21 Set 2004
No
dia 18 de setembro corrente, eu, Charles Berçot, juntamente com o
Adriano Becker, em um Guanabara(Ibaré) e, a reboque, um O'Day 12(Beluga),
cruzamos a Lagoa dos Patos em direção ao farol Cristóvão
Pereira, saímos as 9:45 do dia 18 e chegamos ao outro lado(atracamos)
as 16h15mim, exatamente 6h30min de travessia, muito tranqüila, apesar
da fome, o que nos ansiava para chegada e o início do almoço. Por volta das 18/19h chegou o bote
Tiazinha, com a seguinte tripulação: Fernando e Rodrigo Becker,
irmãos do Adriano, mais três amigos, o Fofo, Dani e o Rodrigo
Frans, saíram de Arambaré as 14 horas do mesmo dia. Nós com os veleiros acampamos
na revessa, por vez que nosso acampamento era o Ibaré, os demais
tinha que acampar no mato de pinos, as uns 800m de nossos barcos, e, do
outro lado de onde estávamos atracados, usávamos o Beluga
para travessia entre o acampamento do Tiazinha e nossos barcos.
No domingo dia 19, pela manhã, resolvemos fazer um rapel no farol, o que conseguimos com facilidade, lá chegando fomos a exploração, ao subir no farol nos deparamos com a placa solar, caída e com um dos fios de alimentação solto, fizemos o conserto da melhor forma que nos possibilitou e fixamos novamente a placa solar. Ao descer do farol, subimos apenas 4 dos 7 que lá se encontravam, os demais não se arriscaram, fomos preparar o almoço, um churrasco, que lá pelas 14 já estava pronto, após almoçarmos resolveu-se voltar a Arambaré, até por que o dia seguinte prometia ventos fortes, chuvas e sabe-se lá o que mais. Levantamos acampamento, no nosso caso, eu e o Adriano era muito fácil, basicamente juntar os ferros e ir embora, o pessoal tinha que desmontar o acampamento e carregar o Tiazinha.
Lá pelas 16h, já tarde para travessia, saímos, quando uma pessoa, que neste momento não sei informar o nome, encontrava-se de automóvel no pé do Cristóvão Pereira, chamou as embarcações que ali estavam de saída, momento no qual respondi pelo canal 16. Este senhor que é de Rio Grande, e estava com a família fazendo um passeio, informou que em Rio Grande havia se armado um temporal, com chuvas e ventos, o que poderia a qualquer momento chegar pelas aquelas bandas, ou seja poderia nos apanhas no meio da travessia, o que seria um dissabor para todos, e sabe-se o que poderia acontecer, resultado, desistimos da travessia e voltamos, todos ai, veleiros e botes, para o local onde estávamos(veleiros), pois que os tripulantes do Tiazinha não tinham mais a intenção de montar acampamento, ia se acomodar no bote mesmo.
De volta ao "porto", no Tiazinha montou-se uma proteção, que não funcionou muito quando a chuva e o vento sul chegou, mas foi providêncial para o preparo da massa com carne moída, pois após a ultima garfada, quando todos já estavam satisfeitos, alimentados, a chuva veio com intensidade tocada pelo vento sul, que após alguns longos minutos, bateu com força em uma virada definitiva o que nos parecia bom, pois prometia bom vento para segunda-feira, dia final do feriado, sendo que todos tinham compromisso para a terça-feira, dia 21. 20 20Eu e o Adriano dormimos com bebês, secos e quentes no Veleiro Guanabara Ibaré, o pessoal do Botão Tiazinha, não tiveram a mesma noite, pois, apesar de enveloparam-se com lonas, molharam-se e passaram uma noite de cão.
O amanhecer do Tiazinha foi cedo, 5h, e nos acordaram, querendo saber nossa programação, se sairíamos com eles para travessia, eu e o Adriano nos bastamos a continuar deitados, foi quando o comentarias da rádio Gaúcha "Cleo Khlun", informava que o tempo na parte da tarde seria pior que a manhã, o que bastou para que eu e o Adriano decidíssemos em levantar ferro e partir com a tripulação do Tiazinha, o que foi uma péssima decisão.
Tudo arrumado, 6h 6h30 mais ou menos, saímos, o Adriano acabou por ser contra a saída devido ao forte vento sudeste, e altas ondas, mas mesmo assim fomos, bote Tiazinha rebocando o Ibaré e por vez rebocava o Beluga, este último que dançava muito, foi carregado com uma bateria automotiva, uma caixa térmica termolar, o leme do próprio, um bujão de GLP, 2kg, e também ficou minha vara de pescar montada com uma carretilha. Saindo, a aproximadamente, uns 700 a 800 metros da praia, o Beluga indo e vindo em ziguezague, fez menção de tombar, o que me assustou, eu e o Adriano encontrávamos no Ibaré, eu ao leme e o Adriano arrumando os panos, para assim que o Tiazinha nos deixasse, seguirmos o rumo de Arambaré.
O susto, o Beluga deita a boreste e uma onda o faz virar com o material, já descrito, sendo jogado para fora, os que não tinha sustentação foram ao fundo, ou seja somente o liquinho e a caixa térmica boiavam, os quais seguiram para o noroeste, e, sabe-se lá onde foram parar, o leme do Beluga, a vara de pescar, a bateria(que os ambientalistas não leiam a matéria), estes foram ao fundo, e para o meu desespero vi o Beluga virando totalmente, e, com as ondas altas e fortes ventos, me pareceu ser o fim do mastro do Beluga, mas, sendo que nos encontrávamos no fundeador do Cristóvão Pereira, com profundidade entre 6 e 10 metros, o mastro não encostou no fundo, assim, fui trocar de roupa, por o neopreme e entrar na água fria daquela manhã, muita chuva já estava a nos castigar. O que fazer? Qual o rumo tomar, após desviar o Beluga, fomos nos abrigar após o banco, na frente do Farol, onde resolvemos que o pessoal do Tiazinha iria tentar voltar por terra, e eu e o Adriano ficaríamos a esperar tempo bom. Voltamos, 9h já estávamos atracados novamente, 11h chegou uma rural de Mostardas levando toda a tripulação do Tiazinha, deixando eu, o Adriano, três barcos, e duas labradores, os quais eu ainda não tinha reportado.
Onze e trinta partiram os 5, eu e o Adriano molhados até os ossos, eu ainda com o neopreme, o Adriano já nu no barco com o lampião acesso para se aquecer, tomando um café quente, pois não agüentou o frio, não estava com roupa apropriada, assim terminei de envolver o Ibaré com uma lona e fazer um cabana com a retranca sobre o "cocpit", e após tirar o neopreme, o que me causou um frio, coloquei roupa quente, comi como almoço um saco de biscoito, e nos pusemos a dormir, eu estava muito cansado, havia feito muita força para desviar o Beluga, a ancora havia se enroscado no mastro. Vamos ao final da aventura, as 14h, o pai do Adriano, Pedro Becker, PU3TNT, nos acordou chamando no rádio, havíamos deixado em uma freqüência de contato com as casa, já havia contatado minha esposa, Débora, que se encontrava em Arambaré, sempre junto ao rádio para alguma eventualidade. Bom, o Pedro nos acordou as 14h, interrogando se iríamos fazer a travessia, pois que o tempo em Arambaré era estável.
Eu e o Adriano acordávamos naquele momento, sendo que nossa resposta dependia de olharmos como estava o tempo no Cristóvão Pereira, o que fiz, e, me deparei com uma calmaria dentro do fundeadouro, e prontamente falei para o Adriano se vamos, não percamos tempo, devemos sair neste momento, com o que concordou. 20 20Eu, marinheiro de primeiríssima viagem, comecei a navegar no final do verão passado, quando comprei um mgnum 422 e posteriormente o ODay12, o Adriano também, adquiriu o Ibaré a uns dois anos, veio de Rio Grande com o antigo dono, posteriormente trouxe o Tiazinha de São Lourenço do Sul, com o antigo dono um pescador, havia levado o Ibaré para Pelotas, atracando na eclusa, sua moradia enquanto estuda na UFPEL, e o trouxe novamente no final do verão passado.
Não consegui por a funcionar o motor no Tiazinha, o que o Adriano teve que faze-lo, com o Beluga no reboque pus-me a sair, o Adriano, com o Ibaré tocado com o motor do Beluga, um Suzuki de 2,2hp, foi indo, pois estava um espelho a lago. Já naLagoa, eu bem assustado, minha tripulação as cadelas labradores, só vi na saída quando as tapei com uma lona, e posteriormente as 20horas, já totalmente atracado em Arambaré, quando criaram coragem de por os focinhos para fora. O Adriano me passou um GPS e um rádio base, por vez que só tinha um HT, o qual a bateria não sabia o quanto iria durar. Tinha receio, de por qualquer motivo perder o Adriano de vista, e não saber o rumo ou ainda o rádio não funcionar mais e ficar sem saber o que fazer, em um barco que nem o motor consegui fazer funcionar(o que no aperto certamente iria aprender- aperto o qual não queria passar).
Faltando uns 18km para chegar em Arambaré avistei o Banco Dona Maria, que felicidade, terra a Oeste, terra a Leste, só estando lá para ver a cessação de segurança. As 19h, já não se enxergava mais nada, ainda tínhamos que cruzar o farolete de Arambaré, sem que o abalroássemos, foi o penúltimo stres, o último foi acertar a barra da entrado do Arroio Velhaco, e chegar ao Clube Náutico Arambaré. Em resumo foi a maior aventura de minha vida, com grandes aprendizados, e uma idéia de que nunca mais iria conhecer o Cristóvão Pereira, via navegação, o que não é verdade, estou louco para programar outra travessia, de preferência quando a meteorologia não indicar ventos, chuvas e temporais para o dia marcado para o retorno. Charles Rodrigues Berçot (Veleiro Beluga - CNA)Texto e fotos encaminhados ao site por e-mail.
Saiba mais sobre o Farol Cristóvão Pereira:
O
Farol Cristóvão Pereira
Quem
foi Cristóvão Pereira?
Um
tal Cristóvão Pereira
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