Conta todas, vovô
Jorge Vidal

Recepcionando o Tamboti

Na tarde de 19 de abril de 1982, chegou à sede do Veleiros do Sul, em Porto Alegre, o iate de bandeira americana Tamboti, procedente de Punta del Este, com passagem pela cidade do Rio Grande. O Tamboti é um veleiro de fibra de vidro construído na África do Sul, com equipamentos, aparelhos e armação de procedência inglesa e australiana. Trata-se de um Compass 47 pés, de autoria de um desenhista italiano.

O Tamboti havia realizado a regata da Cidade do Cabo, na África do Sul, até Punta del Este, via Ilha da Trindade, no Brasil. Pretendiam velejar para os Estados Unidos, até Seattle, no Estado de Washington, na divisa com o Canadá, costa oeste americana. A família do comandante iria fixar residência nesse local. Pretendiam velejar por toda a costa brasileira, visitando todos os portos.

A bordo, o Dr. Luthero Te Green, médico ginecologista, sua esposa, Dra. Elizabeth Te Green, médica cardiologista, seu filho eng. Peter Te Green, com a jovem esposa, Phelippe Te Green, de nacionalidade filipina, e a Sra. Lilly Von Graenenitz, esposa do cônsul uruguaio na cidade do Cabo, que, entretanto, não se encontrava mais a bordo. Havia retornado à África do Sul. A Sra. Lilly nos ajudava nas traduções.

O comandante Lutero aproveitou sua estada no Veleiros do Sul para, utilizando o guincho do clube, limpar e pintar o fundo do barco. Não imaginava que encontraria tal tipo de equipamento num clube do sul do Brasil. Ficou deveras surpreso e, mais do que isso, satisfeitíssimo.

A tripulação do Tamboti foi recepcionada aqui no sul com jantares na minha residência e na do amigo Geraldo Linck.

O comandante Gilberto Venturella os acompanhou de carro à Serra Gaúcha. Ficaram realmente encantados com a acolhida do pessoal aqui no Sul e com a infra-estrutura das cidades gaúchas.

Resultado: fomos convidados pelo comandante Te Green a velejar com eles até Florianópolis. Queriam que fôssemos até Seattle, mas... Na passagem por Itapuã filmaram tudo. Atravessamos tranqüila e lentamente a Lagoa dos Patos, ancorando em diversos lugares. Após três dias, chegamos à cidade do Rio Grande.

No Rio Grande encontraram o veleiro Jambo, de bandeira alemã, que também tinha participado da regata Cidade do Cabo / Punta del Este. Confraternizamos com o pessoal do Jambo, a bordo do Tamboti preparei uma janta com camarões ao alho e óleo e ao bafo. O vinho era da África do Sul, excelente, por sinal. Numa outra oportunidade, durante a velejada, preparei um arroz de carreteiro com charque de Bagé. Ficaram encantados com esse prato gaúcho. Levaram a receita. O difícil para eles será encontrar o charque...

Como resultado da relação estabelecida, o pessoal do Jambo, animado pelos comentários da família Te Green, veio até Porto Alegre, passando alguns dias no Veleiros do Sul, em confraternização com a colônia alemã, a nata do clube.

Após a estada em Florianópolis, o Tamboti seguiu viagem pela costa do Brasil, Caribe, Canal do Panamá e costa oeste dos Estados Unidos. Freqüentemente nos mandavam notícias, até sua chegada em Seattle.

O esporte da vela é veículo de muitas amizades. Onde você estiver, se for em alguma cidade onde haja Yate Clube ou marina, nunca estará sozinho.

O Mokay no caminho do cometa Halley

 

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