Regata Buenos Aires - Rio de Janeiro, 1947
Um final emocionante!
Átila Böhm
05 Ago 2012 Os destinos Rio Grande-RS e Rio de Janeiro eram conhecidos pela flotilha argentina, de modo que o litoral brasileiro começou a ser considerado como um destino natural para uma regata de longa distância. Assim sendo, em 1945, Hipolito Gil Elizalde diretor da revista Yachting Argentina e a equipe do FJORD II, lançaram a ideia de organizar a Regata Buenos Aires - Rio de Janeiro (1.200 milhas).
A comissão organizadora, liderada por Hipolito Gil Elizalde e José Candido Pimentel Duarte, após 14 meses de trabalho conseguiu realizar a largada da regata. A imprensa argentina e brasileira deram amplo espaço para o evento. Houve grande apoio das Marinhas de ambos os países, tanto no patrulhamento da área da regata como no monitoramento dos participantes da regata. No dia 4 de janeiro de 1947, às 17 horas, largaram nove dos dez barcos inscritos (foto acima). Este foi um grande dia no porto de Buenos Aires, Dársena Norte, donde se podia ver um lindo espetáculo. As primeiras horas da regata foram de vento Nordeste fraco, com contravento na saída do porto. O VENDAVAL navegava na dianteira, mas após alguns problemas com as velas de proa e o vento aumentando de intensidade, às 20 horas o EOLO assumia a liderança e o VENDAVAL em segundo. Em uma hora o VENDAVAL o ultrapassava novamente.
No dia 7 pela manhã o VENDAVAL permaneceu encalmado perto a Ilha dos Lobos, em frente à Punta del Este, enquanto os barcos que navegavam próximos à terra aproveitavam um vento que soprava junto à costa, tendo assumindo a liderança o VAGABUNDO II, seguido pelo EOLO (na foto ao lado, antes da largada). Às 14 horas entrou um vento sul e foram içados No dia 9, o vento acalmou e com uma aragem, o VENDAVAL navegou até a Pedra do Campo Bom, a poucas milhas ao Sul do Cabo Santa Marta. No dia 10, após montar o Cabo Santa Marta, o navio de guerra da Marinha Argentina MURATURE aproximou-se do VENDAVAL para informar que estavam a 45 milhas a frente do ALFARD e do EOLO, que navegavam lado a lado. No dia 11, de pouco progresso pelos ventos fracos, veio a notícia de que o EOLO havia dado o bordo para o mar, estando a 65 milhas da costa, e o ALFARD escolhera o bordo de terra. Por isso a decisão a bordo do VENDAVAL foi de procurar um rumo mediano, já que não poderia marcar seus adversários, que escolheram estratégias opostas. No dia 12, o VENDAVAL, o ALFARD e o EOLO estavam praticamente à mesma distância da chegada. O ALFARD por terra, o EOLO afastado da costa, e o VENDAVAL pelo centro. Às 22 horas, segundo reporte do navio da Marinha do Brasil BERTIOGA, o VENDAVAL (na foto ao lado chegando ao Rio de Janeiro) navegava bem com vento Nordeste. No dia 13 o vento varia de intensidade, de fraco a moderado, e as posições se alternam. No dia 14, na madrugada, o vento ronda pra Noroeste aumentando de intensidade. O ALFARD por terra, próximo a Ilhabela, e o VENDAVAL afastado da costa. No dia 15, às 04 horas, segundo o relatório do navio da Marinha do Brasil BERTIOGA, o ALFARD (foto ao lado, entrando na Baía de Guanabara) encontrava-se 5 milhas atrás do VENDAVAL, próximos ao Rio de Janeiro. Às 09 horas o VENDAVAL entra na Baía da Guanabara, seguido a 300 metros pelo ALFARD. Escoltando os dois veleiros estavam os navios de guerra da Marinha Argentina MURATURE e o GOIANA da Marinha do Brasil. O ALFARD diminuía a distância para seu adversário e, em uma manobra estratégica, forçaram a proa do VENDAVAL para a Ilha da Boa Viagem na costa de Niterói. Na última manobra do percurso, o ALFARD, de 50 pés de comprimento, bem mais leve e com sua tripulação treinada em manobras de regata, executa o jibe com precisão. O VENDAVAL, com 65’ de comprimento e seu balão de quase Assim terminou a primeira regata Buenos Aires – Rio de Janeiro, com o ALFARD fazendo fita azul e primeiro lugar em tempo corrigido. Sua tripulação foi formada por Filipe Justo (comandante), Claudio Bincaz, Benito de la Riega, Humberto Machiavello, Jose H. Monti, Hercules Morini, Alberto Suñer, Fernando Soriano e Hugo V. Tedín (na foto ao lado, Duarte cumprimenta Justo, no Rio). Barcos participantes e suas tripulações |
Resultado da Regata BsAs - Rio 1947
COL | NUMERAL | BARCO | LOA | ANO | COMANDANTE | CLUBE | PROJETISTA / ESTALEIRO | TEMPO |
1 (Fita Azul) | A 22 | ALFARD | 51 | 1942 | Felipe A. Justo | YCA | Frers | 10 17 40 40 |
2 | A 9 | VAGABUNDO II | 42 | 1945 | Eberardo Schweizer | YCA | Frers / Astillero Domingo Cattani | 11 06 35 21 |
3 | BL 3 | VENDAVAL | 65 | 1942 | Jose Candido Pimentel Duarte | ICRJ | S & S / Brazilian Coal Rio | 10 17 42 12 |
4 | A 115 | CANGREJO - Nataly (Bra) | 40 | 1944 | Enrique Salzman | YCA | Frers | 11 18 37 46 |
5 | A 47 | BALUMA | 39 | 1947 | A. Rodriguez Etcheto | Niel Sorensen Viale | 11 19 48 16 | |
6 | A 25 | EOLO - Maracaibo | 47 | Juan Carlos Lonne | 11 08 50 30 | |||
7 | A 53 | GIPSY III | 43 | 1945 | Antonio Recupero | YCA | Frers / Astillero Domingo Cattani | 11 19 51 26 |
8 | A 141 | FJORD III | 50 | 1947 | German Frers | YCA | Frers | 11 18 51 17 |
DNF | A 146 | CEASAR | 38 | 1946 | Roberto Hosmann | Roberto Hosmann | ||
DNF | BL 4 | DON PEDRITO | Gustavo E. Oliveira Borges |
Disputa acirrada no litoral paulista
Depois de 1.200MN navegadas, a vitória por 1 minuto e meio
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