Piratas no Porto do Barquinho
Veleiro invadido na Lagoa dos Patos
Abrahão Galbinski

10 Dez 2005
Pois companheiros de navegação, a globalização chegou à Lagoa dos Patos. Os fatos que passo a relatar comprovam isso. Recentemente empreendi longa navegada com o Da Vinci II, Brasília 32 pés e 1,40m de calado, pela Lagoa dos Patos, Canal São Gonçalo e Lagoa Mirim até Jaguarão, retornando por Rio Grande onde escalamos por alguns dias, usufruindo do calor da amizade de companheiros dos clubes locais: Veleiros Saldanha da Gama, Iate Clube de Jaguarão e Rio Grande Yacht Club.
Em 18 de Novembro pp, juntamente com meu velho companheiro de muitas navegadas Williams Ribeiro do RGYC, largamos de Rio Grande com destino à Porto Alegre, Clube dos Jangadeiros.
Decidi refazer o caminho de volta pelo antigo Canal da Várzea, rota dos antigos ceboleiros de São Lourenço, antes do advento do atual canal dragado utilizado nos últimos anos.
Superada a dificuldade criada pelo grande número de estacas e redes de pescadores, por vezes verdadeiro labirinto e favorecidos pelo vento SE, pernoitamos no Saco do Rincão.
Ao amanhecer do dia seguinte, sábado, depois de deixarmos a Ponta dos Lençóis, rumamos direto ao Porto do Barquinho, onde chegamos ao entardecer, fundeando na bacia de entrada, com 3m de profundidade.
Após contato via celular com pessoas amigas residentes nas imediações (casal Adriano e Luciani), fomos convidados para um churrasco de ovelha que havia sido carneada especialmente.
No dia seguinte, Domingo pela manhã, chegamos à praia por meio do nosso inflável e após colocarmos o mesmo na caçamba da camionete dos nossos anfitriões, rumamos à sua residência , onde fomos recebidos com muita fidalguia.
Após um dia belíssimo de convívio amistoso, retornamos ao Porto do Barquinho pelas 17:30hs. Ao chegarmos a bordo e abrirmos o cadeado da gaiuta principal, constatamos que o barco havia sido visitado por larápios. O painel a bombordo da mesa de navegação havia sido quebrado e de lá, arrancado o rádio CD estando expostos os fios cortados grosseiramente. Simultaneamente, Williams constatou o desaparecimento de seu celular.
O estranho é que não notamos a ausência de nenhum outro objeto, dos vários e mais importantes que lá se encontravam.
Ainda sob o impacto do sucedido, encontramos o rádio no fundo do beliche atrás da mesa de navegação e, logo após, o celular sobre algumas roupas. Discutindo a respeito lembramos que, na volta do passeio, havíamos visto um carro nas imediações do Porto, com placas de Mostardas, dirigindo-se a um pequeno mato próximo , o que foi interpretado com naturalidade, já que a área é ocasionalmente visitada por locais.
Chegamos à conclusão que um dos ocupantes daquele veículo atravessara a nado a pequena distância que separava o Da Vinci da praia, subira pela escada de popa que estava desdobrada, chegara ao cockpit e, levantando o assento de BB, entrara na cabine central pelo beliche de popa. Pressentida a chegada de nossa camionete pelos que haviam permanecido em terra (eram dois casais) e por eles alertados, desfizera—se dos objetos furtados e fugira.
Fora os danos materiais que foram de pouca monta, restou um profundo sentimento de frustração pela conspurcação de um local paradisíaco, freqüentado há anos por tantos velejadores, local de destino e escala da costa leste da Lagoa dos Patos.
Com este relato, que de forma alguma deve ser considerado alarmista, faço uma conclamação a todos para que continuem visitando aquele local mas não abandonem a embarcação e tomem medidas cautelares de segurança.

Fotos Danilo Chagas Ribeiro, do arquivo do popa.com.br

Assunto relacionado: Velejando com o Mestre

 

Envie seus comentários ao popa.com.br:

Seu e-mail:



CLICK APENAS UMA VEZ