muitas ondas cruzadas devido a barra era impossível cambar sem a ajuda de uma vela de proa para ajudar a cruzar a linha do vento). Segui num través orçado me afastando lentamente da costa com buja e mestra rizadas. A velejada estava bastante desconfortável devido às ondas cruzadas de remanescentes de nordeste e as recentes de sul fazendo o barco balançar muito. Único almoço possível foi um Cup Nudlles com a água da térmica estrategicamente aquecida antes de soltar as amarras na Z1. Tanto eu como o Arpége, que seguia um pouco a minha frente, seguimos orçados para ganhar altura em relação a costa e nos prevenirmos de um possível SE.
Permaneci por um longo período a uma distância da costa que variava entre 13 e 19 MN já sem o Arpége no visual que optou por uma rota ainda mais afastada da costa do que a minha. As condições de vento permaneceram estáveis diminuindo um pouco de intensidade e as ondas de NE sempre diminuindo só que agora acompanhado por pancadas de chuva. Durante a noite consegui fazer vários intervalos de 10 minutos de descanso enquanto o incansável piloto automático tocava o barco. Optei por intervalos curtos de descanso pois a visibilidade estava restrita devido a nebulosidade e chuva.

Dormir cedo para estar 100% amanhã
07/09/04 - Confirmadas as previsões de 4 dias de ventos favoráveis, arrumei tudo, banho, almoço no restaurante do Clube e as 16:00 parti do RGYC rumo a Colônia de Pescadores Z1 em frente ao TECON do outro lado do canal da barra de Rio Grande onde pretendo passar a noite para sair ao mar no 1º horário da manhã de amanhã. Amarrei o Equinautic a contra-bordo com o Arpége em um píer vago no meio das traineiras de pesca, cerveja e lanche com o Jorge e o Luizinho em um bar antes de dormir cedo para estar 100% amanhã.

A espera pelo vento Sul
06/09/04 - Mais espera, muita leitura, conversa com os amigos, lavar roupa, nova entrevista e festa no "Chalé do Porto" em comemoração ao Campeonato de Windsurf. As previsões de tempo continuam favoráveis com ventos de S / SE a partir de terça a noite. O vento sudeste me obrigará a velejar mais afastado da costa devido as correntes que empurram rumo a costa gaúcha a sotavento. Se o vento permanecer mais de S poderei velejar mais próximo da costa com segurança.

05/09/04 - Mais um dia de espera pelo bendito vento sul para partir de Rio Grande. A única novidade é que jantei e conversei muito com um velejador holandês parcialmente solitário de nome Gerardo que se integrou a nossa "flotilha" rumo a Florianópolis composta agora pelos veleiros Arpége, Buskra (não sei se assim que se escreve) e Equinautic. Ele projetou e construiu este barco de casco preto de 10 metros em aço com design clássico e conservador. A mais de um ano esteve no Brasil rumo ao sul, estreito de Magalhães e a costa do Chile no Pacífico. Agora está voltando com a intenção de permanecer mais tempo no Brasil incluindo tirar o barco da água para pintura geral e reparos devido ao longo tempo no mar.

Veja a rota do Felipe

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Conheça o sonho do velejador Felipe Loss

Churrasco em Florianópolis

 

 

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